Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Por que Ocon ganhou, Lewis largou sozinho e Max perdeu a liderança da F1?
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Quem apenas viu o resultado do GP da Hungria teve motivos de sobra para se surpreender com o resultado: foi a primeira vitória de Esteban Ocon e também a primeira da Alpine (e da Renault como construtora desde seu retorno à F1 em 2016), seguido na pista por Sebastian Vettel, da Aston Martin (que foi desclassificado por não ter combustível suficiente para gerar uma amostra no final da corrida, decisão da qual a equipe já sinalizou que pretende recorrer). O pole Lewis Hamilton em determinado momento da prova largou sozinho no grid, foi parar em último, chegou em terceiro, e pode ter o segundo lugar confirmado nos próximos dias dependendo do que acontecer com o apelo de Vettel). E seu rival na disputa pelo título, Max Verstappen, ficou preso atrás de carros mais lentos e terminou em décimo (podendo subir para nono). Mas como tudo isso aconteceu?
Strike causado por Bottas e Stroll na largada mudou a prova
Começou a chover no Hungaroring meia hora antes da largada. Não caiu muita água, mas foi o suficiente para a falta de aderência pegar Bottas de surpresa na primeira freada: ele bateu na traseira de Lando Norris que, desgovernado, atingiu Max Verstappen. E Bottas ainda tirou Sergio Perez da corrida antes de parar na brita. Um pouco mais atrás, era Stroll quem também perdia seu carro na largada e, ao evitar bater em que estava logo a sua frente, foi parar na grama e tirou Charles Leclerc da corrida, batendo também em Daniel Ricciardo.
Esse carro que Stroll evitou era o de Esteban Ocon, que largara em oitavo e acabou sendo o segundo a emergir ileso da confusão, atrás apenas de Hamilton, que largou na pole. Atrás dele estava Vettel, que teve uma largada muito ruim, segundo o próprio, da décima posição, e foi salvo por isso, já que a confusão aconteceu na sua frente.
Outros pilotos que estavam largando nas últimas posições se deram bem: Yuki Tsunoda saiu de 16º para quinto, e Nicholas Latifi foi de 18º para sexto. Em uma pista em que é difícil ultrapassar e com vários carros rápidos fora, seria a chance de ouro para pilotos que geralmente são coadjuvantes.
Por que Hamilton fez uma largada sozinho no grid?
Com a pista cheia de detritos, a prova foi interrompida com uma bandeira vermelha, enquanto o sol apareceu. Sem saber qual era a condição de pista, os pilotos se surpreenderam quando, na volta de apresentação, perceberam que o asfalto já tinha secado. Todos entraram nos boxes, menos Hamilton, que largou sozinho no grid, enquanto os outros esperavam a luz verde no pitlane. "Eu falei para a equipe da situação da pista, mas eles achavam que choveria mais", explicou Hamilton, que logo na primeira volta após a relargada, teve de fazer sua troca e voltou em último.
Ele, então, escalou o pelotão, ora fazendo ultrapassagens, ora antecipando paradas nos boxes para usar seu ritmo superior com pista livre. Foi assim, inclusive, que ele passou seu rival Max Verstappen e Daniel Ricciardo ao antecipar sua parada na volta 20. Dali em diante ele passou Mick Schumacher, Latifi, Tsunoda, Fernando Alonso (após grande disputa que durou 10 voltas) e Carlos Sainz para chegar na posição de pódio.
Como Ocon liderou a corrida toda e venceu?
O fato de Alonso ter segurado Hamilton foi destacado pelo francês, que agradeceu muito o trabalho do companheiro de quem ele ouviu "muita gente falar muita coisa antes de ele ser meu companheiro, mas eu posso dizer que eles estavam errados e ele é um cara fantástico."
Mas a ajuda do bicampeão foi apenas a cereja do bolo. Depois que se viu em primeiro em uma pista em que é difícil ultrapassar, Ocon sabia que só precisava administrar seu ritmo. "É muito mais fácil lutar na ponta, administrar os rivais que estão atrás, do que lutar no meio do pelotão como temos feito nos últimos anos. Digamos que todos os meus anos de F1 foram um bom treinamento para este dia."
O único momento em que sua corrida esteve realmente ameaçada foi quando a Aston Martin chamou Vettel aos boxes antes do líder, dando ao alemão uma boa chance de emergir na frente depois que Ocon parasse. "Eles realmente tinham uma chance ali, mas ouvi que a parada deles não foi muito boa, e provavelmente foi isso que fez a diferença."
O que aconteceu com Verstappen?
O holandês chegou à Hungria como líder do campeonato e pode ter saído com uma desvantagem de oito pontos para Hamilton caso a desclassificação de Vettel seja confirmada, depois de cair para 12º após a relargada e só conseguir subir até a décima posição.
A explicação para a diferença entre a recuperação de Hamilton e a corrida de Verstappen é simples: os danos sofridos na batida com Bottas eram grandes demais para serem reparados na bandeira vermelha, e ele correu com o carro bastante danificado e desequilibrado. "Perdi toda a lateral do carro, o assoalho também estava danificado. Estava impossível pilotar." Era por isso, inclusive, que ele e Ricciardo, que viveu a mesma situação e correu praticamente toda a corrida ao seu lado, riam ao conversar após a prova. "Depois do que aconteceu com a gente, o jeito é rir mesmo", disse Ricciardo.
Outro que estava rindo à toa, mas pelo grande resultado, era Latifi, que chegou a andar em terceiro e terminou em oitavo com a Williams. Seu companheiro, George Russell, em nono, pontuou pela primeira vez pela equipe, e se emocionou após a prova. Russell chegou a aparecer em segundo atrás de Hamilton após a relargada, mas tinha ultrapassado vários pilotos pegando a linha de dentro dos boxes, o que não é permitido em relargadas, e teve de devolver as posições. Ambos serão promovidos para sétimo e oitavo caso a desclassificação de Vettel seja confirmada após o apelo.
Agora a F1 volta só no final de agosto, com o GP da Bélgica.
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