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Bastidores na Espanha têm suspeita na 'Red Bull verde' e alívio na Mercedes
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O GP da Espanha ficou marcado pela estreia de novidades na maioria dos carros, com resultados melhores para alguns, como a Mercedes, e não tão positivos para outros, como a Aston Martin, que começou o fim de semana no centro das atenções. O time, aquele mesmo que era chamado de Mercedes rosa na época que era a Racing Point, estreou um pacote de atualizações que fez seu carro ser apelidado de Red Bull verde, devido à semelhança especialmente das laterais com o desenho de Adrian Newey.
A FIA logo correu para soltar um comunicado dizendo que checou o processo de criação da Aston Martin e não encontrou nada que fira o regulamento, lembrando que todas as equipes são obrigadas por regulamento a mostrarem seus desenhos à entidade antes de levar novidades à pista. O comunicado visava apagar um pequeno incêndio que já estava se instaurando com Christian Horner questionando se houve transferência de propriedade intelectual, em uma briga que começou há meses.
A Aston Martin contratou o chefe de aerodinâmica da Red Bull, Dan Fallows, para ser seu diretor técnico, ano passado. Sabendo que Fallows estava muito envolvido no projeto do carro de 2022, que começou a ser projetado no início do ano passado, a Red Bull tentou bloquear sua transferência, fazendo com que Fallows cumprisse seu contrato até o final, em 2023. Depois de meses de negociações, as duas equipes entraram em acordo e Fallows começou a trabalhar na Aston Martin em abril deste ano. Fallows não foi sozinho: outros seis engenheiros trocaram a Red Bull pela Aston Martin durante o ano passado.
Em sua defesa, a Aston Martin argumenta que o projeto do carro estava no túnel de vento em novembro do ano passado, então não se trata de uma cópia e sim de uma solução que foi projetada na fábrica em Silverstone.
Mas ela teria sido pensada lá? As equipes de Fórmula 1 têm proteções em seus sistemas para saber como e quando eles foram acessados, algo a que a FIA também tem acesso (é por meio desses sistemas, por exemplo, que eles policiam se as equipes estão respeitando seus limites de tempo de desenvolvimento). Horner disse entender que não dá para tirar as ideias da cabeça de nenhum engenheiro, mas queria uma investigação interna ampla para saber se dados não foram retirados de um time para o outro, levado pelos engenheiros que 'mudaram de lado'.
Norris sofreu na Espanha
Outra equipe que levou várias novidades para a Espanha foi a McLaren. O time não teve um salto de performance já neste primeiro GP, mas acredita que ainda precisa compreender o comportamento do carro com as novidades para extrair mais rendimento. O diretor técnico do time, James Key, no entanto, negou que seu time tenha tirado os fluidos do carro de Daniel Ricciardo para fazer com que o monoposto perdesse peso, um dos problemas de quase todas as equipes neste início de nova era da F1. "Nunca fizemos isso", disse ele, contrariando inclusive o que seu piloto disse após o GP de Miami.
Mas quem sofreu mesmo em Barcelona foi Lando Norris, com amigdalite. O piloto teve de ser checado pelo médico da equipe depois da classificação e também depois da corrida, inclusive ficando de fora das entrevistas pós-prova. Mesmo não se sentindo bem, Norris fez uma ótima corrida e terminou na oitava colocação.
Dupla da Mercedes não escondeu empolgação
A Mercedes não mudou seu carro tanto quanto Aston Martin e McLaren, mas mexeu na peça fundamental para tentar resolver seu problema de porpoising, movimento que faz com que o assoalho do carro bata no chão. As mudanças surtiram efeito e Lewis Hamilton saiu contente do carro até mesmo na sexta-feira, algo raro.
Antes da corrida, já tinha gente na Mercedes confiante em um pódio. Mas a expectativa era lucrar com o excesso de desgaste de pneus do carro da Ferrari, o que na verdade acabou não se confirmando, pelo menos com Leclerc. O time não acreditava ser possível andar no ritmo das Red Bull e, embora seja verdade que Verstappen teve um problema no DRS e Perez estivesse pela maior parte do tempo com outra estratégia, isso não muda o fato de que a Mercedes encontrou um caminho para fazer seu conceito diferente funcionar com as mudanças no assoalho que estrearam na Espanha, e está confiante, até porque consegue comparar com os dados da pré-temporada, com a pista muito mais fria, que trata-se de algo real.
Eles não estão ainda prontos para brigar por vitórias, já que a desvantagem era de mais de 1s por volta nas últimas corridas, mas George Russell e Hamilton pareciam aliviados. "Nós viramos a página, e agora é o momento em que nossa temporada começa", definiu Russell, terceiro colocado mesmo com problemas de superaquecimento, que também afetaram seu companheiro no final.
Bottas: "Estou fazendo o bem com a minha bunda"
O humor de Hamilton mudou tanto que ele até brincou quando foi perguntado se participaria de uma ação promovida por seu ex-companheiro de equipe Valtteri Bottas.
O finlandês estava às gargalhadas falando para os jornalistas sobre o sucesso da foto em que aparece nu nadando em um riacho. O movimento foi tão grande nas mídias sociais que ele resolveu vender cópias da foto para arrecadar dinheiro para caridade. "Eu compraria sim, acho que é uma das melhores fotos que eu vi", riu Hamilton, enquanto Bottas celebrava ter vendido mais de 5 mil cópias em poucos dias e arrecadado 50 mil euros (quase 260 mil reais). "Estou fazendo bem com a minha bunda!", ria o finlandês.
Fora do paddock, a Fórmula 1 celebrou outro final de semana de grande sucesso de público, mesmo longe de toda a badalação de Miami. O GP da Espanha não tinha tanta gente nas arquibancadas ainda na sexta-feira desde os bons anos de Fernando Alonso na Ferrari, abrindo o que promete ser uma temporada europeia de sucesso de uma categoria que vive um momento de lua de mel com o público. No Circuito da Catalunha, foram 300 mil torcedores e em algumas provas do verão europeu, como o GP da Grã-Bretanha, são esperadas cerca de 400 mil.
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