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Após 1ª vitória em 9 anos, o que falta para a McLaren voltar ao topo da F1?
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Um casamento entre um carro que rende bem quando anda com pouca pressão aerodinâmica com a eficiência do motor Mercedes e chances dadas pelos rivais permitiu à McLaren conquistar, no GP da Itália no último domingo, sua primeira dobradinha em mais de 11 anos, desde que o time tinha Lewis Hamilton e Jenson Button como pilotos. Embora tenha sido um resultado que dependeu de algumas circunstâncias, ele não deixa de evidenciar que um dos times mais vencedores da história da Fórmula 1 está voltando aos velhos tempos.
Em Monza, Daniel Ricciardo, que acabou vencendo a prova, e Lando Norris poderiam ter fechado a segunda fila do grid na classificação da sexta-feira. Pelo menos é isso o que mostram os tempos de cada setor da pista: se os pilotos tivessem feitos os melhores setores na mesma volta, teriam se colocado à frente do terceiro colocado Max Verstappen e, tendo em vista a velocidade de reta da McLaren em Monza, dificilmente seriam superados pela Red Bull na corrida.
Eles teriam mais dificuldade com as Mercedes, que fecharam a primeira fila e foram os carros mais velozes do final de semana. Porém, tanto o sprint no sábado quanto a própria corrida mostraram que a velocidade de reta dos carros laranjas também seria um fator complicador até mesmo para as Mercedes, usando o mesmo motor. Isso porque o carro da McLaren gera menos resistência ao ar quando é utilizado um pacote de baixa pressão aerodinâmica, necessário para andar rápido em Monza. Resumindo: eles não eram o conjunto mais rápido, mas seriam muito difíceis de serem ultrapassados se tomassem a ponta, como acabou acontecendo.
É claro que o acidente entre Lewis Hamilton e Verstappen ajudou Ricciardo a comandar mais tranquilamente a dobradinha, mas nada disso diminui um fato: a McLaren vem em uma ascensão significativa de 2018 para cá, fortalecendo-se tanto comercial, quanto tecnicamente, com decisões que fogem à cartilha tradicional, e está se posicionando bem para 2022 em diante.
No lado comercial, o CEO Zak Brown apostou em uma pluralidade de parceiros ao invés de buscar uma grande empresa, e estas parcerias não são apenas contratos de publicidade, mas também trocas de tecnologia. Embora o time ainda tenha recorrido a um empréstimo vindo dos acionistas barenitas, isso aconteceu mais porque as contas continuaram sendo altas do que pela falta de apoio.
Isso porque a McLaren está investindo em um novo túnel de vento, mesmo depois de ter sofrido perdas financeiras significativas com o fim da parceria com a Honda em 2018, e teve de correr atrás de toda a atualização que deixou de fazer na fábrica especialmente depois que parceira Mercedes passou a ter a equipe própria, o que mudou seu status, no final de 2012.
Do lado técnico, quando ficou claro, em 2018, que o motor Honda não era o único responsável pelos dois campeonatos em que a McLaren ficou em penúltimo (2015 e 2017), todo o quadro foi reformulado, com a promoção de Andrea Stella e a chegada de Andreas Seidl, em 2019.
O alemão tinha uma estratégia clara de como queria ver a McLaren se comportar como equipe grande novamente ao mesmo tempo em que, tecnicamente, o time primeiro estudou e trabalhou com conceitos de carros como Mercedes e Red Bull, para depois passar a fazer sua própria interpretação, a partir do carro de 2020, e hoje atingir um nível de detalhamento aerodinâmico que permite com que o time se aproxime dos melhores do grid.
E é justo dizer também que o time não tem tido medo de arriscar: foi assim com a decisão de ter um carro bastante modificado para 2020, quando acreditava-se que não fazia sentido mudar muita coisa pois seria o último ano do regulamento atual (o que acabou mudando com a pandemia), e com a decisão de mudar do motor Renault, em parceria que começara em 2018, para o Mercedes neste ano.
Isso sem contar no acerto em apostar no jovem Lando Norris, que fazia parte do time desde a base. Ricciardo, apesar da vitória em Monza, ainda não tem a mesma consistência, mas certamente encaixou bem em um time que, hoje, cultiva uma imagem muito mais leve do que nos anos de Ron Dennis.
É claro que o melhor cenário para a McLaren seria já ter o túnel de vento e as atualizações no sistema de simulações computadorizadas prontos para 2022. Mas se lembrarmos que, em um final de semana em Monza, o time conquistou mais pontos do que em 2017 inteiro e mais da metade de 2018, é inegável que eles estão no caminho certo para voltar a brigar por vitórias sob condições (e em pistas) normais.
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