Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Confira o que mudou nos 10 carros do grid da F1 para a temporada 2021
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Nunca foi possível esconder tanto os detalhes dos carros quanto nos lançamentos de 2021 da Fórmula 1, totalmente controlados pelas equipes devido ao distanciamento social. Com eventos online e testes em pista contando apenas com a presença de fotógrafos das próprias equipes, alguns times se limitaram a divulgar imagens computadorizadas.
Ainda assim, deu para notar que os times escolheram áreas diferentes para trabalhar, dentro de restrições também geradas pela pandemia: eles só tinham duas fichas de desenvolvimento para serem gastas em mudanças não aerodinâmicas no carro, e o foco foi - e ainda será ao longo da temporada - em tentar reverter o efeito negativo de mudanças no assoalho, difusor e dutos de freio que visam tirar cerca de 10% da pressão aerodinâmica total dos carros.
Alguns dos segredos serão revelados durante a pré-temporada, que começa nesta sexta-feira (12). A temporada de 2021 da F1 começa com o GP do Bahrein, dia 28 de março.
Confira o que mudou nos 10 carros do grid da temporada 2021:
Alpine
Foi curioso ver o lançamento de um time de Fernando Alonso sem a presença sempre forte do espanhol, que não pôde participar porque teria que ficar em quarentena e preferiu focar na recuperação da cirurgia de mandíbula que sofreu após acidente de bicicleta mês passado. Apesar da identidade visual completamente nova, alinhada à marca que a Renault busca promover na F1, pouca coisa mudou no carro, pelo menos no que o time mostrou até aqui. O motor é apenas uma evolução - a mudança na arquitetura está planejada para 2022 - e as alterações ficaram mais na traseira do carro, onde foram gastas as fichas de desenvolvimento, para tentar reaver a pressão aerodinâmica perdida com as regras deste ano.
As mudanças maiores parecem estar fora do carro: depois da saída de Cyril Abiteboul, chegaram Laurent Rossi chefiando a Alpine como um todo e Davide Brivio, contratação de peso, para comandar o time. Brivio ficou marcado pelos títulos na MotoGP por equipes que vieram do meio do pelotão.
Aston Martin
Definitivamente, não é mais aquela equipe de meio de pelotão, que se orgulhava de ser a mais eficiente do grid, ou seja, de conquistar mais pontos por dólar investido. A ex-Jordan e Force India não quer saber de ser zebra, e isso ficou claro no lançamento, com Lawrence Stroll falando em "ambições sem limites".
O carro em si continua totalmente inspirado na Mercedes, como o modelo do ano passado, com a vantagem de contar, agora, com o pacote de transmissão e suspensão do carro campeão de 2020, já que trata-se de um time cliente. Vale lembrar que a suspensão traseira da Mercedes foi redesenhada pelo time para 2020 e tem muito a ver com a melhora do desempenho da equipe. E as boas notícias para a Aston Martin não param por aí: eles não tiveram que gastar suas fichas de desenvolvimento para isso, então puderam mudar também a célula de sobrevivência. É possível que essa mudança tenha acontecido em conjunto com um novo desenho para os sidepods, que acomodam os radiadores nas laterais do carro e estão menores (devido às necessidades do novo motor Mercedes) e com uma forma mais semelhante ao restante do grid. A ideia é que todo o sistema de arrefecimento seja otimizado com isso. Também há muito trabalho visível nos bargeboards, as aletas que ficam do lado do cockpit e que ajudam a alimentar o fluxo de ar da traseira do carro. E o novo assoalho
Ferrari
A impressão é de que a Scuderia esperou até as vésperas dos testes para apresentar o carro porque sabe que explora ao máximo o que é permitido fazer com todas as restrições do atual regulamento. Como esperado, o time usou suas fichas de desenvolvimento em uma nova transmissão e suspensão traseira, mas ainda assim fez mudanças importantes no bico e na tomada de ar acima da cabeça do piloto usando aletas aerodinâmicas ao invés de mudar a estrutura das peças. Isso porque as mudanças aerodinâmicas são as únicas que não estão restritas mas, então essa é a única forma de fazer alterações sem ferir o regulamento.
Os grandes ganhos devem vir do motor. Houve mudanças no motor de combustão em si, no turbocompressor, e a equipe ainda estuda o que pode ser otimizado na parte eletrônica da unidade de potência, e no uso dos gases do escape. Como o déficit de potência do motor Ferrari chegou a cerca de 70cv ano passado depois que mudanças foram feitas para atender a determinações da FIA no final de 2019, a Scuderia e seus clientes - Alfa Romeo e Haas - esperam se beneficiar muito dessa atualização.
Alfa Romeo
A equipe de Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi foi totalmente na contramão das rivais: gastou suas fichas de desenvolvimento na parte dianteira do carro. Mas a mudança foi para alinhar mais o carro com o que os rivais estão fazendo nesta área, afinando um pouco o bico. O restante do carro, no entanto, parece ser bastante similar ao modelo do ano passado, pelo menos na especificação de lançamento. É outra equipe que vai apostar nos ganhos trazidos pela nova unidade de potência da Ferrari.
AlphaTauri
O time italiano foi outro que adota o bico maior e que escolheu mexer nessa região do carro, e também na suspensão dianteira, com suas fichas de desenvolvimento. Ainda assim, as mudanças não foram da filosofia do bico em si (ainda que ele esteja um pouco mais fino), mas no casamento entre a suspensão e a frente do carro. Eles curiosamente não quiseram aproveitar a atualização à qual tinham direito sem usar as fichas - usar o conjunto suspensão traseira + câmbio da Red Bull de 2020, por serem clientes, então eles continuam com o que foi usado já no ano passado.
