Vencedor do GP do Sakhir, Perez pode ficar fora da F1 ano que vem. Por quê?
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Ele é o segundo piloto que mais pontuou nas últimas quatro provas (51, contra 27 de Verstappen ou 26 de Bottas, por exemplo), que poderia ter ido ao pódio nas últimas quatro seguidas não fosse um motor quebrado no Bahrein e uma estratégia duvidosa em Imola, responsável por mais de 60% dos pontos da Racing Point neste ano, mesmo tendo perdido duas provas por ter pego covid. Como explicar que Sergio Perez poder ficar a pé na Fórmula 1 em 2021?
Quando a Racing Point usou uma cláusula em seu contrato para dispensá-lo sem precisar pagar multa e contratou Sebastian Vettel para ser a grande estrela do projeto da Aston Martin no ano que vem, muito se falou no paddock que os outros pilotos é que deveriam temer, já que o conjunto que Perez oferecia era muito forte e ele dificilmente ficaria sem uma vaga. A referência era tanto às performances dele na pista, quanto ao investimento de seus patrocinadores.
Sim, Perez chegou como um piloto pagante na Fórmula 1, e é uma prova de que levar dinheiro para as equipes não é coisa de piloto medíocre. Na verdade, quando um piloto une talento e resultados a bons patrocinadores, suas chances de se dar bem na categoria aumentam exponencialmente.
O que só nos traz de volta à pergunta: então por que um piloto que está em ótima fase e tem patrocinadores fortes enfrenta essa situação? Primeiro, a dispensa da Racing Point aconteceu meses depois que houve toda uma movimentação no mercado em vagas que poderiam interessar a Perez (McLaren, Renault e Ferrari) e, realisticamente, ele só teria chances em times menores, como Haas e Williams.
E eram portas que não estavam tão abertas assim devido a uma certa reputação que ele construiu ao longo dos anos. Primeiro, o dinheiro que ele traz às equipes por que corre acaba voltando para ele mesmo como salário, em sua enorme maioria. É como se o mexicano dissesse "ok, para ter um piloto como eu, que traz resultados, teria que fazer um investimento X, que será feito pelos meus patrocinadores." E segundo, seu empresário, Julian Jakobi, não é conhecido por ser das pessoas mais fáceis, desde a época em que trabalhava com Ayrton Senna, e a tendência de vazamento de informações para a imprensa também não é uma tática que ajuda na imagem do mexicano, que sempre endureceu nas disputas com seus companheiros de equipe - tendo passado do ponto quando dividiu a Racing Point com Esteban Ocon.
Isso começa a explicar por que a última porta que lhe interessa para 2021, na Red Bull, não está escancarada para ele. Não há dúvidas de que, hoje, Perez consegue entregar resultados melhores do que o titular da Red Bull, Alex Albon. Mas toda essa carga pesa contra, especialmente numa equipe que tem de fazer o que pode para segurar sua estrela Max Verstappen.
E o holandês tem todos os motivos para andar avaliando quais são suas outras opções fora da Red Bull, já que o time enfrenta um período de muita incerteza depois que a Honda anunciou sua saída da F1 no final de 2021 e ainda não conseguiu encontrar uma solução competitiva a médio prazo.
Por outro lado, até para maximizar seus resultados, a Red Bull não pode se dar ao luxo de esperar o desenvolvimento de Alex Albon para sempre. O tailandês tem dificuldades com um carro muito sensível e muito nervoso e, embora o time veja uma evolução, ela não tem sido traduzida em resultados continuamente.
Albon conta internamente com o apoio do sócio majoritário da empresa de bebidas energéticas Chalerm Yoovidhya, que é tailandês, assim como a marca. Esse tem sido um fator importante para entender por que uma equipe que ficou famosa pela falta de paciência com seus pilotos está dando todas as chances possíveis para Albon. Tudo isso explica por que a decisão de contratar ou não Perez não é tão simples quanto os resultados possam levar a crer.
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