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De usina de vinhedo a novo combustível: o que a F1 faz para ser mais verde
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Enquanto os líderes mundiais se reúnem para encontrar formas de combater o aquecimento global, a Fórmula 1, mesmo com suas viagens ao redor do globo promovendo uma corrida de automobilismo, segue um caminho semelhante. Em busca da meta da categoria de neutralizar o carbono que produz até 2030 - incluindo as viagens dos torcedores para acompanhar as corridas, marcadas para 22 países diferentes em 2021 - equipes e fornecedores estão identificando o que podem cortar e substituir em prol de um esporte mais sustentável.
Os carros na pista, na verdade, são o menor dos problemas. Na AlphaTauri, baseada na Itália, um estudo apontou que a equipe produziu, em 2019, 15.000 toneladas de CO2, sendo que 70% são produzidos na própria fábrica. Então diminuir as emissões antes mesmo de os carros irem para as corridas se tornou a prioridade na equipe, que vem usando a criatividade: como uma das vizinhas da fábrica é a Caviro Group, especializada na produção de vinhos, a equipe passará a usar um sistema de calefação alimentado pelo lixo orgânico do vinhedo, aproveitando a energia gerada pela usina termoelétrica de biomassa que a empresa já utiliza.
Nas pistas, o que eram antes motores beberrões, muitas vezes trocados até mesmo do sábado para o domingo, hoje são unidades de potência híbridas, cujo estudo contribuiu para o desenvolvimento de tecnologias que tornam os carros de rua mais termo eficientes, ou seja, utilizando o próprio calor que produzem.
Mas a F1 ainda usa combustível fóssil, e esse é o grande foco em termos de tecnologia automobilística em si no momento, com o aumento da proporção de biocombustíveis na formulação. Hoje, 5,75% do combustível é composto por bicomponentes e essa proporção vai aumentar para 10% ano que vem, sendo que há a exigência de que seja etanol sustentável, ou seja, que a cana-de-açúcar usada para a produção do combustível não concorra com os produtos cultivados para a alimentação.
E existe a discussão, ainda que especialistas acreditem que seja uma meta audaciosa, de chegar à formulação de 100% de biocombustíveis já na próxima geração de motores, que deve estrear em 2026. "Nós temos pressionado pelo aumento do uso de etanol no combustível da F1, pois isso está alinhado com as tendências da indústria automotiva, fazendo com que a pista seja um bom banco de provas para aprendermos coisas que podemos levar para os carros de rua", explica o chefe de desenvolvimento de combustíveis da Shell na F1, Benoit Poulet.
E o trabalho não para nas pistas. "Estamos provendo biodiesel renovável para os caminhões que transportam nossos produtos na temporada europeia. E estamos trabalhando juntamente com a Ferrari para identificar oportunidades de melhorar a sustentabilidade da operação, como apoiar a fábrica da Scuderia para que ela se torne use 100% de energia renovável."
Estas tais oportunidades são mudanças simples, como usar materiais mais leves, diminuindo o peso e tamanho material que é carregado por via aérea e reciclar materiais - por exemplo, o piso do laboratório que a Shell leva para as pistas é feito de borracha reciclada.
Há muito o que se fazer na Fórmula 1 para torná-la mais verde, uma vez que todas as decisões no passado eram tomadas de acordo com o custo. Se era mais barato comprar uma impressora a cada GP do que transportar apenas uma, isso era feito. Mas não mais.
Um bom exemplo é a McLaren, que está no processo de aposentar seu motorhome, uma marca da era Ron Dennis. O local, que serviu de escritório para pilotos, chefes e engenheiros, e para receber convidados nos últimos 15 anos, precisava de 17 caminhões para ser transportado. Um novo motorhome, mantendo todas as funcionalidades do anterior, mas de maneira mais eficiente, precisará de oito. Sua estreia será no GP de Mônaco, no final de maio.
A McLaren também está banindo os plásticos não reutilizáveis, assim como todas as equipes foram instruídas pela F1 a fazer o quanto antes. No paddock da categoria em Imola, no último final de semana, havia uma estação de água para incentivar as pessoas a usarem suas próprias garrafas.
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