Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Como a Pirelli escolhe quais pneus vai levar para cada GP da Fórmula 1?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Quando a Fórmula 1 foi obrigada a fazer duas corridas seguidas em uma mesma pista devido aos cancelamentos causados pela pela pandemia, uma tentativa de tornar as provas diferentes foi alterar os compostos de pneu disponíveis. Na tela da TV, aparecem sempre os macios (que têm uma faixa vermelha na lateral), os médios (faixa amarela) e os duros (faixa branca). Mas na verdade existem cinco compostos diferentes, que são escolhidos pela Pirelli de acordo com as características de cada pista.
As tais corridas seguidas foram no Red Bull Ring: no GP da Estíria, os pneus eram mais duros do que no GP da Áustria, e isso só não obrigou os pilotos a fazerem duas paradas na segunda corrida porque a temperatura caiu de forma significativa de um fim de semana para o outro, ajudando os pilotos a pouparem pneu.
Mas não é em toda pista que a fornecedora única da Fórmula 1 teria essa flexibilidade. As características da pista e do asfalto às vezes limitam as escolhas. Na próxima prova, por exemplo, que será disputada em Silverstone, é necessário usar os compostos mais duros possíveis porque há muitas curvas de alta velocidade.
Pneus para pistas de rua x circuitos com curvas rápidas
Para entender como é feita essa escolha primeiro é preciso saber quais são esses compostos: eles são identificados pelos números, C1, C2, C3, C4 e C5, começando pelo mais duro e resistente, e terminando pelo mais macio e menos durável. A janela de temperatura em que eles funcionam é diferente - o C1 precisa de mais calor para funcionar bem e a temperatura vai caindo até o C5, que funciona com menos calor.
Esse calor não depende só da temperatura da pista. Na verdade, isso tem mais a ver com a energia que é colocada nele, e é por isso que as escolhas dos compostos estão relacionadas às características da pista e do asfalto de cada circuito: um asfalto abrasivo e/ou curvas rápidas e longas colocam mais energia no pneu, ou seja, geram mais estresse e maior aumento de temperatura do que asfaltos mais lisos e/ou curvas mais lentas e curtas.
Usando um exemplo mais extremo, isso quer dizer que um pneu C1 dificilmente chegaria na janela de funcionamento em um circuito como Mônaco. Da mesma forma que um pneu C5 "derreteria" em uma pista de alta velocidade como Silverstone.
Essa questão da temperatura depende, também, muito do carro, suas características e acerto. Então temos visto nesta temporada que a Mercedes tem mais dificuldades de fazer o composto C5 funcionar (haja vista a classificação ruim no GP da Estíria, a pior do time desde 2017, no GP de Singapura, outra pista em que se usa o mesmo composto) do que a Red Bull, por exemplo.
Cabe aos times, contudo, adaptar-se às opções da Pirelli, que não costumam variar muito de um ano para outro. Isso só acontece quando há a avaliação de que foi fácil demais fazer uma parada apenas durante a corrida e de que é seguro usar compostos mais macios no ano seguinte. Isso aconteceu no GP do Azerbaijão deste ano, por exemplo: em 2020, foram levados os C2, C3 e C4, mas o composto mais duro não foi usado durante a corrida e, por isso, neste ano a opção foi pelos C3, C4 e C5.
Em linhas gerais, na maioria das provas a opção é pela gama intermediária (C2, C3 e C4). Principalmente nas pistas de rua, o C5 aparece e, nos circuitos com mais curvas longas de alta velocidade (Barcelona, Silverstone, Suzuka) a preferência é pelos pneus mais duros disponíveis. Para 2021, as únicas duas provas em que houve mudanças foram Baku e o GP de São Paulo, que terá pneus mais macios "para aumentar a possibilidade de adoção de estratégias diferentes", segundo a Pirelli.
Novidade em Silverstone
Na segunda corrida da Áustria, quem viu os treinos livres notou que os pilotos passaram muito tempo com um pneu sem nenhuma faixa pintada. Era uma versão de construção reforçada do composto C3, que estava sendo testado para estrear no GP da Grã-Bretanha e muito provavelmente será usado no restante do ano. Isso é parte da resposta aos dois estouros de pneu do GP do Azerbaijão, com Lance Stroll e o então líder da prova Max Verstappen e era um pneu que já tem alguns elementos que estarão no produto que a Pirelli vai disponibilizar ano que vem.
Esse tipo de mudança só pode ser feito no meio da temporada se houver alguma preocupação com a segurança. Vale lembrar que o GP em Silverstone ano passado foi marcado por estouros de pneu nas voltas finais. Lewis Hamilton venceu, inclusive, mesmo sendo uma das vítimas, na última volta, se arrastando até a linha de chegada.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.