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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Mercedes "desequilibrada" x "a melhor" Red Bull: quem é a favorita na F1?

14.mar.2021 - Max Verstappen, da Red Bull Racing, na pista durante a pré-temporada da Fórmula 1, no Bahrein - Reprodução/Twitter/@F1
14.mar.2021 - Max Verstappen, da Red Bull Racing, na pista durante a pré-temporada da Fórmula 1, no Bahrein Imagem: Reprodução/Twitter/@F1

Colunista do UOL

25/03/2021 04h00

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De um lado, a Red Bull saiu falando que fez "a melhor pré-temporada da história", nas palavras do consultor Helmut Marko. De outro, a Mercedes admitiu que "o carro novo não herdou o equilíbrio do antigo", como revelou o chefe de engenharia, Andrew Shovlin. Isso quer dizer que a temporada da Fórmula 1 que começa neste final de semana, no Bahrein, pode ser diferente depois da categoria viver sete anos de domínio da Mercedes? Não é bem assim.

De fato, a Mercedes teve dificuldades flagrantes nos testes. Enfrentou problemas de câmbio logo na primeira ida à pista e depois o carro estava instável — os pilotos tinham dificuldades para serem consistentes. Quando o time terminou o teste, em 15 de março, não sabia sequer se o problema era mecânico ou aerodinâmico.

"A única coisa que sabemos com certeza é que precisamos provar que sabemos reagir", disse o chefe Toto Wolff. "Desde o momento em que o teste terminou, estamos trabalhando para descobrir como podemos voltar ao Bahrein mais fortes em uma questão de dias."

Os carros não mudaram muito de 2020 para 2021, mas foram adotadas algumas alterações no difusor, nos dutos de freio e, principalmente, no assoalho, a fim de tornarem os carros mais lentos, o que pode ter mudado o equilíbrio do carro da Mercedes.

Uma teoria forte é de que estas novas regras dificultam a geração de pressão aerodinâmica na parte traseira em carros com a mesma filosofia da Mercedes, ou seja, com um ângulo mais estável em relação ao solo da traseira em comparação com a dianteira. A maioria dos carros do grid segue a filosofia da Red Bull, que tem a traseira mais longe do solo em comparação com a dianteira. Outro carro que é parecido com a Mercedes neste sentido é o da Aston Martin, que apresentou tantos problemas técnicos no teste que não buscou performance.

Mas o fato é que a Mercedes já teve dificuldades com o comportamento do carro antes e conseguiu se recuperar. Se a questão do equilíbrio puder ser remediada apenas mudando a maneira de acertar o carro, isso pode acontecer, inclusive, logo de cara. Como lembrou Max Verstappen, não é à toa que eles conseguiram o maior domínio da história da F1, com sete títulos seguidos.

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Lewis Hamilton, da Mercedes, durante teste de pré-temporada da Fórmula 1 em 2021
Imagem: Hasan Bratic/picture alliance via Getty Images

"A Mercedes ainda é a favorita. Como eles não poderiam ser depois de vencer sete campeonatos seguidos? Tenho certeza de que a Mercedes também quer que as pessoas achem que nós somos favoritos para colocar pressão em nós. Eu vejo toda temporada como uma oportunidade de batê-los, mas seria estúpido esperar que essa briga seja fácil", disse o holandês.

Mas e a empolgação de Marko? Red Bull e Mercedes escolheram caminhos bastante diferentes antes desta temporada, que é a última com esse conjunto de regras. Enquanto a Mercedes parou de desenvolver seu carro de 2020 muito cedo para focar totalmente no de 2021, a Red Bull optou por aprimorar seu carro de 2020 até o final do ano, e por conta disso diminuiu a diferença para o time alemão nas últimas etapas. A Mercedes imaginou que o carro iria bem logo de cara e que o time poderia concentrar-se no modelo de 2022, que só pôde começar a ser desenvolvido por todas as equipes em janeiro deste ano (e, com isso, já dentro do teto de gastos e do escalonamento de desenvolvimento aerodinâmico, pelo qual a campeã tem menos tempo de túnel de vento, por exemplo).

Eles chegaram, inclusive, a dominar a última corrida do ano, em Abu Dhabi, mas suspeitavam que a Mercedes, já campeã, tinha corrido com menos potência no motor. Até porque, duas etapas antes, justamente no Bahrein, Lewis Hamilton tinha feito a pole position com 414 milésimos de vantagem para o terceiro, Verstappen. E depois dominou completamente a prova.

A Red Bull escolheu esse caminho diferente porque o time sofreu com a falta de correlação entre os dados que obtinha no túnel de vento e os da pista. E a estratégia parece ter funcionado, pelo que o time viu nos testes deste mês.

Além de ter um carro mais estável do que em 2020 depois de passar por esse processo, a Red Bull ganhou alguns cavalos extras da Honda, que atualizou sua unidade de potência e está bastante satisfeita, também, com os números observados no teste.

Ou seja, ainda que os sinais do lado da Red Bull sejam bastante positivos, a vantagem da Mercedes ano passado foi tão grande que Verstappen e seu novo companheiro, Sergio Perez, precisam que a equipe realmente tenha problemas para se adaptar com o novo assoalho para disputar de igual para igual com Lewis Hamilton e Valtteri Bottas.