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Como a F1 teve pódio e pontos em corrida que nem começou para valer em Spa?

O pódio do GP da Bélgica: o campeão Max Verstappen (centro), com o segundo colocado George Russell (à esq.) e Lewis Hamilton (3º) - KENZO TRIBOUILLARD/AFP
O pódio do GP da Bélgica: o campeão Max Verstappen (centro), com o segundo colocado George Russell (à esq.) e Lewis Hamilton (3º) Imagem: KENZO TRIBOUILLARD/AFP

Colunista do UOL

29/08/2021 18h26

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O GP da Bélgica não teve nenhuma volta de corrida de verdade, mas mesmo assim Max Verstappen estourou a champanhe na comemoração pela vitória e diminuiu a vantagem de Lewis Hamilton na liderança do campeonato de oito para três pontos, com dez etapas para o final da temporada. Mas por que a Fórmula 1 acabou ficando nesta situação de simplesmente não conseguir correr debaixo de chuva em Spa-Francorchamps neste domingo?

Primeiramente, tem chovido muito na região do circuito desde quinta-feira. E, neste domingo, a água começou a cair de forma intermitente por volta do meio-dia. A largada seria às 15h. "Provavelmente, o horário da melhor condição de pista foi justamente quando estávamos indo para o grid, então lá pelas 14h30", disse Daniel Ricciardo, quarto colocado na classficação final, que acabou sendo a mesma do grid de largada na prática.

De fato, os carros não pareciam levantar muito spray, o que é a grande dificuldade neste tipo de condição, indo para o grid. E, mesmo assim, Sergio Perez perdeu o controle de sua Red Bull e bateu na volta de instalação.

Isso porque a a aquaplanagem é outro problema, especialmente com os carros tão baixos como aqueles com que a F1 corre atualmente. E o spray levantado é maior porque os pneus traseiros foram aumentados nos últimos anos. Esses dois fatores, juntamente com a situação da pista de Spa contribuíram para que a direção de prova considerasse inviável retirar o Safety Car da pista.

A grande preocupação era com a baixa visibilidade e a possibilidade de aquaplanagem na sequência das curvas Eau Rouge e Raidillon, palco de acidentes graves nos últimos anos, e que já tinha feito uma vítima na F1 neste fim de semana, Lando Norris, que bateu forte na classificação. O acidente ocorreu depois que vários pilotos pediram que a sessão fosse paralisada, mas não foram ouvidos pelo diretor de prova, Michael Masi. Descontente com a atuação do australiano, um dos diretores da associação de pilotos, Sebastian Vettel, foi pessoalmente cobrar que Masi ouvisse mais os pilotos.

E foi isso o que ele fez neste domingo. Como a chuva apertou perto do horário de largada, a opção foi por fazer duas voltas de apresentação atrás do Safety Car, e após ouvir de vários pilotos que a visibilidade era muito baixa, Masi decidiu interromper a prova.

Foram horas de espera até que ficou claro que a chuva não pararia - ela só cedeu às 21h, quando já estava escuro em Spa-Francorchamps - então a F1 passou a buscar soluções factíveis. Segundo Masi, há "uma lista de motivos" pelos quais não seria possível fazer uma corrida na segunda-feira, passando por questões relacionadas à organização, como os fiscais de pista, público e o próprio 'circo' da F1, que já começara a ser desmontado para ir para a próxima etapa, já no próximo final de semana, na Holanda.

Então a decisão foi por garantir que os pontos seriam dados, mesmo que pela metade. O regulamento prevê que é possível dar pontos aos pilotos assim que o líder completar pelo menos duas voltas, não importando como isso foi feito. E por conta disso Verstappen marcou 12.5 pontos, o segundo colocado George Russell fez 9 e o terceiro, Hamilton, conquistou 7.5. "Três voltas foram completadas porque, assim que os carros entraram de volta no pitlane após a bandeira vermelha, eles cruzaram a linha de chegada", explicou Masi.

Embora os pilotos tenham concordado que não era aconselhável correr sob condições tão ruins, por falta de segurança, nem todos concordaram com a pontuação. "É meio que uma piada né?", disse Sebastian Vettel, quinto na corrida. "Se você quiser dar pontos para a classificação, que dê". Para Hamilton, "a maneira como as coisas foram feitas provam que o dinheiro comanda" a categoria.

Quem não teve motivos para reclamar foi Russell, que acabou subindo ao pódio e comemorando, efetivamente, uma excelente classificação, quando colocou a Williams na segunda colocação no grid sob chuva. "Honestamente, era muito difícil. Mesmo estando em segundo, às vezes eu não conseguia nem ver Max à minha frente. Sinto muito por quem estava assistindo, mas a segurança tem de vir em primeiro lugar. Mas um pódio é um pódio e, em duas semanas, eu provavelmente nem vou lembrar como ele foi conquistado. Claro que é uma sensação estranha. Nunca vivi isso na minha carreira, mas acabamos sendo recompensados por um trabalho incrível que fizemos na classificação."

Sem previsão de chuva, o GP da Holanda será a próxima etapa da Fórmula 1, dia 5 de setembro.