Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Perez reaparece entre os grandes sem ter nada a perder na Fórmula 1
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Enquanto todos os pilotos tinham dificuldades na estreia dos pneus de alta degradação da Pirelli na F1 no GP da Austrália de 2011, o então estreante Sergio Perez impressionava a todos parando no box apenas uma vez e levando a Sauber ao sétimo lugar. Os dois carros do time acabaram desclassificados na ocasião por uma infração que não lhes dava nenhuma vantagem clara de performance, e aquela não seria a única oportunidade em que o mexicano conseguiria um bom resultado levando seus pneus até mais longe que os demais. Nos anos seguintes, quase todos os seus 10 pódios foram conquistados assim.
O mais impressionante é que todos eles foram por times médios, na Sauber e na Force India/Racing Point, em uma década em que pilotos de equipes que não a Mercedes, McLaren, Red Bull e Ferrari não tiveram muitas chances de sentir o gosto do champanhe.
Mas também é verdade que, quando substituiu ninguém menos que Lewis Hamilton na McLaren, Perez decepcionou. Na época, o mexicano tinha 23 anos e fazia sua terceira temporada na Fórmula 1. Foi facilmente superado pelo companheiro Jenson Button e criou fama de piloto difícil no paddock. Encontrou refúgio na Force India, onde perdeu espaço depois que Lawrence Stroll comprou a equipe, que se tornou primeiro Racing Point, e depois Aston Martin, colocou seu filho Lance Stroll em um dos carros e contratou Sebastian Vettel para seu lugar.
A partir daí, a situação do mexicano passou a ser de tudo ou nada. Ou deixava a Fórmula 1, ou assinava com a Red Bull, equipe que conseguiu chegar mais perto da Mercedes ano passado. Contratado para o lugar de Alex Albon, Perez tem um ano para mostrar serviço, apagar sua imagem de piloto de meio de pelotão, ao mesmo tempo em que enfrenta, com o mesmo equipamento, um dos pilotos mais talentosos do grid, Max Verstappen.
O mexicano já deixou claro que vai agarrar a oportunidade com as duas mãos. Ele disse que nem tirou férias entre uma temporada e outra, tentando se preparar da melhor maneira possível para o novo desafio.
"Estou muito empolgado. Estive trabalhando duro com a equipe, tentando me preparar o mais rapidamente possível. Mal posso esperar para a temporada começar e, a partir daí, quero continuar melhorando corrida após corrida. Estou muito empolgado para este domingo", disse Perez sobre o GP do Bahrein, que abre a temporada da F1 em 2021. "Minha meta é maximizar o potencial do carro. Veremos qual é esse potencial."
Mexicano traz segredos da Mercedes para a Red Bull
Para a Red Bull, Perez pode ser uma arma interessante, já que andou com unidade de potência e câmbio Mercedes nos últimos anos. "Ele trouxe consigo alguns detalhes interessantes sobre a dirigibilidade do motor Mercedes. E também na parte de pneus, em como você pode agir mudando a pressão em corridas na chuva", explicou o consultor da Red Bull, Helmut Marko. "A experiência dele com os pneus é importante para nós. Combinando com a juventude de Max, devemos ter uma das duplas mais fortes em termos de pilotos."
O novo companheiro é só elogios a Perez. "O trabalho com ele está sendo muito bom, muito tranquilo e o retorno que nós damos aos engenheiros é na mesma direção - espero que seja a certa. E também é legal ter a experiência dele em outras equipes. Só espero que nós possamos marcar uma boa quantidade de pontos e talvez possamos pressionar a Mercedes", disse Verstappen no Bahrein.
Como em uma ironia do destino, neste ano Perez vai tentar fugir da armadilha em que pilotos tão jovens e inexperientes como ele era quando teve sua chance na McLaren caíram, de deixar os resultados ruins irem se tornando uma bola de neve - como fizeram Pierre Gasly e Alex Albon, os dois últimos companheiros de Verstappen. Perez sabe que essa é uma segunda chance rara na F1, e tem os ingredientes, especialmente usando a mesma receita da estreia de 10 anos atrás, para ganhar mais do que apenas uma sobrevida à carreira.
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