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Haas se afasta de aliado de Putin ao tirar cores da bandeira russa de carro

Nikita Mazepin vai andar pela Haas no último dia de testes em Barcelona - Carl Bingham / LAT Images
Nikita Mazepin vai andar pela Haas no último dia de testes em Barcelona Imagem: Carl Bingham / LAT Images

Colunista do UOL

25/02/2022 04h00Atualizada em 25/02/2022 08h50

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O carro da Haas que está, nesta sexta-feira (25), fazendo o último dia da primeira bateria de testes da pré-temporada da Fórmula 1 não carrega mais as cores da bandeira russa ou tem qualquer menção ao patrocinador principal, que também é do país. O distanciamento não parou por aí: os boxes e os caminhões da equipe também tiveram seus adesivos retirados, e o nome da UralKali não aparece mais nas comunicações do time para a imprensa ou em suas mídias sociais.

Mas o chefe da equipe, Guenther Steiner, explicou que não se trata de um rompimento definitivo. "Temos que resolver as questões legais na semana que vem. Tomamos essa decisão juntamente com nossos parceiros de momento, mas teremos que avaliar o que vamos fazer semana que vem."

A reação tão forte e imediata, vinda pouco depois que a Rússia começou sua invasão na Ucrânia, e antes até de uma reunião de emergência convocada entre os chefes de equipe e os comandantes da Fórmula 1 para discutir a posição da categoria, que tem uma prova marcada na Rússia no final de setembro, tem explicação. A UralKali não é apenas uma patrocinadora que vem da Rússia. O dono da empresa e pai de Nikita, Dmitry Mazepin, é próximo de Putin e se reuniu com ele pelo menos duas vezes neste mês.

A última dessas reuniões foi realizada nesta quinta-feira e contou com 37 empresários russos de vários setores. De acordo com a agência de notícias russa TAAS, "alguns dos empresários que participaram do encontro foram recentemente incluídos nas novas listas de sanções da União Europeia."

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Guenther Steiner (esq), chefe da Haas, ao lado do dono da equipe, Gene Haas
Imagem: HaasDivulgação

Steiner afirmou que a Haas ainda não sofre as consequências de quaisquer sanções. A decisão, neste primeiro momento, não foi econômica. "Nós reagimos muito rapidamente depois de vermos as notícias até porque temos outros parceiros também. Tive uma conversa direta com Gene [Haas,o norte-americano que é o dono da equipe e está em Barcelona] e depois foi uma questão de aguardar a confirmação da Haas Automation nos EUA. Essa é uma vantagem de sermos uma equipe pequena: você consegue uma comunicação direta e rápida com as pessoas."

Tudo aponta para um distanciamento preventivo, a fim de não atrapalhar a preparação da equipe para a temporada, até que a situação fique mais clara tanto politicamente, quanto economicamente. Steiner, inclusive, não sabia dizer se um possível bloqueio em transações bancárias por meio do código swift de empresas russas afetaria o pagamento de seu principal patrocinador. "A UralKali é uma empresa global, então não sei como seria. É uma das coisas que discutiremos na semana que vem."

O italiano deixou claro que a situação também significa que Nikita Mazepin pode perder a vaga, uma vez que seu lugar na equipe está diretamente ligado ao dinheiro investido pela UralKali. "A situação não está 100% nas nossas mãos. Temos que ver como as coisas se desenvolvem", afirmou.

A Haas é a caçula do grid da Fórmula 1, tendo entrado em 2016. Gene Haas tem vasta experiência no automobilismo norte-americano, mas vinha buscando encontrar um comprador para seu time quando Mazepin apareceu. O bilionário russo tentou comprar a ex-Force India, hoje Aston Martin, e também sondou a Williams, sem sucesso. Ele acabou injetando dinheiro na Haas em um momento importante, com a equipe se preparando para sua primeira grande mudança de regras em sua curta história. Mesmo assim, Steiner deixou claro que a atual situação é "uma dor de cabeça, mas não afeta o financiamento da temporada."