Após 8 corridas, por que Ricciardo ainda não brilha como Norris na McLaren?

Enquanto Lando Norris complicava a vida de Sergio Perez e Valtteri Bottas, ambos com carros muito mais rápidos que sua McLaren, no início do GP da Estíria, e depois fazia uma corrida tranquila para chegar em quinto, seu companheiro Daniel Ricciardo tinha um domingo apagado no Red Bull Ring, ficando fora da zona de pontuação. Ainda sem conseguir extrair o máximo rendimento do carro depois de oito provas na nova equipe, o sempre sorridente Ricciardo até reconheceu que está "com certa dificuldade" de manter a positividade.

Por enquanto, o desempenho irregular do australiano que foi contratado a peso de ouro ano passado ainda não traz prejuízos à equipe. Com Norris em grande fase e sendo o único piloto a pontuar em todas as corridas disputadas até aqui, a McLaren está se mantendo à frente da Ferrari na briga pelo terceiro lugar na tabela. Mas a diferença entre Norris e Ricciardo já está em 52 pontos e o time precisa que os lampejos que ele mostrou na Espanha e na França se tornem a regra.

Mas o que explica o fim de semana tão ruim de Ricciardo na Estíria? Nos treinos livres de sexta-feira, o australiano estava muito à vontade no carro e os tempos de volta vinham com facilidade. Desde a primeira sessão do sábado, tudo mudou, e ele não tinha uma explicação para isso. Mais de meio segundo mais lento que Norris, Ricciardo só se classificou em 13º.

"Ele vem tendo dificuldade em pilotar o carro no limite", explicou o chefe da McLaren, Andreas Seidl. "Eu não acho que estou tentando andar mais que o carro ou que estou brigando com o carro. Mas eu sinto que falta pista para eu conseguir imprimir velocidade nas curvas", completou o piloto.

Seidl já explicou anteriormente que o carro da McLaren tem algumas particularidades em seu comportamento às quais Norris, em sua terceira temporada com a equipe, está mais habituado. E é normal que Ricciardo tenha mais dificuldade quando está buscando o limite do que durante as corridas.

Mas, então, por que ele chegou na posição em que largou, atrás de carros mais lentos que a McLaren como a Aston Martin, AlphaTauri, Alpine e até mesmo da Alfa Romeo de Kimi Raikkonen?

Foi aí que entrou o azar: Ricciardo fizera uma excelente primeira volta e estava andando em nono quando começou a sofrer com um problema na parte da energia elétrica do motor, perdeu potência e foi ultrapassado por quatro carros enquanto mudava as configurações no volante para resolver o problema. Pior: ficou preso bem atrás de Kimi Raikkonen, único que estava com os pneus mais duros naquele momento, ou seja, um piloto com um pneu consistente e que demoraria para parar nos boxes.

Então o plano que Ricciardo tinha, de conseguir andar num ritmo forte nesta primeira parte da corrida para, depois da única parada no box, conseguir passar os carros que estavam com pneus macios, foi por água abaixo. Quando ele teve pista livre, andou no mesmo ritmo de Norris, mas, por mais de 50 das 71 voltas, esteve no trânsito.

"Eu estava em um trenzinho com todo mundo usando DRS, então, o ritmo de todos era parecido. Sainz estava numa estratégia parecida e terminou em sexto, e eu estava na frente dele quando tive o problema. É em dias assim que eu não amo tanto o esporte."

A prova do último domingo foi um ótimo exemplo do que não está se encaixando para Ricciardo ainda. Ele tem dificuldade na classificação, acaba largando atrás de carros mais lentos e não consegue imprimir seu ritmo nas corridas —quando o faz, consegue bons resultados como os sextos lugares da Espanha e da França. Por isso, resolver essa questão do sábado é tão importante, até mesmo, para o terceiro lugar da McLaren no campeonato.