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F1: Na pré-temporada que começa hoje, pilotos terão apenas 3 dias de testes
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A pré-temporada que começa nesta sexta-feira no Bahrein é uma situação inédita para a F1 moderna: os times, que não podem fazer testes privados com carros atuais e pneus usados nos GPs, terão apenas três dias de pista para preparar-se para o campeonato que começa em 28 de março, também na pista barenita. Nunca se testou tão pouco antes de uma temporada.
Há bons motivos para os testes serem tão reduzidos: os carros são, em grande parte, uma continuidade dos modelos de 2020, já que as mudanças no regulamento se limitam a alterações principalmente no assoalho e difusor para diminuir a pressão aerodinâmica dos carros. E o regulamento já tinha ficado relativamente estável de 2019 para 2020. Essa questão técnica, casada com a necessidade de cortar gastos devido à pandemia, acabou gerando essa situação tão diferente em relação aos últimos anos. Ano passado, já tinha ocorrido uma redução: foram seis dias de testes no total, divididos em duas baterias de três dias. Nas temporadas anteriores, foram realizados oito dias, também separados por dois blocos de quatro dias cada.
A grande dificuldade não será técnica, mas sim humana. Apenas três das dez equipes mantiveram suas duplas de pilotos em 2021 - Mercedes, Williams e Alfa Romeo - então a preocupação maior é com a adaptação de quem mudou de time, dos estreantes, e de Fernando Alonso, que está voltando à F1 depois de dois anos fora.
Não foi à toa que o espanhol brigou para conseguir testar no ano passado, em uma sessão destinada a jovens pilotos. A Renault - agora Alpine - encontrou uma brecha pela qual ele poderia participar e Alonso aproveitou, andando com o carro e pneus de 2020.
Os Pirelli que começam a ser testados nesta sexta-feira têm uma construção diferente, reforçada, embora os compostos em si permaneçam os mesmos. É claro que os pilotos, que já andaram com esses pneus em treinos livres em Portugal e no Bahrein, estarão muito focados em entendê-los, mas quem está mudando de equipe ou estreando tem mais itens em sua lista de afazeres.
"Só três dias de testes é muito pouco, então vamos alternar os pilotos para tentar aproveitar a oportunidade ao máximo", disse Mattia Binotto, chefe da Ferrari, que terá Carlos Sainz como novidade. "Sabemos que será um desafio para Carlos. Organizamos alguns testes com carros antigos em Fiorano porque todo e qualquer quilômetro que ele fizer será importante para integrá-lo ao time e aos nossos procedimentos. Ele está indo muito bem, mas não esperamos que ele esteja 100% integrado no começo do campeonato."
Pelo menos no caso da Ferrari, ambos os pilotos puderam usar a estrutura da Scuderia, que tem uma pista (justamente a de Fiorano, mencionada por Binotto) do lado de sua fábrica, e com isso conseguiu promover testes, ainda que com carros de 2018 e pneus especiais, como dita o regulamento. Isso já vai ajudando o piloto a, pelo menos, se familiarizar com os engenheiros, com os sistemas do carro e do volante, que não mudam muito de uma temporada para a outra. Mas obviamente não é o mesmo que testar com o carro e pneus que serão usados na temporada.
Na outra ponta do grid, a situação foi bem diferente - e não foi por falta de dinheiro. A Haas é a equipe com menos experiência de pista até aqui, em todos os sentidos. O time terá dois estreantes, Mick Schumacher e Nikita Mazepin. Schumacher pelo menos fez uma sessão de treinos livres e participou do mesmo teste de Alonso no final do ano, mas Mazepin nunca pilotou o carro da Haas. O russo acostumou-se a fazer testes privados bancados pelo pai em todas as categorias por que passou. Mas, desta vez, as restrições geradas pela pandemia atrapalharam seus planos, já que a Haas tem uma operação separada entre a Itália e a Inglaterra. Então não é à toa que o estreante quer aproveitar o máximo que pode da pré-temporada.
"Cada 10 minutos de teste será muito valioso para nós", disse Mazepin. "Então o objetivo é chegar no limite, mas sem passar dele. Temos muitas peças novas no carro que foram feitas especialmente para mim, e leva algum tempo para se acostumar com isso. Nunca pilotei um carro com motor Ferrari, então preciso aprender as configurações. Parece que eu fiz milhares de ligações via Zoom com os engenheiros aprendendo as posições dos botões do volante. Vai ser interessante ver como tudo funciona em movimento, e não só na fábrica", disse Mazepin.
Por que o teste será no Bahrein?
A pré-temporada da Fórmula 1 foi realizada no Circuito da Catalunha, na Espanha, nos últimos anos, devido às características da pista (uma reta longa e curvas de vários tipos diferentes), ao clima ameno nessa época do ano e à facilidade de enviar peças ao longo das duas semanas de testes. A discussão sobre testar no Bahrein, com temperaturas mais próximas às das corridas, sempre esteve em pauta, mas os custos acabavam fazendo com que as equipes votassem contra a ideia.
Neste ano, dois fatores fazem com que os custos sejam na verdade menores de fazer os testes no país árabe: como são só três dias, o trânsito de peças novas será quase nulo. E a primeira corrida também será no Bahrein, então muitos profissionais vão permanecer no país, ainda mais depois que o governo local ofereceu vacinação contra a covid-19, o que foi aceito pela grande maioria dos times.
Do ponto de vista técnico, o circuito barenita é composto mais por retas longas e curvas de média e baixa velocidades, então não é tão completo quanto Barcelona, mas o asfalto é bastante abrasivo o que, juntamente com o calor, vai ajudar as equipes a testarem os pneus sob situações de bastante estresse, como destacou outro estreante, Mick Schumacher. "Vamos conseguir entender bem qual o momento em que o pneu acaba. Precisamos angariar informações de como preparar o pneu para as classificações e como administrá-lo nas simulações de corrida", disse o filho de Michael Schumacher e atual campeão da F2.
Serão oito horas de testes por dia, com uma pausa para almoço no meio do dia. As atividades vão das 4h às 8h da manhã, pelo horário de Brasília, e das 9h até às 13h, desta sexta até o domingo.
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