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Sucesso faz Mercedes pagar taxa de R$ 24 milhões para correr na F1 em 2022

Comemoração de Lewis Hamilton, Max Verstapen e Valteri Bottas com o engenheiro brasileiro Leonardo Donisete da Silva no pódio do GP de São Paulo realizado no Autódromo de Interlagos pelo circuito mundial da Formula 1 2021 - Duda Bairros/Duda Bairros/AGIF
Comemoração de Lewis Hamilton, Max Verstapen e Valteri Bottas com o engenheiro brasileiro Leonardo Donisete da Silva no pódio do GP de São Paulo realizado no Autódromo de Interlagos pelo circuito mundial da Formula 1 2021 Imagem: Duda Bairros/Duda Bairros/AGIF
Julianne Cerasoli

Fã de Fórmula 1 desde a infância, Julianne Cerasoli nasceu em Bragança Paulista (SP) e hoje vive em Londres (Inglaterra). Atua como jornalista desde 2004, tendo trabalhado com diversos tipos de mídia ao longo dos anos, sempre como repórter esportiva e com passagem como editora de esportes do jornal Correio Popular, em Campinas (SP). Cobrindo corridas in loco na Fórmula 1 desde 2011, começou pelo site especializado TotalRace e passou a colaborar para o UOL Esporte em 2015, e para sites e revistas internacionais. No rádio, é a repórter de Fórmula 1 da Sistema Bandeirantes de Rádio desde 2017, e também faz participações regulares no canal Boteco F1, o maior dedicado à categoria no YouTube. Em 2019, Julianne criou o projeto No Paddock da F1 com a Ju, na plataforma Catarse, em que busca aproximar os fãs da Fórmula 1 por meio de conteúdo on demand e podcast exclusivo com personagens da categoria. Neste espaço: Única cobertura in loco de toda a temporada da Fórmula 1 na mídia brasileira, com informações de bastidores, entrevistas exclusivas, análises técnicas e uma pitada de viagens.

Colunista do UOL

08/03/2022 04h00

Dizem que o sucesso tem seu preço e a Fórmula 1 leva a sério a frase: as taxas de inscrição que as equipes têm de pagar para participarem do campeonato são calculadas com base na quantia de pontos que cada time marcou no ano anterior. E cada ponto do campeão custa mais caro que os demais nessa conta.

Que o diga a Mercedes, que teve de pagar R$ 35.410 por cada um dos 613,5 pontos que marcou na temporada 2021. Foi um ano em que eles conquistaram o octacampeonato inédito, mas em que também viram sua estrela Lewis Hamilton ficar com o vice entre os pilotos. E a conta não para por aí. Todas equipes têm de pagar R$ 2,9 milhões apenas como uma taxa básica, além da cobrança por pontos.

Isso significa que a Mercedes teve de desembolsar mais de R$ 24,6 milhões para fazer sua inscrição, ou seja, mais de US$ 4,8 milhões, moeda com a qual a cobrança é contabilizada. Isso significa quase US$ 1 milhão a mais que a própria rival da Mercedes na disputa pelo título, a Red Bull.

Essa diferença é explicada pela taxa menor por ponto que todas as demais equipes têm de pagar: são "somente" R$ 29.500 por ponto. Isso significa que a inscrição da Red Bull rendeu aos cofres da Federação Internacional de Automobilismo R$ 20,2 milhões.

Ferrari gastou mais, mas recuperou investimento

Uma equipe que desembolsou muito mais do que para disputar a temporada do ano passado foi a Ferrari, que mais do que dobrou a quantidade de pontos (131 em 2020 e 323,5 em 2021). Porém, isso não é um mau negócio para as contas da Scuderia, que pulou do sexto lugar em 2020 para o terceiro o ano passado. Isso porque as equipes recebem mais dinheiro vindo dos direitos comerciais da F1, dependendo da posição do campeonato.

Esses números não são divulgados e dependem de quanto a categoria arrecadou no total. Em um cenário pré-pandemia, a diferença entre ser sexto e terceiro ficava acima de US$ 70 milhões, mas tudo indica que tenha sido muito menor nos últimos dois anos.

De qualquer maneira, a Ferrari definitivamente saiu no lucro, ao contrário da Red Bull, que manteve o segundo lugar e marcou 266.5 pontos a mais. Com isso, pagou mais de R$ 8 milhões a mais para a FIA.

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Campanha do título de Verstappen acabou aumentando gastos da Red Bull com inscrição
Imagem: Keenzo Tribouillard - 5.set.21/AFP

Taxa de inscrição não conta para o teto

Três detalhes importantes a respeito destes números: as taxas de inscrição são pagas à FIA, enquanto o dinheiro que vem dos direitos comerciais é recebido por meio da Liberty Media. Os valores das taxas são atualizados de acordo com a inflação americana quando o regulamento é publicado, então é de se esperar que sejam ainda maiores ao final deste ano.

E, para quem está se perguntando se esses números entram na conta do teto orçamentário que a F1 implementou em 2021, a resposta é não. As taxas de inscrição constam em uma longa lista de exceções, que vão da letra "a" até a "y" no regulamento financeiro da categoria. O teto, que é de US$ 140 milhões (R$ 715 milhões), visa limitar mais os gastos relacionados ao desenvolvimento do carro em si.

Quanto cada equipe pagou pela inscrição na temporada 2022 da F1 (em reais)

Mercedes: R$ 24,6 milhões (613,5 pontos)
Red Bull: R$ 20,2 milhões (585,5 pontos)
Ferrari: R$ 12,5 milhões (323,5 pontos)
McLaren: R$ 11 milhões (275 pontos)
Alpine: R$ 7,5 milhões (155 pontos)
AlphaTauri: R$ 7,1 milhões (142 pontos)
Aston Martin: R$ 5,2 milhões (77 pontos)
Williams: R$ 3,6 milhões (23 pontos)
Alfa Romeo: R$ 3,3 milhões (13 pontos)
Haas: R$ 2,9 milhões (0 pontos)