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Como a Red Bull voltou a lutar pelo título da Fórmula 1 após oito anos

O piloto Max Verstappen, da Red Bull, no treino classificatório para a Sprint Race do GP de São Paulo 2021, no Autódromo de Interlagos 12/11/2021 - PAULO LOPES/ESTADÃO CONTEÚDO
O piloto Max Verstappen, da Red Bull, no treino classificatório para a Sprint Race do GP de São Paulo 2021, no Autódromo de Interlagos 12/11/2021 Imagem: PAULO LOPES/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

13/11/2021 04h00

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Muita coisa mudou na Fórmula 1 desde a última vez que a categoria esteve no Brasil, em 2019. Lewis Hamilton e a Mercedes já chegaram campeões à etapa brasileira, tamanha a superioridade do seu conjunto. E a equipe que ameaçava os então hexacampeões era a Ferrari. Ano passado, se tivéssemos tido GP no Brasil, a história não teria sido muito diferente, já que a folga de Hamilton e da Mercedes foi ainda maior, com a queda da Ferrari depois que irregularidades foram encontradas no seu motor.

O cenário para o que será a estreia do GP de São Paulo, novo nome adotado depois que a cidade e o Estado assumiram a conta milionária para ter um dos eventos que trazem mais movimento financeiro para a capital, não poderia ser mais diferente. Embora a Mercedes siga liderando entre as equipes, a diferença para a Red Bull é de apenas um ponto, e não é Hamilton, mas, sim, Max Verstappen quem está na ponta no mundial de pilotos, com 19 pontos de vantagem.

Esta é a melhor temporada da Red Bull desde seu tetracampeonato, em 2013. Mas como eles conseguiram dar esse salto?

Mercedes - Ricardo Moraes/Reuters - Ricardo Moraes/Reuters
Lewis Hamilton, da Mercedes, durante 1° treino livre do GP de São Paulo
Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Mercedes perdeu vantagem

O fator mais decisivo para essa mudança aconteceu longe da fábrica da Red Bull em Milton Keynes, na Inglaterra. A pandemia fez com que a introdução de um novo regulamento técnico na F1 fosse atrasada em um ano. Com isso, os mesmos compostos de pneus seriam utilizados, e a fornecedora Pirelli temia que os carros ficassem rápidos demais para um produto que eles tinham desenvolvido em 2018. Então foi acertado um pacote que reduzia em 10% o nível de pressão aerodinâmica, a força que 'gruda' os carros na pista e permite que eles façam as curvas em alta velocidade.

Foram mudanças no difusor, no duto de freio e, principalmente, no assoalho, que acabaram ferindo mais os carros que tinham uma filosofia de rake baixo, ou seja, Mercedes e Aston Martin. O rake é a diferença entre a altura da dianteira e da traseira do carro em relação ao solo e os demais times andam com a traseira mais elevada e dependem menos da pressão aerodinâmica gerada na parte do assoalho que foi cortada pelas regras.

Isso explica por que a Mercedes não apenas perdeu terreno em relação à Red Bull, mas também a grande parte do grid. Mas não explica tudo.

Red Bull também evoluiu com carro e motor

O time de Max Verstappen passou grande parte do campeonato do ano passado tentando entender por que às vezes colocava peças novas no carro que não funcionavam, e por que o carro era difícil de pilotar em algumas situações. A equipe se tornou um moedor de pilotos nos últimos anos, uma vez que só Verstappen conseguia se entender com o carro.

No final do ano, a situação já tinha melhorado bastante, e o carro deste ano foi uma evolução, com tudo o que foi aprendido em 2020 sendo aplicado. E as rodadas, que eram comuns nos últimos campeonatos, viraram raridade.

O carro ficou mais nos trilhos e também ganhou mais potência: mesmo estando de saída da Fórmula 1, a Honda não poupou esforços para entregar o melhor produto possível a sua cliente, e decidiu tocar o programa que seria para a unidade de potência de 2022 com um ano de antecipação. O motor a combustão ficou mais potente mas, principalmente, os japoneses resolveram seus problemas com o sistema de recuperação de energia, que não fica descarregado mesmo nas retas mais longas, ao contrário do que acontecia até 2020.

É com esse conjunto afiado e um Verstappen que vem maximizando os resultados do time desde meados de 2018, ganhando uma consistência que não tinha nas primeiras temporadas, que a Red Bull está conseguindo desafiar a Mercedes e hoje sejam vistos —a equipe e seu piloto— no paddock como os favoritos para conquistar o título, no que seria a primeira derrota da Mercedes na era híbrida da F1, ou seja, desde 2014.

Mas a balança já pendeu para os dois lados neste ano e ainda faltam quatro corridas, começando com o GP de São Paulo, que tem a sprint neste sábado, definindo o grid de largada para a corrida do domingo.