Topo

Pole Position

Mais da metade do grid da F1 já foi para o pódio em 2020, recorde em 8 anos

Vettel (esq) e Perez (dir)  foram os últimos a se juntarem ao time de 12 pilotos que foram ao grid em 2020 - Pool/Getty Images
Vettel (esq) e Perez (dir) foram os últimos a se juntarem ao time de 12 pilotos que foram ao grid em 2020 Imagem: Pool/Getty Images

Colunista do UOL

20/11/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Lewis Hamilton pode ter conquistado o heptacampeonato com três corridas de antecipação na temporada em que obteve o maior domínio na carreira, mas atrás dele a disputa na Fórmula 1 vem sendo marcada pelas surpresas. E isso é comprovado por um número: em 14 provas disputadas, 12 pilotos diferentes, ou seja 60% dos pilotos do grid, já subiram ao pódio.

É apenas a segunda vez em mais de 10 anos que a F1 tem mais de 10 pilotos diferentes no pódio em uma temporada. E o campeonato de 2020 está sendo mais curto, com 17 provas ao invés dos 19 a 21 GPs de um ano sem pandemia.

Em 2012, 13 pilotos diferentes subiram ao pódio em 20 etapas, então ainda dá tempo de 2020 bater essa marca e alcançar, talvez, os 14 pilotos diferentes no pódio de 2008. Nos últimos anos, mesmo com temporadas com pelo menos 20 provas, foram apenas oito pilotos no pódio em 2019 e sete em 2018 e 2017.

Além de Hamilton, subiram ao pódio neste ano Valtteri Bottas, Max Verstappen, Charles Leclerc, Lando Norris, Carlos Sainz, Lance Stroll, Daniel Ricciardo, Pierre Gasly, Alex Albon, Sergio Perez e Sebastian Vettel. Os dois últimos foram ao pódio no domingo, no GP da Turquia.

Vettel, inclusive, tinha conquistado ao menos um pódio desde sua primeira temporada completa na Fórmula 1, em 2008, mas vinha longe das primeiras colocações em 2020. Na Turquia, uma largada e primeiras voltas excepcionais, que o levaram do 11º para o terceiro lugar, o ajudaram a conquistar a terceira colocação, embora ele estivesse em quarto posto até a última volta, quando se aproveitou de uma escapada do companheiro Charles Leclerc, que disputava com o segundo lugar Sergio Perez, mas caiu para quarto.

Explicação passa pela Ferrari e pela pandemia

gasly monza - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Pódio mais adeatório foi na Itália, com Gasly (foto) vencendo, Sainz em segundo e Stroll em terceiro
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

É difícil pensar em uma motivação puramente técnica para isso. É um fato na história da F1 que, quando o regulamento técnico se mantém estável, a tendência é o rendimento das equipes ficar mais próximo entre si, mas não é isso que se viu com a Mercedes em 2020. Um fator que certamente contribuiu foi a queda da Ferrari, transformando o que era um trio de times grandes em uma dupla - Mercedes e Red Bull. E um dos pilotos da Red Bull, Alex Albon, vem tendo um ano muito ruim e só foi ao pódio uma vez.

Isso abre a chance para os times do segundo pelotão beliscarem pódios - e até uma vitória, como aconteceu com Pierre Gasly no GP da Itália. E esse segundo pelotão é extremamente competitivo, então não é sempre o mesmo piloto ou a mesma equipe que conseguem aproveitar a chance.

É um cenário bem diferente em comparação com 2012, que teve um início com resultados bastante aleatórios, depois de uma temporada de domínio da Red Bull em 2011, porque os times não conseguiam se entender com os pneus, que tinham mudado de uma temporada para a outra. Neste ano, os pneus são exatamente os mesmos de 2019, na primeira vez que isso acontece na F1 de 2010 para cá.

Se os pneus não são um fator para variar os resultados, a Covid-19 certamente é. É uma temporada que tem testado o limite de todos na Fórmula 1: o calendário ficou muito mais apertado, já que o campeonato começou quase quatro meses após o previsto - as 14 primeiras corridas foram realizadas em 20 finais de semana, nove a menos que o normal - e a categoria tem ido a pistas que não estavam, inicialmente, programadas (e algumas delas, como Mugello, Portimão e o traçado que será usado na segunda prova do Bahrein, no início de dezembro, fizeram ou vão fazer sua estreia). A mistura entre o cansaço e o ineditismo faz com que os times ficassem mais propensos a cometer erros, e isso abre mais a competição.

É possível que isso continue no ano que vem? A Ferrari vem se recuperando e promete um novo motor, mas a queda deste ano foi forte e é possível que demore mais para o time de Maranello se reerguer. Não se sabe se Albon fica e se seu substituto - provavelmente Perez ou Nico Hulkenberg - vai render bem. E haverá uma mudança nos carros, com a redução de 10% da pressão aerodinâmica do assoalho e uma nova construção de pneus. Será um campeonato diferente, porque as equipes estarão focando em 2022, quando muda tudo, então devemos ter um indicativo logo no início se 2020 vai ser uma exceção ou se é só o começo de uma Fórmula 1, pelo menos de Hamilton para baixo, mais competitiva.