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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Como a Mercedes virou para cima da Red Bull e por que Mônaco é importante

08.mai.2021 - Carros de Max Verstappen, da Red Bull, e de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, ambos da Mercedes, após o treino qualificatório para o Grande Prêmio da Espanha de Fórmula 1  - REUTERS/Nacho Doce
08.mai.2021 - Carros de Max Verstappen, da Red Bull, e de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, ambos da Mercedes, após o treino qualificatório para o Grande Prêmio da Espanha de Fórmula 1 Imagem: REUTERS/Nacho Doce

Colunista do UOL

17/05/2021 04h00

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Depois de vencer seis campeonatos seguidos e vir de uma temporada de domínio absoluto em 2020, a Mercedes teve um começo diferente em 2021: o carro nasceu desequilibrado e, na primeira classificação do ano, a Red Bull de Max Verstappen foi mais de quatro décimos mais rápida. Isso foi no final de março. Seis semanas depois, Lewis Hamilton largou na pole e mostrou um ritmo melhor para vencer no GP da Espanha. Como isso foi possível? E o que isso significa para o GP de Mônaco, neste fim de semana?

"É justo dizer que, na pré-temporada, no Bahrein, estávamos com dificuldades com o carro", reconheceu o chefe de engenharia de pista da Mercedes, Andrew Shovlin. "Não conseguíamos colocar o carro na janela de funcionamento correta, os pilotos não tinham confiança para carregar velocidade nas entradas das curvas, o carro nem virava muito bem [era difícil principalmente em curvas mais fechadas, nas quais estávamos perdendo muito tempo]. A traseira estava ruim quando o piloto reacelerava. O carro era muito traseiro. Era muita coisa para acertar."

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Lewis Hamilton durante os testes da pré-temporada da Fórmula 1
Imagem: Wolfgang Wilhelm/Mercedes

De fato, todos esses comportamentos descritos por Shovlin eram visíveis na primeira etapa, mas não existem mais, mesmo que o carro não tenha mudado tanto assim. A virada da Mercedes em tão pouco tempo é especialmente impressionante porque essa não é uma temporada como as outras. Pela primeira vez, as equipes estão trabalhando com um teto de gastos e times como o alemão estão em processo de enxugar sua estrutura, podendo gastar por volta de 30% a menos. Outra novidade na temporada 2021 é uma regra que limita o tempo de desenvolvimento aerodinâmico dependendo da posição no campeonato, ou seja, a Mercedes também está tendo, como campeã do ano passado, menos possibilidades de projetar e testar mudanças. O regulamento também está mais restrito em relação ao que pode ser atualizado no carro e o foco de todas as equipes está já bastante voltado para 2022, quando a F1 muda totalmente seu regulamento. Para completar, as restrições de viagem por conta da pandemia também atrapalham alguns processos.

Ou seja, no papel, seria a pior temporada possível para começar devendo na pista. Mas, sabendo de seu contexto, a Mercedes alinhou, também, sua reação. Não apostou em um grande pacote aerodinâmico, que comprometeria parte de sua alocação para 2022 mas, sim, em tentar refinar o que já tinha em mãos. E a receita deu certo.

"Trabalhamos muito na fábrica de Brackley e também em Brixworth, do lado da unidade de potência. Isso porque conseguíamos ver que algumas coisas no comportamento do motor não funcionavam como queríamos, e melhoramos na parte da entrega da potência. Então era uma questão de ir acertando o que tínhamos, em inúmeras sessões no simulador", contou Shovlin.

Quem fez boa parte destas simulações foi Valtteri Bottas, entre os GPs do Bahrein e da Emilia Romagna, o que só foi possível porque havia três semanas entre as provas. Isso porque, pelas regras atuais do Reino Unido por conta da pandemia, todas as pessoas que entram no país precisam ficar em quarentena por pelo menos cinco dias, o que tem dificultado a presença dos titulares nos simuladores.

Junto a isso, a equipe levou algumas novidades pontuais ao carro já na segunda etapa, e encontrou o caminho para deixá-lo mais neutro. "Então não há só uma resposta para como melhoramos o carro. Parte foi consequência das novidades, mas muito da melhora veio simplesmente de compreender os problemas e fazer com que os pilotos tivessem confiança para colocar o carro no limite."

A Mercedes é favorita em Mônaco?

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Lewis Hamilton na frente de Max Verstappen no GP de Mônaco de 2019
Imagem: Boris Horvat/AFP

Mas há uma área que ainda preocupa a Mercedes e que será testada neste final de semana, no GP de Mônaco: o comportamento do carro em curvas de baixa velocidade. No setor mais travado da pista de Barcelona, Verstappen foi mais rápido que Hamilton na classificação e, como trata-se do último setor do traçado espanhol, essa vantagem foi importante para ele conseguir segurar o inglês durante boa parte da corrida, embora tivesse um carro mais lento no geral.

Na última vez que Hamilton e Verstappen duelaram nas ruas de Mônaco, em 2019, foi uma disputa apertada, no que o inglês definiu como uma de suas corridas "mais estratégicas". Agora é esperar qual será o desfecho do segundo round monegasco dessa disputa: a quinta etapa do campeonato tem os primeiros treinos livres já na quinta-feira (20).