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Com cores da Rússia de Mazepin, Haas mostra a pintura para a temporada 2021

Pintura do carro de 2021 da equipe Haas tem cores dos patrocinadores de Mazepin - Divulgação/Haas
Pintura do carro de 2021 da equipe Haas tem cores dos patrocinadores de Mazepin Imagem: Divulgação/Haas

Colunista do UOL

04/03/2021 05h01

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A equipe Haas, que terá como um de seus pilotos Mick Schumacher, filho do heptacampeão Michael, lançou nesta quinta-feira (04) a pintura de seu carro para a temporada 2021 da Fórmula 1 com um novo patrocinador principal, a empresa de fertilizantes Uralkali, que fez com que a equipe adotasse as cores da bandeira da Rússia. O time norte-americano, que tem ainda o brasileiro Pietro Fittipaldi como piloto reserva, contará pela primeira vez com dois estreantes: além de Schumacher, que vem credenciado pela conquista da Fórmula 2 ano passado, o russo Nikita Mazepin chega com vasto investimento das empresas da família, e também às voltas com polêmicas.

As cores escolhidas para a pintura do carro, com o branco, azul e vermelho sendo posicionados nesta ordem e em listas horizontais, exatamente como na bandeira russa, chamaram a atenção por dois fatos: as cores da empresa Uralkali são, tradicionalmente, verde e vermelho, e as da Haas, vermelho, cinza e branco. E a bandeira russa está banida de campeonatos esportivos internacionais por dois anos, como punição por casos de doping. Como a F1 é um campeonato mundial, isso quer dizer que Mazepin não pode correr representando seu país. Em entrevista coletiva logo após o lançamento, ele disse que ''ainda está sendo discutido'' como ele será identificado ao longo do ano. Não há nada que impede que estas cores sejam utilizadas, mas ele não pode ser identificado como esportista russo e também não poderia ouvir o hino de seu país no pódio em caso de vitória.

Mais um ano sem grandes atualizações

Os pilotos prometem ser o grande atrativo do time, que já avisou que não pretende desenvolver o carro de 2021 ao longo do ano, focando em se preparar da melhor maneira possível para a temporada 2022, quando haverá uma extensa mudança de regulamento técnico.

''Estou muito contente em dar as boas-vindas à Uralkali para a F1, como parceira da Haas'', disse o dono do time, Gene Haas. ''Nós estamos animados em representar sua marca ao longo da temporada. É uma época empolgante para a equipe com a Uralkali chegando a bocordo e tendo Nikita Mazepin e Mick Schumacher pilotando para nós. É definitivamente uma sensação de mudança total, mas estou esperando que nós consigamos voltar ao grupo que consegue marcar pontos mais constantemente. Tem sido difícil nas últimas duas temporadas, mas também estamos focando no todo, em particular nas mudanças do regulamento de 2022.

A receita foi a mesma do ano passado: o carro que começou a temporada encerrou o ano, o que foi o suficiente para a Haas ficar com o penúltimo lugar, à frente apenas da Williams. Para 2021, a esperança é de que o motor atualizado da Ferrari ajude no desempenho do time, além de toda a atenção da Scuderia em decorrência da presença de Schumacher.

Nascido na Suíça, mas correndo pela Alemanha, o piloto de 21 anos é membro da academia de jovens da Ferrari, e é tido como certo como titular do time italiano em um futuro próximo. Com ele, estão chegando à Haas Simone Resta, que era chefe de chassi na Scuderia, e Jock Clear, engenheiro com larga experiência na F1.

Já Nikita Mazepin foi vice-campeão da GP3 (atual F3) em 2018, em uma disputa com o francês Anthoine Hubert, morto em acidente na Fórmula 2 no ano seguinte. E, ano passado, o russo de 22 anos foi quinto colocado na F2.

Mazepin é marcado pela agressividade dentro das pistas, e pelo temperamento forte, que já lhe rendeu uma suspensão por ter agredido o inglês Callum Ilott na F3 Europeia em 2016. Mas seu nome é mais associado a um episódio que aconteceu fora das pistas, quando ele, dias depois de ser confirmado como titular da Haas, publicou um vídeo em que apalpa os seios de uma mulher, que tenta tirar sua mão e faz gestos obscenos para ele. O episódio ocorreu em dezembro de 2020 e, desde então, todas as menções a seu nome vêm acompanhadas de uma série de críticas. Em suas primeiras entrevistas como piloto da Haas, Mazepin vem tentando limpar sua imagem, afirmando ter aprendido com o ocorrido.

Ele sabe que o dinheiro vindo das empresas controladas pelo pai, o bilionário Dmitry Mazepin, é fundamental até para a sobrevivência da Haas, que chegou a ser colocada à venda ao longo de 2020. Mazepin é bem mais rico até que os outros bilionários que colocaram seus filhos, Nicholas Latifi e Lance Stroll, na F1 nos últimos anos.

Voltando às pistas, a briga de Schumacher e Mazepin deve ser para conseguir passar da primeira fase da classificação, quando os cinco carros mais lentos são eliminados, e conseguir beliscar alguns pontos ao longo do campeonato.

A piora da pandemia no inverno europeu e as restrições cada vez mais pesadas a viagens na tentativa de frear novas variantes do coronavírus foi algo que pegou a Haas em cheio, já que o carro está sendo montado na Inglaterra, e o motor foi feito na Itália. Por conta disso, o time só poderá ter, finalmente, seu carro de 2021 pronto antes dos testes de pré-temporada, que terão apenas três dias, entre 12 e 14 de março, no Bahrein, palco também da primeira etapa do campeonato, dia 28 de março.