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Por que Hamilton ficou na pista com pneus velhos em momento decisivo da F1?

Lewis Hamilton e Max Verstappen, durante GP de Abu Dhabi - ANDREJ ISAKOVIC / AFP
Lewis Hamilton e Max Verstappen, durante GP de Abu Dhabi Imagem: ANDREJ ISAKOVIC / AFP

Colunista do UOL

14/12/2021 04h00

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Quando um Safety Car foi acionado para a recuperação do carro de Nicholas Latifi, que tinha batido, a seis voltas do GP que decidiu o campeonato da Fórmula 1, a situação era a seguinte: Lewis Hamilton e Max Verstappen estavam empatados em pontos, mas o inglês tinha certa folga na liderança. O holandês tinha trocado os pneus 23 voltas antes para tentar pressioná-lo, mas ainda estava 11s9 atrás e não parecia ter ritmo para alcançar Hamilton, que caminhava para o octacampeonato.

O que se seguiu está bem documentado: Verstappen aproveitou o Safety Car para fazer uma terceira parada e colocar os pneus macios, mais velozes, enquanto Hamilton ficou na pista com seus pneus duros, que já tinham 39 voltas. Com essa tática, a Red Bull acabou encurralando a Mercedes, que teria que desistir da liderança para chamar seu piloto aos boxes. Na relargada, na última volta, o holandês superou o rival e foi campeão pela primeira vez na carreira.

Então, por que Hamilton, com pneus tão desgastados e sabendo que ficaria exposto na relargada, não parou? Essa foi uma resposta que a Mercedes não deu, já que tanto o piloto, quanto os membros da equipe não concederam entrevistas no domingo à noite, esperando o resultado de dois protestos relacionados ao procedimento de relargada, que acabaram sendo negados (a equipe ainda pode apelar da decisão a respeito de um deles, algo que será divulgado até quinta-feira), mas dá para ter uma ideia de qual o pensamento por trás da estratégia.

A perda de um pit stop com a corrida neutralizada com o Safety Car era de 15s em Abu Dhabi, o que significava que, se a Mercedes chamasse seu piloto, a Red Bull poderia deixar Verstappen na pista e tomar a liderança da prova, já que a vantagem de Hamilton não era suficiente para que ele parasse e voltasse à frente, mesmo com todos os pilotos mais lentos devido ao SC.

Esse sempre é o drama do piloto que está à frente em uma situação dessas: como é ele quem toma a decisão primeiro, quem vem atrás pode simplesmente fazer o contrário, seja lá o que for. O próprio Hamilton viveu situação parecida no GP da Hungria, quando foi o único piloto que não parou em uma relargada. Caso ele tivesse parado, muitos rivais poderiam ter feito o inverso para roubar a ponta.

Também pesou a dúvida se a pista seria limpa a tempo, ou mesmo se seria necessária uma bandeira vermelha, lembrando que a Mercedes perdeu a liderança do GP da Arábia Saudita justamente assim, chamando seus pilotos para o box durante um Safety Car que acabou virando uma paralisação, na qual os pilotos podem trocar seus pneus. Assim, eles deram a ponta de bandeja para Verstappen na ocasião.

No final das contas, a corrida não só foi reiniciada, como também os cinco retardatários que estavam entre Hamilton e Verstappen puderam descontar suas voltas e saíram do caminho. Tendo uma volta para atacar com pneus 40 voltas mais novo e de um composto mais aderente, o holandês não desperdiçou a oportunidade.