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Com pintura diferente, Ferrari lança carro dois dias antes da pré-temporada

Ferrari terá Charles Leclerc ao lado de Carlos Sainz na temporada 2021 da F1 - Ferrari/Divulgação
Ferrari terá Charles Leclerc ao lado de Carlos Sainz na temporada 2021 da F1 Imagem: Ferrari/Divulgação

Colunista do UOL

10/03/2021 10h01

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A Ferrari foi a última equipe a lançar seu carro para a temporada 2021 da Fórmula 1, já às vésperas dos testes coletivos, que começam nesta sexta-feira, 12 de março. E o time surpreendeu com uma pintura ousada para os padrões da Scuderia, com um degradê de tons de vermelho e a inserção em verde de uma marca ligada à patrocinadora Philip Morris ganhando muito destaque. O tom mais escuro de vermelho usado na parte traseira do carro é o mesmo do usado na comemoração dos 1000 GPs do time de Maranello, no GP da Toscana do ano passado.

ferrari - Divulgação Ferrari - Divulgação Ferrari
Imagens do SF-21, carro da Ferrari para a temporada deste ano da F1, vazaram antes do lançamento
Imagem: Divulgação Ferrari

O lançamento desta quarta-feira (10) foi apenas do carro em si. Os pilotos Charles Leclerc e Carlos Sainz e o chefe Mattia Binotto já tinham falado sobre sua expectativa para o ano em um evento no final de fevereiro, mas só agora o time italiano mostrou o SF21, carro com o qual a Scuderia busca deixar para trás a péssima temporada 2020, a pior dos últimos 40 anos para a equipe.

Por que mudanças são arriscadas?

Trata-se de um risco, já que a unidade de potência não pode ser mudada ao longo da temporada, e as alterações na suspensão significam que o time vai gastar suas fichas de desenvolvimento deste ano, ou seja, não vai poder mais mudar o carro, somente mexer na parte aerodinâmica. Um risco necessário, já que o motor deixou de ser o melhor para se tornar o pior do grid, e a avaliação dos engenheiros era de que a suspensão limitava o que era possível fazer do ponto de vista aerodinâmico para melhorar a estabilidade da traseira.

"Baseado nas nossas simulações e no que podemos ver em termos de potência no dinamômetro e do arrasto que o carro gera no túnel de vento, acho que recuperamos muita velocidade de reta. Então estou esperando que a velocidade não seja um problema tão grande quanto antes. Nós esperamos ser competitivos, mas só vamos saber mesmo no Bahrein", disse Binotto, referindo-se ao palco tanto dos testes coletivos, quanto da primeira etapa, dia 28 de março. "Mas nosso carro é certamente mais eficiente do que o que tivemos ano passado."

O sucesso das mudanças tem tudo para ser importante para a adaptação de seu novo piloto. Isso porque o tipo de comportamento do carro ferrarista nos últimos anos é o mesmo com o qual o Sainz mostrou na McLaren que não fica tão à vontade: instabilidade na traseira especialmente na entrada de curva. Nenhum piloto gosta de ter um carro instável mas, assim como Leclerc na comparação com Vettel, o companheiro de Sainz no time inglês, Lando Norris, se dava melhor que o espanhol quando o carro se comportava dessa forma, então a correção disso seria uma ótima notícia para ele.

Dupla de pilotos é a mais nova desde 1968

Sainz é um piloto ao mesmo tempo agressivo e técnico, lembra um pouco Alonso nesse sentido. Mas sua principal qualidade é compreender que o trabalho do piloto não é só dentro do cockpit. Ele era muito bem visto pelos engenheiros na McLaren (e Binotto inclusive revelou que parte da avaliação ferrarista para contratá-lo foi ouvir sua comunicação com a equipe via rádio), e também pelo pessoal de comunicação e marketing.

É nesse trabalho de bastidores que seu novo companheiro Leclerc vem focando, passando a falar mais e se certificar de que está sendo ouvido pelos engenheiros, então Sainz (que tem quase o dobro de largadas do monegasco) pode até ser uma boa referência nesse sentido. Por outro lado, eles formarão a dupla de pilotos mais jovem da Ferrari em mais de 50 anos, desde 1968.

"Acho que eu nunca estive por tanto tempo na Ferrari quanto nessa temporada antes da temporada começar. Quero entender onde estão minhas fraquezas. Ainda acredito que preciso melhorar no cuidado com os pneus. Melhorei muito ano passado e espero dar outro passo neste ano", disse Leclerc, que começa sua terceira temporada pela Scuderia.

Vinda do sexto lugar ano passado, por mais que a Ferrari avance, não vai voltar ao patamar do início de 2019 em termos de competitividade. Até porque a nota de corte está bem mais alta, tamanho o desenvolvimento da Mercedes justamente nestes dois setores em que a Ferrari busca melhorar.

Do lado positivo, a Ferrari tem muito a ganhar com a nova regra que limita o tempo de desenvolvimento aerodinâmico dependendo da posição do campeonato: só nos primeiros seis meses do ano, a Scuderia vai poder usar o túnel de vento por 20 horas a mais que a Mercedes. Isso vai acontecer quando as equipes já têm grande parte de seus recursos voltados para a temporada 2022, quando haverá grandes mudanças nas regras. Então faz sentido que a Ferrari tenha um "ano de transição" agora, como disse Sainz, para buscar voltar ao patamar de 2018 e 2019 no ano que vem.