Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Por que Russell ficou tão irritado após batida com Bottas no GP em Imola?
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O GP da Emilia Romagna foi vencido por Max Verstappen, com Lewis Hamilton em segundo após cair para nono e Lando Norris também fazendo prova de recuperação, tendo terminado a primeira volta em nono e chegando em terceiro lugar. Mas a história da corrida destes dois pilotos muito provavelmente seria diferente não fosse uma forte batida entre George Russell e Valtteri Bottas na volta 32, mais ou menos na metade da prova. O acidente acabou sendo o grande ponto de discussão da prova muito em função da reação do piloto inglês da Williams, que ficou irritado com o rival.
No lance, ocorrido quando a pista estava secando, mas ainda estava úmida em alguns pontos, como relataram os pilotos, Russell tentava passar Bottas na reta, pelo lado direito. O piloto da Mercedes fez um movimento para a direita para diminuir o espaço para o rival, que acabou colocando uma roda na grama, perdeu o controle, e bateu com Bottas.
O impacto foi tão forte que os dois pilotos tiveram que passar pelo centro médico após a batida, como é de praxe quando os acelerômetros que os pilotos usam em seus fones de ouvido registram impactos mais fortes. Bottas demorou para sair do carro e Russell foi em direção a ele reclamar do movimento, que achou antidesportivo.
"Eu não ouvi nada do que ele falou. Não faço ideia do que foi", disse Bottas. "Eu nunca serei cuidadoso quando estou defendendo posição. Foi ele quem decidiu ir pelo lado de fora, que estava mais molhado e perdeu o carro. O erro foi totalmente dele."
Russell, por sua vez, tinha a certeza de que o erro tinha sido de Bottas que, segundo ele, não respeitou um acordo de cavalheiros existente entre os pilotos pelo qual, depois que um rival coloca o carro de lado, o outro não deve mudar a trajetória. "Eu tinha a asa móvel e estava no vácuo do Valtteri, então estava a uns 330km/h. Quando coloquei de lado, ele se moveu um pouco para a direita, o que fez com que eu fosse para a parte molhada e perdesse o carro. Entre os pilotos nós temos um acordo de não mexer o volante no último momento para se defender de um carro que vem muito mais rápido porque estamos muito velozes para reagir. Eu disse para ele ?você está tentando matar nós dois? Estamos indo super rápido em um circuito que é muito perigoso e que está úmido, estamos com pneus de pista seca e não tem área de escape aqui, só muro?. Não é uma manobra que se faz na melhor das condições, muito menos nas condições que tínhamos."
Os dois chegaram a estar por alguns minutos juntos na zona de entrevistas na pista de Imola, mas sequer trocaram olhares. Logo depois, foram se explicar para os comissários de pista, que não deram nenhuma punição.
De fato, o finlandês agiu de acordo com as regras: ele não fez nenhum movimento brusco com o volante, e deixou, por todo o tempo, uma distância de pelo menos um carro entre sua Mercedes e a linha branca que delimita a pista. O acordo de cavalheiros citado por Russell, claro, não faz parte das regras esportivas da F1. E o acidente foi julgado como um "incidente de corrida" pelos comissários.
É até compreensível que Russell tenha sido tão enfático em suas críticas. Mais uma vez, ele fazia uma grande corrida com a Williams e lutava pela nona colocação com Bottas depois de ambos já terem feito suas paradas. George tinha sido um dos primeiros a arriscar colocar os pneus para pista seca, então estava com a borracha mais aquecida que o piloto da Mercedes naquele momento e tinha que aproveitar para forçar a manobra.
Como pano de fundo, os dois em teoria disputam uma vaga na Mercedes ano que vem, quando Russell estará liberado da Williams. O inglês, que teve carreira impecável nas categorias de base e só não ganhou o GP em que substituiu Lewis Hamilton na Mercedes ano passado, em Sakhir, superando Bottas, por um erro da equipe e, depois, um pneu furado. A batida deste domingo, inclusive, é mais um resultado promissor que acaba em decepção para o piloto de 23 anos, que bateu sozinho atrás do Safety Car quando também tinha boas chances de pontuar no GP da Emilia Romagna do ano passado.
Russell sabe que o chefe da Mercedes, Toto Wolff, está de olho nele. Após o acidente, o austríaco revelou que o piloto não tinha falado com ele, e disse que costuma brincar sobre seu futuro. "Eu fico provocando-o. Digo que, se ele fizer um bom trabalho, pode ir para a Mercedes. Caso contrário, vai para a Renault Clio Cup. E hoje ele ficou um pouco mais perto da Renault Clio Cup", ironizou.
Para Wolff teve pelo menos um motivo para ficar satisfeito com o desfecho da história: quando Russell e Bottas bateram, Hamilton tinha acabado de cometer um erro e tinha perdido uma volta em relação ao líder Verstappen. Mas ele conseguiu recuperá-la por conta da bandeira vermelha e terminou em segundo. Já Norris era terceiro naquele momento, aproveitou a interrupção para colocar os pneus macios e conseguiu roubar a posição de Charles Leclerc, importante na briga apertada entre McLaren e Ferrari.
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