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As mudanças no novo carro da Mercedes e por que elas são polêmicas
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Quando a Mercedes foi lançada, a maneira como a traseira estava fina já chamou a atenção. Mas ninguém poderia esperar o que estava por vir quando os octacampeões mundiais apareceram com uma evolução ainda mais extrema na segunda bateria de testes da pré-temporada. As laterais do carro surgiram com a menor largura possível dentro das regras, indicando que muito trabalho foi feito para otimizar o arranjo das peças internamente sem comprometer o resfriamento delas. Tudo, é claro, para obter ganhos aerodinâmicos.
A largura mínima do carro é basicamente determinada pela estrutura de impacto lateral e é até ali que as laterais vão, com uma pequena abertura de ar para os radiadores. O recorte é mais vertical, e rapidamente vai se afunilando ainda mais. A princípio, guarda semelhanças com o que a Williams fez nesta área, lembrando que eles também usam motor Mercedes, mas levando tudo a outro nível.
Essas laterais enxutas funcionam em conjunto com outras mudanças que foram introduzidas no assoalho, que parece focado em centralizar mais a geração de downforce na porção de baixo do carro. Na parte de cima, há muito mais espaço para o fluxo de ar alimentar melhor a porção traseira do assoalho, fundamental neste novo regulamento da Fórmula 1 por ser a grande fonte de pressão aerodinâmica do carro.
Trata-se de uma interpretação tão radical das regras e que chamou a atenção dos rivais. A Ferrari, inclusive, destacou o posicionamento dos espelhos estarem montados na estrutura de impacto lateral e com uma série de pequenos defletores que direcionam o ar que vem dos pneus. "É algo que não antecipei", disse Mattia Binotto. O posicionamento e uso dessa estrutura são alguns dos problemas trazidos pelas novas regras, pois ela tem de ficar 5 centímetros acima em relação ao regulamento anterior.
É interessante também que a Mercedes tenha desenvolvido algo tão diferente mesmo tendo passado metade de 2021 e o início deste ano com o menor tempo permitido para o teste de soluções no túnel de vento e simulações computadorizadas de todo o grid. Isso porque a cota que cada equipe tem é inversamente proporcional à sua posição no campeonato.
Mas o novo carro da Mercedes é legal?
Não demorou, é claro, para se questionar se o carro está dentro das regras. O regulamento determina que os desenhos sejam enviados à FIA antes mesmo de irem à pista, então, o que vimos no Bahrein, não é novidade para a entidade reguladora.
Também é verdade que a F1 tentou se blindar ao máximo de ver um time encontrar alguma área cinzenta no regulamento, e até divulgou que não permitiria interpretações que não estivessem no espírito das regras. Em outras palavras, em meio a uma série de medidas para cortar gastos, a categoria queria evitar que um time saísse muito na frente dos rivais, gerando uma corrida de desenvolvimento.
Isso leva a crer que o novo conceito da Mercedes seria algo de muita discussão caso dê uma vantagem muito grande na pista. Dentro deste contexto, é importante lembrar que as regras da F1 mudaram recentemente e o carro poderia ser considerado ilegal com o voto de pelo menos 8 das 10 equipes, no que é chamado de "super maioria".
Ou seja, tudo leva a crer que, se as novidades realmente gerarem o alto nível de ganho de performance que os engenheiros da Mercedes viram em suas simulações, teremos polêmica pela frente.
As novidades na F1 não param por aí. Nesta sexta-feira, é a vez de Red Bull e McLaren trazerem mudanças importantes em seus carros. Os dois times fizeram uma opção diferente da Mercedes, usando o primeiro dia de testes no Bahrein para coletar dados com a mesma configuração utilizada em Barcelona, o que ajuda a comparar o rendimento das novidades.
Isso não era possível para a Mercedes por causa da extensão das mudanças no carro, envolvendo o reposicionamento de peças internas. Então não é de se esperar algo tão dramático.
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