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F1: Foco em piercings e cuecas mostra linha dura da nova direção de prova

Lewis Hamilton avisou que não vai tirar seus piercings - Giuseppe Cacace/AFP
Lewis Hamilton avisou que não vai tirar seus piercings Imagem: Giuseppe Cacace/AFP

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Piercings, brincos e cuecas entraram em discussão na Fórmula 1 depois que o novo diretor de prova, Niels Wittich, deixou claro aos pilotos que pretende colocar em prática regras que estão no código esportivo da FIA há anos e que não estão sendo seguidas por eles. Isso gerou uma longa discussão na reunião que os pilotos fazem todo GP com chefes e com os membros da entidade na Austrália, e ainda deve gerar mais polêmica. Até porque Lewis Hamilton já afirmou que não pretende seguir as determinações.

A regra que proíbe o uso de piercings, brincos e outras joias, como correntes, está no apêndice L do código esportivo, que rege todos os campeonatos chancelados pela FIA, não apenas a F1, desde 2005. A justificativa é evitar problemas na remoção dos pilotos em caso de acidente ou mesmo piorar as consequências de um acidente. Atualmente, os pilotos usam o bom senso e não correm com pulseiras ou colares, mas a regra não é levada ao pé da letra, como quer Wittich a partir de agora.

Hamilton foi quem mais reclamou da nova diretriz, argumentando que tem piercings que não pode remover com facilidade. "Esse que eu tenho na minha orelha direita, eu teria que cortar para tirar. Então eles vão ficar onde estão. Sinto que é uma questão pessoal, e você deveria poder ser quem é", disse o heptacampeão.

Hamilton sente que essa questão tomou muito tempo em uma reunião na qual havia outras coisas incomodando-o. "Foi a reunião mais longa da minha vida. Corro faz tempo e nunca vi uma reunião de pilotos tão longa. E ninguém estava usando máscara. Alguns pilotos sim, mas a maioria do pessoal da FIA não. E isso foi desconfortável para mim. Não entendo eles ficarem implicando com coisas pequenas como isso e as cuecas. Realmente estamos falando a respeito disso? Mas, de qualquer maneira, seguimos em frente".

A questão das cuecas citada por Hamilton é semelhante: o código esportivo prevê que toda a indumentária dos pilotos seja à prova de fogo e certificada pela FIA. A partir de agora, os pilotos foram avisados que podem passar por checagens aleatórias.

Linha dura tem marcado a nova direção de prova

vettel scooter - Reprodução/F1 - Reprodução/F1
Sebastian Vettel, da Aston Martin, foi multado por pilotar uma scooter na pista durante o TL1 do GP da Austrália, da F1
Imagem: Reprodução/F1

Essas questões não foram as únicas que expuseram o trabalho de Wittich, que agora divide o cargo de diretor de prova com o português Eduardo Freitas. A decisão de remover uma das zonas de DRS na Austrália também chamou a atenção por ter sido comunicada às equipes apenas 20 minutos antes do início da última sessão de treinos livres antes da classificação. Especialmente agora que muitos carros sofrem com os quiques nas retas, ter mais ou menos zonas de DRS altera a maneira como os carros são acertados. Além disso, a própria F1 precisava de mais tempo para ajustar o sistema e travar o acionamento do DRS, mas a decisão foi tomada mesmo assim, novamente com a justificativa de aumentar a segurança.

O desgaste não parou por aí, com alguns chefes expressando seu descontentamento com o que eles entendem como um exagero nas convocações para os pilotos se explicarem após as sessões. A maioria dessas convocações não resultou em punições, mas têm sido vistas no paddock como um excesso de zelo.

Um bom exemplo foi a multa dada a Sebastian Vettel por ter pego uma moto para voltar aos boxes durante os treinos livres, após seu motor quebrar. Ele teve de pagar 5 mil euros (equivalente a pouco mais de R$ 25 mil) por ter entrado no circuito (após o final do treino livre) com um veículo não autorizado, o que chamou de "uma piada".

Novamente, Wittich optou por seguir o regulamento à risca. Esse foi o mesmo princípio adotado para punir saídas de pista (os limites agora são as linhas brancas em todas as curvas ao invés de serem observados com mais rigor em pontos determinados). A ideia é diminuir as áreas cinzentas no regulamento, que tanto causaram dificuldades para o ex-diretor de prova, Michael Masi.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado, Lewis Hamilton é heptacampeão da Fórmula 1, e não octacampeão. O erro foi corrigido.