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Pirelli aperta o cerco às equipes para tentar evitar novos estouros de pneu

Max Verstappen bate sozinho faltando cinco voltas para o fim do GP do Azerbaijão - Reprodução/Fórmula 1
Max Verstappen bate sozinho faltando cinco voltas para o fim do GP do Azerbaijão Imagem: Reprodução/Fórmula 1

Colunista do UOL

18/06/2021 04h39

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De um lado, a Pirelli demonstra desconfiar que algumas equipes estão usando seus pneus com as pressões abaixo do recomendado, o que teria levado aos dois estouros vistos no GP do Azerbaijão, com Lance Stroll e com o líder da corrida, Max Verstappen. De outro, os pilotos saíram em defesa de suas equipes e se mostraram agradecidos por nada de mais grave ter acontecido.

A Pirelli reconheceu que os dois estouros aconteceram porque o chamado "ombro" do pneu se rompeu, gerando uma separação entre a lateral e a banda de rolagem. E o chefe de automobilismo dos italianos, Mario Isola, explicou na França, onde a F1 faz sua sétima etapa do campeonato neste fim de semana, que isso pode ter acontecido porque algumas equipes estão encontrando uma maneira de andar com uma pressão abaixo da prescrita.

A questão é que não há como controlar isso e, se as pressões estivessem mesmo mais baixas, isso não quer dizer que os times estão fora do regulamento. O que existe é um limite na pressão inicial, e isso, como confirmado pela Pirelli, foi seguido por todos.

"O que aconteceu em Baku foi simplesmente porque as condições em que os pneus estavam sendo usados eram diferentes do que estávamos esperando. A falha foi um corte circunferencial no "ombro" interno do pneu - a mesma coisa aconteceu em ambos os casos. Quando você colocar muita energia nos pneus com uma pressão que é menor do que o esperado, o resultado é o que chamamos de ondas paradas. Elas colocam muita energia nesse 'ombro' do pneu e, em determinado momento, ele se rompe. E foi isso que aconteceu em Baku."

Esta explicação, contudo, não convenceu os pilotos. "Foi um pouco vago", reclamou Verstappen. "O que posso dizer é que, do nosso lado, a equipe fez tudo o que poderia ter feito. Eles seguiram as normas a respeito das pressões e não havia nada de errado ali."

O holandês disse ter certeza de que as pressões mínimas serão aumentadas para este fim de semana, e afirmou que tudo só deve ter acontecido porque as pressões mínimas eram baixas demais em Baku. "Provavelmente teve a ver com isso. Seria legal saber se foi uma questão de pressão mesmo. É só falar abertamente. Seria um pouco mais fácil de entender do que a explicação que tivemos."

Companheiro de Stroll na Aston Martin, Sebastian Vettel - que já teve estouros com os pneus Pirelli em três ocasiões, no GP da Bélgica de 2015, Áustria em 2016 e Grã-Bretanha em 2017 - quando perguntado se confiava na integridade estrutural dos pneus, disse que "a resposta curta é que não posso dizer 100% sim e nem que 100% não." Ele disse entender que os pneus sofrem a ação de forças variadas e disse que a prioridade dos pilotos é que eles sejam seguros.

A questão para a Pirelli é que, se as equipes estão fazendo algo que muda a pressão dos pneus levando-os a um patamar abaixo do que eles preveem (uma vez que as pressões mínimas já levam em conta qual será a condição real quando o carro está em movimento), uma mudança só poderá ser feita ano que vem, quando a F1 adota um novo pneu, de 18 polegadas, que contará com um sensor de pressão interno.

"O ideal seria policiar as condições quando os pneus estão em uso: a pressão estabilizada, a carga, a velocidade, a cambagem. Obviamente não dá para policiar esses parâmetros com o carro em movimento porque não temos as ferramentas para tal."

As equipes preferem andar com pressões mais baixas porque isso aumenta a superfície de contato do pneu com o asfalto e a aderência aumenta. No GP da França, cujos primeiros treinos livres são disputados nesta sexta-feira, há algumas curvas de alta velocidade em que a carga nos pneus é alta, mas Paul Ricard não é um circuito conhecido por ser duro com os pneus. A preocupação maior é com a etapa de Silverstone, daqui cerca de um mês.