Topo

Pole Position

Queda de receita por covid deixa equipes da F1 'reféns' de pilotos pagantes

Corridas como o GP de Portugal geraram menos receita que o normal para a F1 - Pool/Getty Images
Corridas como o GP de Portugal geraram menos receita que o normal para a F1 Imagem: Pool/Getty Images

Colunista do UOL

06/11/2020 08h44

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A situação financeira dos times menores da Fórmula 1 e até a capacidade de investimento dos grandes estão abaladas pela expectativa de ganhos bem menores neste ano de pandemia. Mesmo conseguindo fazer o campeonato, com 17 das 22 provas inicialmente previstas, é impossível ter o mesmo tipo de retorno financeiro, e estima-se que a receita vinda dos detentores dos direitos comerciais da categoria seja até 50% menor.

As contas divulgadas pela Liberty Media apontam para ganhos na casa de 597 milhões de dólares entre julho e setembro, um pouco menos que os 633 milhões do mesmo período de 2019. No entanto, ao invés de sete corridas, a F1 fez 10 provas no período neste ano, então os gastos também foram maiores. Assim, o balanço operacional apontou perda de 104 milhões para o período, contra um lucro de 32 milhões do ano passado.

Estes números são afetados pelo que é ganho com as taxas cobradas junto aos promotores, que são muito mais baixas neste ano porque a grande maioria das corridas não tem público (em alguns casos, como na Inglaterra, foi a F1 quem pagou para realizar a prova), e também sofre pela renegociação de contratos de TV e de publicidade. Outra fonte de renda muito importante da F1 são os ingressos VIP, com acesso ao paddock, que não foram comercializados na grande maioria das provas.

Neste período a Liberty Media também gastou mais porque fez pagamentos que somam 440 milhões de dólares às equipes entre julho e setembro (mais do que 335 milhões no mesmo período no ano passado), mas as equipes não têm por que se animar: trata-se do pagamento de taxas pela assinatura do Pacto da Concórdia, contrato que sela sua participação no campeonato até 2025.

No ano, no geral, espera-se uma queda muito significativa nos repasses feitos às equipes justamente porque eles estão diretamente ligados aos percentuais do que a F1 fatura como um todo.

E os números relativamente baixos até mesmo após o campeonato finalmente começar mostram o porquê dessa expectativa de queda. O primeiro trimestre, é claro, foi bastante ruim, com queda de 84% na arrecadação em relação ao ano passado. E, de abril a junho, a receita foi de apenas 24 milhões de dólares, contra 620 do mesmo período de 2019.

É por estes números que, em que pese o pagamento pelo Pacto da Concórdia, a expectativa é de uma arrecadação muito menor que o normal. E isso tem um efeito direto no mercado de pilotos: especialmente para equipes que têm menos dinheiro vindo de patrocinadores ou que não têm grandes corporações como Mercedes ou Renault por trás, a dependência do dinheiro trazido pelos pilotos aumenta.

A Haas é uma das equipes atingidas em cheio e, até por isso, o chefe Guenther Steiner reconheceu que o time deve apostar mesmo em dois estreantes. "Ainda não decidimos isso, mas é algo que entra facilmente nos meus pensamentos. Discutimos os riscos e as oportunidades para a equipe."

mick schumacher - Peter Fox/Getty Images - Peter Fox/Getty Images
Mick Schumacher, filho de Michael Schumacher, deve estar no grid ano que vem
Imagem: Peter Fox/Getty Images

Os estreantes seriam Nikita Mazepin e Mick Schumacher. Enquanto Schumacher traz consigo o apoio da academia de pilotos da Ferrari, Mazepin poderia trazer um forte aporte financeiro vindo de seu pai, um bilionário russo do setor de energia, inclusive com a possibilidade de comprar a equipe no futuro

A Haas não é a única: as conversas entre Williams e Sergio Perez, mesmo com os dois pilotos atuais sob contrato para 2021, também têm a ver com questões financeiras. E um contrato vantajoso para a equipe também foi importante para a permanência de Antonio Giovinazzi na Alfa Romeo.

A F1 aprovou um teto orçamentário de 145 milhões de dólares para o ano que vem e estuda limitar os valores dos salários dos pilotos, mas estas são duas medidas que acabam não atingindo a maioria das equipes, cujos orçamentos ficam abaixo disso.