Circuitos substitutos de 2020 ficam de fora de calendário, mas podem voltar
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Imola, Portimão, Mugello, Nurburgring e também o palco da corrida deste final de semana, Istanbul Park, na Turquia. Todas estas pistas que não estavam, originalmente, no calendário da Fórmula 1, acabaram sendo adicionadas depois que todos os eventos fora da Europa e Oriente Médio foram cancelados em decorrência da Covid-19. E todas propiciaram boas provas até aqui e demonstram interesse em voltar a integrar a temporada. Mas nenhum está na lista de 23 GPs do calendário de 2021.
"Há muitas pistas boas disponíveis para a F1, é só a gente não continuar teimando escolher as erradas", alfinetou Sebastian Vettel durante a estreia da categoria no circuito do Algarve, em Portugal, construído em 2008, mas que nunca tinha sido palco de um GP. Mugello foi outra pista que estreou e gerou uma corrida traiçoeira para os pilotos pela combinação de curvas de alta velocidade com áreas de escape de brita. A maioria dessas pistas "novas" no calendário, inclusive, tem mais áreas de escape desse tipo do que as asfaltadas, que penalizam menos os pilotos que erram. "É exatamente disso que a gente precisa para tornar os circuitos espetaculares novamente!", destacou o espanhol Carlos Sainz.
Da parte dos promotores, também está claro que há o interesse de voltar de vez ao calendário, mas a declaração do chefe da pista alemã de Nurburgring, Mirco Markfort, é mais realista. "Claro que vamos tentar manter a F1 no futuro, mas isso também depende das condições gerais do mundo - corona ou as consequências econômicas da pandemia. Portas podem se abrir, mas é apenas especulação."
Mas por que estas pistas têm poucas chances de voltar ao calendário mesmo tendo gerado boas provas e agradado aos pilotos? O modelo de negócio da F1 envolve a cobrança de taxas milionárias para cada GP receber a categoria. Na Europa, os promotores pagam (à exceção de Mônaco) cerca de 20 milhões de dólares por ano e, fora do Velho Continente, dificilmente a F1 cobra menos de 30, podendo até dobrar esse valor em GPs como Rússia, Azerbaijão, Abu Dhabi e Vietnã, que deveria ter recebido sua primeira corrida neste ano. Essas taxas respondem por cerca de um quarto de toda receita anual da F1.
É um dinheiro que vem, em grande parte, da venda dos ingressos, então a Liberty Media teve de abdicar das taxas de promoção altas para conseguir levar o campeonato de 2020 adiante em meio à pandemia, focando receber das outras fontes de renda - os contratos de TV e de patrocinadores - aceitando que a receita total seria, obviamente, muito menor.
Mas essa não é uma solução sustentável a longo prazo. Quando a pandemia não afetar mais o calendário, as pistas que podem pagar mais voltarão a fazer parte da temporada. Além disso, há obviamente contratos a serem cumpridos (as provas que não foram realizadas ganharam uma extensão automática de um ano em seus contratos, que são geralmente de 5 a 10 anos.
A questão é que não se sabe como a situação estará em março do ano que vem, quando o campeonato de 2021 deve começar. No plano divulgado pela Liberty Media, a ideia segue sendo fazer a primeira prova na Austrália, embora o governo local tenha divulgado que é improvável que as fronteiras internacionais estejam abertas antes do final de 2021. Este é um bom exemplo: a F1 poderia ter uma isenção de esporte de elite para viajar, mas a questão é se o evento teria fãs e condições de bancar a taxa do promotor, caso contrário financeiramente não faz sentido a F1 ir até o país.
Então, quaisquer restrições que impeçam o pagamento dessas taxas aumentam as chances de as provas europeias que foram usadas como substitutas sigam por pelo menos mais um ano no calendário, já que o custo é menor e a possibilidade de levar os equipamentos por terra diminui a dependência de políticas dos países em relação ao tráfego aéreo.
Outra aposta dos organizadores dessas provas é que os GPs que têm contrato não consigam honrar os pagamentos devido a consequências econômicas da pandemia, obrigando a Liberty Media a buscar, novamente, alternativas.
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