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Pilotos reclamam de asfalto em Miami e avisam: 'Será difícil ultrapassar'

O monegasco Charles Leclerc durante o segundo treino livre para o GP de Miami - Ferrari
O monegasco Charles Leclerc durante o segundo treino livre para o GP de Miami Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

07/05/2022 09h55

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A rodada de Carlos Sainz durante a segunda sessão de treinos livres para o GP de Miami, que faz sua estreia neste final de semana, foi mais do que outro sinal da fase difícil que o piloto espanhol vem passando: segundo os pilotos, existe uma diferença significativa na aderência fora do traçado ideal. E, se você sair um pouco da linha, como aconteceu com o ferrarista, é difícil controlar o carro.

Mais do que isso: toda a expectativa de que a prova de Miami tenha várias ultrapassagens, até pela adoção de três zonas de DRS, também depende da aderência fora do traçado ideal. Por conta disso, vários pilotos deixaram clara sua insatisfação com a pista.

"É muito desapontador que não haja aderência fora da linha ideal, e as disputas por posição serão difíceis por conta disso. Assim que você sai da trajetória, não há mais aderência", explicou Sergio Perez, que fez o terceiro melhor tempo do dia mesmo depois que a Red Bull teve problemas de refrigeração no primeiro treino livre, correndo debaixo de um calor de mais de 30 graus, com umidade alta.

"Se não limpar, vai ser difícil ultrapassar. É como se a gente estivesse pilotando na brita", definiu Kevin Magnussen, um dos pilotos que rodaram na curva 7, um dos pontos mais complicados do circuito. "Imagino que eles vão limpar e tomara que melhore."

Sebastian Vettel e Lando Norris concordaram. "Se a gente quiser ter disputas, precisamos andar lado a lado e no momento só há uma linha", disse o alemão, enquanto o piloto da McLaren chamou de "terrível" a aderência da pista.

Os problemas com o asfalto começaram a ser notados antes mesmo da primeira sessão de treinos livres, quando algumas partes começaram a se soltar. Isso aconteceu fora da trajetória ideal pela qual os carros de F1 passam, especialmente na curva 17, mas também na curva 7, onde Valtteri Bottas rodaria e bateria na primeira sessão de treinos livres. Já o acidente de Sainz ocorreu um pouco mais adiante, na curva 14, que fica na parte mais lenta da pista. Esse trecho também recebeu críticas dos pilotos. "É muito lento, e também as zebras são muito agressivas, e esses carros têm suspensões muito duras", explicou Mick Schumacher. "Parece as pistas de kart em que eu corria quando tinha 8 anos", comparou Lewis Hamilton.

O traçado final de Miami foi decidido após 36 propostas diferentes, muito em função da negativa do governo local de aprovar o uso de vias públicas. O asfalto foi feito especialmente para a prova, ou seja, trata-se de uma pista semi-permanente, com cara de pista de rua, nos moldes dos palcos de GPs como na Austrália e no Canadá.

Não há muito o que fazer em relação ao traçado para esta primeira edição, e será uma surpresa se a classificação, que será disputada neste sábado a partir das 17h, pelo horário de Brasília, não for interrompida por bandeiras vermelhas por conta de acidentes, mas a organização está tentando melhorar a qualidade do asfalto e seguiu trabalhando na noite de sexta-feira visando dar mais chances de ultrapassagens aos pilotos no domingo.

Mercedes na frente, mas Ferrari e Red Bull ainda não mostraram força

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George Russell, da Mercedes, o mais rápido no primeiro dia de treinos para o GP de Miami
Imagem: Mercedes

O que vem chamando a atenção até aqui em Miami na pista é a Mercedes, que teve George Russell em primeiro e Lewis Hamilton em quarto no primeiro dia de treinos livres. Russell explicou que o clima quente de Miami ajuda a mascarar os problemas que o carro geralmente tem para aquecer os pneus, e as novidades que o time tem introduzido estão começando a surtir efeito para diminuir a frequência das quicadas que o carro dá no chão.

Ainda dá para ver o carro balançando bastante, mas agora eles já não precisam comprometer tanto o acerto para tornar o W13 guiável. Essa é a grande diferença da Mercedes para a Ferrari, que também sofre com o mesmo problema, mas com intensidade muito menor: o time ferrarista não tem de comprometer o acerto do carro por conta disso. Já a Mercedes vinha precisando andar com o carro muito mais alto em relação ao solo do que o ideal. Então quanto mais perto do solo eles conseguem andar, com o problema perdendo intensidade, mais próximos eles andarão de Ferrari e Red Bull.

No entanto, a comparação da volta mais rápida de Russell e a de Charles Leclerc, que foi segundo na sexta-feira, mostra que a Mercedes só superou a Ferrari nas retas, e isso indica que o time italiano estava usando um regime de motor mais conservador.

A Red Bull sofreu com o calor em Miami e teve de fazer mudanças na configuração do carro para não ter problemas de superaquecimento de câmbio. No entanto, o carro de Max Verstappen teve uma falha hidráulica e ele não marcou tempo na segunda sessão de treinos livres. Eles, no entanto, mostraram mais velocidade de reta que Ferrari e Mercedes na sexta-feira.