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Bastidores do GP de Mônaco têm dúvida sobre futuro e pressão em Ricciardo
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O GP de Mônaco tinha tudo para ser a coroação de Charles Leclerc, mas a prova acabou sendo mais uma oportunidade perdida para o monegasco vencer em casa. E mais uma prova do momento popular pelo qual a Fórmula 1 passa, com a cidade carregada de torcedores e VIPs. E ao mesmo tempo, a pergunta que mais se repetiu foi sobre o futuro da prova.
Ficou claro que o governo de Mônaco é mais flexível a atender as demandas da categoria, que busca acabar com o status especial que a prova acabou ganhando com o passar dos anos. Hoje, a única receita da F1 com Mônaco vem de uma porcentagem do dinheiro recebido pelo Principado vindo dos donos dos barcos que atracam no porto para a corrida (e, neste ano, dava para ver pelas imagens aéreas que faltou espaço para a demanda desse território de luxo para o GP). O dinheiro das placas de publicidade fica com a organização, que também faz a geração de imagens (e a queda de qualidade em relação ao restante da temporada é visível). O problema é convencer a ACM, que realiza a prova, a ceder aos anseios da F1. E é aí que mora o perigo para o futuro de uma corrida que não é das mais emocionantes, mas é um evento e tanto.
Para os pilotos, continua sendo uma prova especial e uma vitória que tem um significado diferente. Só é um tipo de prazer diferente. Que o diga Felipe Drugovich, que ampliou para 32 pontos sua vantagem no campeonato da Fórmula 2, batendo o rival Theo Pourchaire com pneus mais usados. Rolou até um toquezinho no guard rail nas últimas voltas quando o brasileiro estava tentando sobreviver à pressão do francês e ele estava, em medidas iguais, esgotado e nas nuvens com a vitória.
Final da Champions no paddock
Mas pelo menos no sábado à noite as atenções no paddock estavam voltadas para alguns quilômetros dali, para a final da Liga dos Campeões. Os madridistas fanáticos Fernando Alonso e Carlos Sainz não viram o jogo juntos, e o bicampeão explicou o porquê. "Eles falam muito, eu preciso me concentrar!". ?Eles?, no caso, são Carlos e seu pai, outro torcedor acalorado. "Eu só sei que ficou muito nervoso e só descanso no final!", admitiu o piloto da Ferrari.
Ambos puderam comemorar o título, mas o mesmo não pode ser dito sobre os vários membros de equipes - que, na sua maioria, são inglesas - torcedores do Liverpool. Teve um na Alpine que convidou amigos para ver o jogo no motorhome da equipe, só para descobrir que a Williams tinha desligado os servidores de internet da equipe durante a noite e não havia sinal nas TVs, o que foi resolvido com uma gambiarra com o 4G.
Voltando à F1, falou-se muito no mercado de pilotos para o ano que vem. Mick Schumacher passava pelo paddock concentrado em seu celular para não ser parado em meio a rumores que o ligam à Aston Martin. Essa é uma vaga que deve abrir ano que vem, pois Sebastian Vettel dificilmente continua, e a marca inglesa quer um nome forte para substituí-lo e estaria de olho no mercado alemão. Outra opção, se a Aston quer nome, claro, é Fernando Alonso, que vem dizendo aos quatro cantos que quer ficar. E na Alpine, há uma grande pressão para encontrar uma vaga para o reserva Oscar Piastri antes que o talentoso australiano se desligue dos franceses.
Quem também está sob pressão é Daniel Ricciardo. O australiano custa caro, 20 milhões de dólares, e pela segunda temporada seguida não vem mostrando consistência. E ele mesmo disse que não quer ficar se for para lutar por posições fora dos pontos, como aconteceu na Espanha e se repetiu em Mônaco.
Não que o clima na McLaren esteja ruim. Ricciardo foi visto mandando o chefe Zak Brown, que está com uns quilinhos a mais, "comer salada" ao sair do motorhome da equipe no sábado à noite. Mas negócios são negócios e Zak está avaliando trazer Pato O?Ward ou Colton Herta da Indy, aproveitando o boom que a F1 está tendo nos Estados Unidos.
Falando em Ricciardo, o australiano deu uma ideia interessante para o futuro do GP de Mônaco. Como o sábado é incrível na classificação e o domingo, monótono, a ideia "meio maluca" nas próprias palavras dele seria fazer um formato contra o relógio por todo o fim de semana e deixar a corrida de lado.
Times grandes fazendo as contas
Toto Wolff justificou sua ausência na coletiva para a qual estava escalado por estar sem voz, mas talvez ele estava mesmo é sem vontade de ficar discutindo teto orçamentário ao lado de Mattia Binotto e Christian Horner, já que os três estariam juntos na entrevista.
Esse é um dos grandes temas no paddock no momento, com uma equipe desconfiando da outra, já que todos sabem da dificuldade de ficar em um teto que diminuiu em cinco milhões de dólares do ano passado para cá, em um ano no qual a inflação subiu e as equipes já estão tendo de gastar cerca de 30 milhões de euros a mais simplesmente pelo fato de o carro ser totalmente novo.
A dificuldade de ficar no teto é tanta que se comenta que alguns possam vir a passar em até 5% do teto e arcar com a multa, que é a punição para esses casos menos graves. O problema é que ninguém sabe quanto é a multa.
Alheio a tudo isso, Charles Leclerc era o mesmo de sempre em Mônaco: com o sorriso aberto o tempo todo, sem se importar com o enorme assédio em casa. Na verdade, ele até parece gostar muito da atenção do público. E, mesmo depois de toda a decepção por mais uma decepção em casa, Leclerc, agora nove pontos atrás de Verstappen, que ganhou pontos em relação a ele nas últimas quatro provas, dizia quem lhe dava as condolências por mais uma decepção em Mônaco: "Não, está tudo bem."
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