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Arábia Saudita: pilotos se reúnem por 3 h e chefes confirmam GP

Lewis Hamilton, da Mercedes, ao lado de Stefano Domenicali, CEO da F1 Group, e Ross Brawn, diretor esportivo, após treino livre no GP da Arábia Saudita. 25/03/2022 - Clive Mason/Getty Images
Lewis Hamilton, da Mercedes, ao lado de Stefano Domenicali, CEO da F1 Group, e Ross Brawn, diretor esportivo, após treino livre no GP da Arábia Saudita. 25/03/2022 Imagem: Clive Mason/Getty Images
Julianne Cerasoli

Fã de Fórmula 1 desde a infância, Julianne Cerasoli nasceu em Bragança Paulista (SP) e hoje vive em Londres (Inglaterra). Atua como jornalista desde 2004, tendo trabalhado com diversos tipos de mídia ao longo dos anos, sempre como repórter esportiva e com passagem como editora de esportes do jornal Correio Popular, em Campinas (SP). Cobrindo corridas in loco na Fórmula 1 desde 2011, começou pelo site especializado TotalRace e passou a colaborar para o UOL Esporte em 2015, e para sites e revistas internacionais. No rádio, é a repórter de Fórmula 1 da Sistema Bandeirantes de Rádio desde 2017, e também faz participações regulares no canal Boteco F1, o maior dedicado à categoria no YouTube. Em 2019, Julianne criou o projeto No Paddock da F1 com a Ju, na plataforma Catarse, em que busca aproximar os fãs da Fórmula 1 por meio de conteúdo on demand e podcast exclusivo com personagens da categoria. Neste espaço: Única cobertura in loco de toda a temporada da Fórmula 1 na mídia brasileira, com informações de bastidores, entrevistas exclusivas, análises técnicas e uma pitada de viagens.

Colunista do UOL

25/03/2022 21h35Atualizada em 25/03/2022 22h25

Depois de três horas e quarenta minutos de reunião, os pilotos de Fórmula 1 devem mesmo participar do GP da Arábia Saudita. A informação foi confirmada pelos chefes de equipe quando já eram mais de 2 horas da manhã em Jeddah, onde a corrida será disputada neste fim de semana. Contudo, ainda é possível surgirem novidades antes do início das atividades deste sábado, pois a demora demonstrou uma resistência dos pilotos à realização da prova.

No início da tarde, uma base petrolífera localizada a 11,2 km do circuito havia sido bombardeada. O depósito da Aramco, que é patrocinadora da F1 e da equipe Aston Martin, foi alvo de um ataque a míssil.

O grupo houthis, do Iêmen, país que está em guerra contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e apoiado pelo Irã, assumiu a responsabilidade pela ação. Horas depois, a organização da F1 havia decidido manter o GP, porém, liberou quem não quisesse disputar a etapa.

Depois da segunda sessão de treinos livres, os pilotos se reuniram primeiramente com a chefia da F1 e das demais equipes, além de representantes do GP. Foi então que o CEO da F1, Stefano Domenicali, disse que a corrida seguiria adiante e o chefe da Mercedes, Toto Wolff, afirmou que, embora a decisão das equipes tivesse sido unânime, os times teriam a liberdade de optar por correrem ou não.

Só então começou a reunião dos pilotos, que contou em momentos com Domenicali, com o diretor técnico da Fórmula 1, Ross Brawn, mas que, em sua maior parte, teve apenas os pilotos envolvidos. O presidente da sessão era George Russell, que geralmente divide o papel com Sebastian Vettel, de fora da prova deste final de semana por ter contraído covid antes da primeira corrida do ano.

Quando os chefes de equipe voltaram à sala onde estavam os pilotos, o clima já estava mais tenso e ficou claro que havia resistência por parte deles. Eles ficaram por lá por cerca de 20 minutos e foram ao prédio da direção de prova, onde estavam Domenicali e Brawn, deixando os pilotos novamente sozinhos.

No fim da reunião, ninguém falou oficialmente. Representante dos pilotos, George Russell disse apenas: "Não sou eu quem tenho de dizer" ao ser questionado sobre o que aconteceria com a prova. Zak Brown, da McLaren, Christian Horner, da Red Bull, e Otmar Szafnauer, da Alpine, contudo, confirmaram que a prova seguirá adiante.

Curiosamente, a reunião foi realizada em uma ampla sala com paredes de vidro e curiosamente ele refletia propagandas de turismo da Arábia Saudita que eram exibidas em um telão localizado do lado de fora do paddock.

Szafnauer explicou que a demora se deveu ao fato de que "levou tempo para a mesma informação chegar para todos os envolvidos", referindo-se à segurança do evento, garantida pelo governo saudita mesmo depois do ataque. O silêncio dos pilotos e toda a demora, no entanto, indica que houve resistência, então este não parece ser o último capítulo da realização ou não do GP da Arábia Saudita, que está em sua segunda edição.