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Vivendo melhor campeonato dos últimos anos, por que a F1 vai mudar em 2022?

Pilotos da temporada 2021 da Fórmula 1 posam ao lado do carro que será usado em 2022 - Divulgação/Fórmula 1
Pilotos da temporada 2021 da Fórmula 1 posam ao lado do carro que será usado em 2022 Imagem: Divulgação/Fórmula 1

Colunista do UOL

04/10/2021 04h00

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A Fórmula 1 está vivendo sua melhor temporada dos últimos anos, com uma disputa parelha entre o atual líder do campeonato, Lewis Hamilton, e Max Verstappen. Os dois já trocaram de ordem na ponta cinco vezes em 15 corridas, e é difícil apontar um favorito para vencer o título. Ao mesmo tempo, a categoria se prepara para uma extensa mudança de regulamento técnico para o ano que vem, o que pode fazer com que uma equipe se dê muito melhor que as outras e passe a dominar a categoria, como a Mercedes fez quando a F1 trocou de motor em 2014 —não perdendo nenhum campeonato de lá para cá.

Mas por que a categoria está correndo esse risco agora que o nível de competitividade está tão alto? Por um lado, o novo regulamento acaba ajudando a disputa deste ano a ser tão acirrada. E, por outro, ainda há problemas a serem resolvidos, e a F1 tem motivos para acreditar que o novo regulamento vai ajudar neste sentido.

Por que esta temporada está tão disputada?

Ao longo do ciclo de um mesmo conjunto de regras, é normal que a vantagem de um time que tenha pulado na frente dos outros, como aconteceu com a Mercedes, vá diminuindo, pois são eles que chegam primeiro ao limite de desenvolvimento. Isso aconteceu com os motores, que eram muito melhores que os demais em 2014, e que agora estão no mesmo nível dos Honda, que equipam a Red Bull. As unidades de potência japonesas deram um salto importante em 2021, e são um dos fatores que vêm ajudando a equipe a desafiar a heptacampeã Mercedes.

Já o carro do time de Hamilton sofreu mais que o de Verstappen com a última mudança de regras, entre 2020 e 2021 e que não chega nem perto da revolução pela qual a F1 passará em 2022. Essa mudança foi motivada pelo temor quanto à integridade dos pneus no último ano em que eles serão usados (já que a F1 vai adotar pneus de aro 18 ano que vem). Ou seja, é uma mudança que só aconteceu por conta da revolução do ano que vem.

Um terceiro fator é o teto orçamentário, adotado neste ano e que vem sendo usado de maneiras diferentes na Mercedes e na Red Bull. Tendo a primeira chance real de título desde 2013, a equipe de Verstappen entende que vale a pena desenvolver este carro (ainda que, na atual fase do campeonato, o ritmo da chegada de novas peças já seja bem mais lento) ao mesmo tempo em que o projeto de 2022 está a pleno vapor. Já a Mercedes fez uma grande atualização em Silverstone e deve correr com o mesmo equipamento até o final do ano. Este é mais um exemplo de algo que só está acontecendo em 2021 porque haverá uma mudança tão grande em 2022, ou seja, a competitividade deste ano está intimamente ligada ao que vai acontecer ano que vem.

Por que a F1 precisa mudar?

f1 2022 - REUTERS/Andrew Couldridge - REUTERS/Andrew Couldridge
Novo carro da Fórmula 1 para 2022 vai permitir mais disputas na pista
Imagem: REUTERS/Andrew Couldridge

Mesmo com a disputa pelo campeonato estando muito parelha, um problema que a F1 busca remediar com o novo regulamento segue latente: a turbulência gerada pela atual geração de carros dificulta as disputas por posição na pista.

A última grande mudança de regulamento foi nas dimensões nas asas, em 2017, dentro de uma ideia de que os carros deveriam ser mais velozes e ter um visual mais agressivo. Mas isso só piorou a questão da turbulência e ainda trouxe um efeito colateral: foram adotados também pneus mais largos, que geram mais spray quando chove, piorando a visibilidade. E é por falta de visibilidade que a F1 tem tido tanta dificuldade em andar na chuva nos últimos anos.

O carro de 2022 foi feito a várias mãos, com dados trazidos pelas simulações das equipes e pelo simulador da própria F1, que não existia em 2017. Simplificando a carenagem do carro e gerando pressão aerodinâmica pela parte central do assoalho do carro, a tendência é que a turbulência seja diminuída de forma considerável. E isso teria um impacto muito positivo nas disputas na pista.

Há, é claro, o risco de uma equipe interpretar as regras de uma maneira diferente que possa lhe dar uma vantagem, mas a F1 acredita ter fechado todas as possibilidades, com as simulações feitas, de que essa vantagem seja muito significativa. O jeito é curtir a competitividade da atual temporada e esperar para ver o que vai acontecer em 2022.