O time pareceu se esforçar para esconder seu assoalho no primeiro teste que fez em pista, logo depois do lançamento. Ao tirar uma foto aérea do carro, os pilotos foram posicionados de tal forma que suas cabeças escondiam justamente a área que muda no regulamento deste ano, próxima aos pneus. As fotos do teste, inclusive, sugerem que o time estava coletando dados sobre dois tipos de assoalhos diferentes. Essa será a grande área de atenção das equipes, já que as regras mudaram justamente para tentar diminuir o ritmo dos carros.
Mercedes
O lançamento do carro dos heptacampeões do mundo foi cheio de segredo, pois o time não quis revelar onde gastou suas fichas de desenvolvimento. Sabe-se que o motor foi atualizado e aparenta precisar de mais arrefecimento, e o que mais chamou a atenção foi a "lombada" que a carenagem ganhou em cima do motor, a exemplo do que aconteceu com a cliente (de motores e transmissão) Aston Martin, mas não com as demais (Williams e McLaren). A impressão é que eles conseguiram deixar a traseira ainda mais enxuta, o que ajuda no fluxo aerodinâmico, e talvez, para isso, tenham gasto os tokens, na verdade, na caixa de câmbio. Há outros detalhes do carro mostrado no lançamento que parecem estar simplificados, então existe uma expectativa em relação ao que a Mercedes vai levar para a pista nos testes e no GP do Bahrein, no final do mês.
O carro não tem mais o sistema DAS que estreou no passado, por força das regras. Esperava-se que, por conta disso, eles teriam que mudar a suspensão dianteira e gastar seus tokens ali, mas isso aparentemente não aconteceu.
Haas
A equipe não apresentou seu carro, ainda que o chassi siga o mesmo e não sejam esperadas grandes mudanças além das previstas no regulamento. Mas a apresentação da pintura deu o que falar. Já era esperado que o patrocinador de Nikita Mazepin tivesse grande exposição, já que o investimento da empresa, que pertence ao pai do piloto, é de pelo menos 100 milhões de reais. O que não se esperava era que a bandeira russa estivesse presente de maneira tão proeminente. Isso porque existe uma sanção aos símbolos nacionais do país em campeonatos mundiais esportivos devido a casos de doping.
Além da dupla de pilotos - a Haas também contará com o campeão da F2 e filho de Michael Schumacher, Mick Schumacher - a grande aposta do time será na unidade de potência nova da Ferrari, que só pôde ser montada no carro no Bahrein, às vésperas dos testes, devido a restrições relacionadas à covid-19.
Williams
Não foi o começo que o time planejava, com o lançamento com realidade aumentada sendo cancelado devido ao ataque de hackers, mas chamou a atenção o discurso de George Russell de que, caso a Mercedes decida não lhe contratar ao final do ano, ele acredita que o próprio time inglês seja uma boa alternativa. Isso porque o investimento dos novos donos, que assumiram o time em meados do ano passado, está surtindo efeito. Eles já não têm mais os problemas de excesso de peso do conjunto que custavam tempo de volta e equilíbrio nos últimos anos e podem até aparecer com uma atualização aerodinâmica para a primeira corrida do ano, segundo o chefe Simon Roberts.
Nas imagens apresentadas no lançamento, deu para notar que a nova unidade de potência da Mercedes pede mais arrefecimento, com as entradas dos radiadores maiores, e muito do trabalho aerodinâmico da Williams foi na região dos bargeboards, tentando compensar a perda de pressão aerodinâmica com as novas regras para o difusor e assoalho. Mas as soluções no assoalho em si pareceram, pelo menos no lançamento, simples em comparação com as de Aston Martin e AlphaTauri, por exemplo.
Red Bull
Havia uma certa confiança controlada no lançamento da Red Bull pela maneira como o time terminou ano passado. Eles sabem que têm motivos para acreditar que há escopo para evoluir - o problema de correlação entre os dados de simulação e da pista foi resolvido, o projeto aerodinâmico tem elementos que estrearam ano passado e ainda são relativamente novos para eles, e o motor atualizado da Honda tem tudo para vir forte.
Ainda assim, o time chamou seu carro de RB16B por um motivo: mais de 60% do carro não foi alterado em relação ao ano passado, número alto para os padrões da F1. Mas há mudanças visíveis: a chamada "capa" do bico, pequenas asas que ajudam a direcionar o fluxo de ar, está um pouco mais recuada, mostrando que o conceito que eles estrearam no GP da Turquia ano passado realmente funcionou. Outra mudança que chamou a atenção foi nos dutos traseiros, que ficaram menores e mais parecidos com os da Mercedes.
McLaren
A McLaren tentou esconder muita coisa em seu lançamento e nas fotos divulgadas até aqui, ainda que o diretor técnico James Key tenha "entregado" que o carro tem soluções interessantes na parte dianteira (pelo que se viu até agora, elas parecem estar logo atrás do bico até o bargeboards, e buscam melhorar o fluxo de ar no assoalho, compensando as mudanças do regulamento).
O time, que terá motor Mercedes neste ano, mudou bastante o conceito de seu carro em 2020, indo mais na direção da Mercedes na asa dianteira e abaixando a suspensão dianteira para melhorar o fluxo de ar, e o carro de 2021 é uma evolução de tudo isso, juntando o aprendizado da temporada passada.
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