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Hamilton ganha apoio de Vettel em briga por piercing e Wolff crê em acordo

06.5.22- Lewis Hamilton usa dois relógios, correntes e anéis em coletiva de imprensa antes do GP de Miami - Jared C. Tilton/Getty Images
06.5.22- Lewis Hamilton usa dois relógios, correntes e anéis em coletiva de imprensa antes do GP de Miami Imagem: Jared C. Tilton/Getty Images

Colunista do UOL

15/05/2022 04h00

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A Fórmula 1 está vivendo uma polêmica no mínimo curiosa: seguindo seu código esportivo à risca, a Federação Internacional de Automobilismo está obrigando os pilotos a usarem apenas cuecas de material antichamas aprovado pela entidade, além de proibir o uso de jóias, piercings e relógios quando os pilotos estiverem na pista.

A justificativa em ambos os casos é a segurança, principalmente em acidentes nos quais o carro pega fogo. É possível que um tecido normal torne as queimaduras piores e jóias e piercings podem ainda atrapalhar em exames, por exemplo.

Sebastian Vettel fez graça da nova determinação, desfilou com uma cueca em cima do macacão antes dos treinos livres no GP de Miami, e saiu em defesa de Lewis Hamilton, que já avisou que não tirará todos os seus piercings. O alemão acredita que a nova regulamentação tem o heptacampeão como alvo.

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Sebastian Vettel, da Aston Martin, prostesta em treino livre para o GP de Miami
Imagem: Reprodução/Twitter

"Provavelmente é algo que se tornou mais pessoal e sinto que, de certa forma, o alvo é Lewis", disse o alemão. "Até certo ponto, é uma questão de liberdade pessoal e somos velhos o suficiente para fazer nossas próprias escolhas fora do carro. E também deveríamos ser velhos o suficiente para fazê-las dentro do carro."

Hamilton também fez seu protesto em Miami, usando três relógios e inúmeros colares e anéis nas entrevistas na sexta-feira antes de entrar no carro para os treinos livres. Ele tirou um piercing que costuma manter na orelha, mas correu com outro no nariz, que alegou não conseguir tirar sozinho. A FIA, então, deu a ele até o GP de Mônaco, ou seja, até o final do mês, para retirar o piercing que falta.

O inglês, contudo, afirmou que não pretende correr sem a jóia. "Me deram uma isenção aqui e vão me dar no resto das corridas. Da próxima vez, vou colocar quatro relógios. Alianças continuam sendo permitidas", argumentou.

Falando nelas, Romain Grosjean, que teve um sério acidente em que seu carro pegou fogo (algo que é raro na F1, pelo menos na mesma intensidade, e tinha acontecido pela última vez em 1989), afirmou que a região em que usa sua aliança ficou intacta. O francês teve queimaduras sérias justamente na mão esquerda.

Hamilton não é o único que pede uma isenção. Pierre Gasly alega que não se sente bem correndo sem o crucifixo que usa em uma corrente no pescoço. E Fernando Alonso está usando uma proteção de metal que ajuda a curar seu pulso, machucado em um acidente na Austrália.

Mas Hamilton vem tratando isso como uma batalha pessoal porque, para ele, os piercings são uma forma de expressão, como explicou seu chefe, Toto Wolff. "O que nós precisamos é de um pouco mais de diálogo entre Mohammad [ben Sulayem, presidente da FIA, que assumiu em janeiro] e Lewis. Está claro que a regra visa proteger os pilotos, mas por outro lado precisamos de diversidade e que as pessoas possam se expressar, e isso é muito importante para Lewis."

A questão é que, embora isso esteja há anos nas regras, é a primeira vez que a FIA tenta cumprir ao pé da letra o regulamento, em meio a um cenário politicamente complicado entre a entidade, que serve como reguladora da Fórmula 1, e a Liberty Media, que detém os direitos comerciais da categoria.

Sob nova direção desde janeiro, a FIA está pressionada depois das decisões tomadas na última corrida do campeonato de 2021 e também pelas contas. É previsto um rombo de 20 milhões de euros (mais de 107 milhões de reais) no orçamento da entidade neste ano, ao mesmo tempo em que a Fórmula 1 projeta uma receita de mais de 11 bilhões de reais para 2022. Por conta disso, há brigas entre as duas partes também em outras áreas, como na expansão do número de sprints de três para seis na temporada do ano que vem.