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F1 confirma ida ao Qatar e terá desafio para fugir de quarentena após GP SP

Circuito de Losail, no Qatar, vai estrear no mundial da F1 em novembro - Divulgação/F1
Circuito de Losail, no Qatar, vai estrear no mundial da F1 em novembro Imagem: Divulgação/F1

Colunista do UOL

30/09/2021 06h13

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A Fórmula 1 anunciou nesta quinta-feira que vai correr no Qatar no dia 21 de novembro, completando a única data que ainda estava em aberto no campeonato de 2021 da categoria. O país, de quebra, assinou um contrato de 10 anos com a categoria, começando a valer em 2023. A adição desta etapa no Oriente Médio, com largada ao entardecer, no final de semana seguinte ao GP de São Paulo trará um grande desafio logístico para a categoria, e tem relação direta com as restrições de viagem que o Brasil ainda enfrenta por conta da pandemia.

No momento, entre os sete países que sediarão corridas da Fórmula 1 neste ano, apenas dois deles estão na lista vermelha do Reino Unido: México e Brasil. Isso significa que, ao retornar destes países, quem mora na Inglaterra precisa ficar em quarentena, em um hotel determinado pelo governo, por 10 dias. Como sete das 10 equipes da categoria são baseadas em solo britânico, assim como a operação da detentora dos direitos comerciais, a Liberty Media, as regras do governo britânico acabam sendo muito importantes para o calendário.

Para não perder as etapas mexicana e brasileira, a F1 as posicionou em sequência, com o GP do México dia 8 de novembro e o de São Paulo, dia 14. E, para o plano de fugir da quarentena britânica dar certo, seria necessário ter uma terceira etapa na sequência. Depois de meses em que várias possibilidades foram estudadas, chegou-se a um acordo com o governo do Qatar.

gp de são paulo - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Volta do GP de F1 a Interlagos está marcada para dia 14 de novembro
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Assim, os profissionais da categoria viajam a partir dos últimos dias de outubro, dependendo de sua função (aqueles que montam as garagens vão antes dos demais membros das equipes, por exemplo) e só voltam para a casa depois de cumprirem 10 dias fora do Brasil, ou seja, depois que o GP do Qatar for disputado.

As equipes tentaram frear essa rodada tripla, devido ao grande desgaste de seus funcionários já na reta final do campeonato, mas a perda financeira seria muito significativa. Computando apenas as taxas que a Cidade do México e São Paulo pagam, juntas, para receber suas corridas anualmente, os valores estão na casa de 50 milhões de dólares.

A última confirmação pendente é em relação ao pedido de isenção da quarentena à qual todos que tenham passado pelo Reino Unido nos últimos 14 dias são sujeitos na entrada no Brasil. Ao longo do campeonato, outros países tinham restrições semelhantes aos britânicos, como Bélgica, Holanda e Rússia, e estas corridas só puderam acontecer porque foi dada a isenção por se tratar de um evento esportivo em que há um controle rigoroso da pandemia.

Para garantir estas etapas mesmo com ambos os países estando na lista vermelha britânica, o esforço logístico será grande: os equipamentos chegam por meio de três carregamentos diferentes por via marítima (um para as etapas de EUA e México, outro para o Brasil e outro para as demais), enquanto os carros e outras peças mais valiosas vão por via aérea, sendo empacotados ainda na noite da corrida para serem enviados o mais rápido possível. Isso porque os carros precisam estar prontos para inspeção na quinta-feira seguinte.

Não será a primeira vez que a Fórmula 1 vai sair correndo do Brasil para realizar uma etapa no Oriente Médio já no final de semana seguinte: isso foi feito em 2010, quando a categoria correu dia 7 de novembro em São Paulo e dia 14 em Abu Dhabi. Naquela ocasião, houve atrasos nos carregamentos, com peças chegando pouco antes dos primeiros treinos livres na sexta-feira, mas a etapa (inclusive, uma decisão de campeonato) foi disputada normalmente.

Após a corrida do Qatar, a F1 terá outras duas corridas no Oriente Médio, na Arábia Saudita, dia 5 de dezembro, e em Abu Dhabi, dia 12.

GPs "novos" têm resultado em boas corridas

mugello batida - Reprodução/F1 - Reprodução/F1
Engavetamento em relargada do GP da Toscana, uma das novidades trazidas pela pandemia
Imagem: Reprodução/F1

Pelo menos para os fãs, há um lado bom de todo esse esforço: a Fórmula 1 tem tido de ser criativa nas duas últimas temporadas para conseguir cumprir seu calendário em meio à pandemia.

Em 2020, a categoria fez 17 GPs mesmo iniciando seu calendário em julho, adicionando pistas que, há tempos, não faziam parte do campeonato (como Imola, Turquia e Nurburgring), e três estreantes (Portugal, Sakhir e Mugello).

E a receita deu certo. A maioria destas provas foi emocionante, o que fez com que os torcedores comemorassem quando, neste ano, Imola, Portugal e Turquia acabaram sendo mantidas, novamente como substitutas. A prova em Istambul, inclusive, é a próxima de um campeonato que vem sendo muito disputado entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. O inglês vai para a 16ª etapa, dia 10 de outubro, com apenas dois pontos na frente do rival.