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Bastidores da F1 têm Ferrari e FIA em baixa e sinais do mercado de pilotos
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Max Verstappen venceu o GP do Azerbaijão em uma dobradinha da Red Bull e não só fez sua vantagem na liderança do campeonato aumentar como viu seu companheiro Sergio Perez se colocar entre ele e Charles Leclerc na tabela após a terceira dobradinha do time no ano. Mas quem roubou a cena em Baku, e não pelos melhores motivos, foram Ferrari, o time de Leclerc, e a Federação Internacional de Automobilismo.
A Scuderia já chegou à oitava etapa do ano com o alerta aceso em relação aos motores. O chefe Mattia Binotto disse ainda no sábado que eles e seus clientes só poderiam esperar uma solução para os problemas que o próprio Leclerc sofrera na Espanha e Haas e Alfa Romeo tiveram em Miami e em Mônaco a médio prazo. E novamente o monegasco abandonou com uma quebra na unidade de potência. A Ferrari não explica muito bem o que aconteceu em cada um dos casos ou informa se eles são relacionados. Até aqui, sabe-se que Leclerc teve um problema no turbo em Barcelona, com falha também no MGU-K e os clientes estão sofrendo justamente com esse componente elétrico do motor híbrido. Este é um elemento que ganhou mais voltagem em uma atualização no último terço do ano passado, e possivelmente está apresentando falhas agora que pode ser utilizado com a potência em sua totalidade.
O fato é que todas as unidades de potência ferraristas passaram por uma recalibragem na sexta-feira após o primeiro treino livre em Baku, em uma tentativa de usar a energia elétrica de uma maneira diferente. No domingo, o motor de Leclerc não aguentou mais do que vinte e poucas voltas, Guanyu Zhou abandonou por problemas de resfriamento e Kevin Magnussen também ficou pelo caminho. Dos seis carros com motor Ferrari que largaram, só dois terminaram, sendo que Carlos Sainz abandonou por problemas hidráulicos que, segundo Binotto, são de fácil solução e não têm relação com o ocorrido com Leclerc.
De qualquer maneira, o momento é péssimo para a Ferrari. Leclerc fez a pole position nas últimas quatro corridas, e perdeu todas elas, zerando em duas por quebras. Para completar, em Miami, não teve ritmo na corrida e, em Mônaco, a Scuderia não ajudou na estratégia.
Quem também não vive um grande momento é a gestão de Mohammad ben Sulayem no comando da Federação Internacional de Automobilismo. O presidente começou a semana criticando pilotos como Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Lando Norris por tratarem de temas como desigualdade e saúde mental. Dizia ele que, antigamente, pilotos só se importavam em correr. Logo, ele mudou o tom e, ainda durante a primeira sessão de treinos livres, a FIA anunciou que teria uma consultora, ucraniana, para assuntos de diversidade. Ela atua há anos ao lado do ex-piloto de rally dos Emirados Árabes no Oriente Médio.
Mas esta é apenas a ponta do iceberg. A direção de prova vinha pressionada depois de Mônaco, quando colocou em suas anotações oficiais uma regra que já estava ultrapassada (o que acabou gerando um protesto da Ferrari após a prova) e fez vista grossa para o descumprimento da regra de bandeiras azuis, aquela que obriga os retardatários a abrir caminho. Em Baku, foram necessários quatro documentos diferentes para estabelecer quais seriam os limites de entrada e saída dos boxes, mas o pior foi a confusão com o início da terceira sessão de treinos livres.
Pouco antes do treino da F1, houve um acidente na F2 e a pista teve de ser reparada. O procedimento normal seria disparar o cronômetro da sessão na hora programada mesmo com a pista fechada e diminuir o tempo de bandeira verde. Mas o diretor de prova se esqueceu de fazer isso, o que significou que a classificação teve um atraso de 15 minutos para começar, pois a regra determina que haja duas horas entre o final do último treino livre e o início da definição do grid.
E a FIA ainda tem outro foco de pressão: é bem verdade que as regras de 2022 foram definidas em conjunto com as equipes e a Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da categoria, mas a palavra final sempre cabe à federação. Agora que a F1 passa por uma sequência de corridas de rua, com asfalto menos liso, fica claro que todos os carros (alguns, como a Mercedes, com mais intensidade que os outros) batem no asfalto por terem que andar muito próximos ao solo para funcionarem. E não é exatamente o que uma categoria que hoje corre com carros com mais de 800kg em nome da segurança quer ver.
Perez menos animado e Alonso em posição delicada
Era de se esperar que Sergio Perez estivesse animado após renovar seu contrato, vencer em Mônaco, e correr em Baku, circuito em que sempre se deu bem. Mas ao mesmo tempo em que o mexicano falava que se vê na disputa pelo título, sua postura corportal e entonação não pareciam em sincronia com suas palavras. Na corrida, ele liderava, mas perdeu rendimento de uma hora para outra (o que relacionou ao desgaste de pneus) e terminou em segundo sem ameaçar Verstappen e tendo de ouvir que não deveria lutar com o líder do mundial. É uma dinâmica interessante de se assistir, até porque a pressão por Verstappen já começou, publicamente, tão logo Perez venceu em Mônaco.
Quem também tem disparado palavras de confiança - no caso dele, nas novidades que a Alpine estreou em Baku e que melhoraram a velocidade de reta do carro para este tipo de pista que pede menos carga aerodinâmica - é Fernando Alonso. E, da mesma forma que Perez, tudo o que está ao seu redor não parece combinar com o discurso.
Em uma entrevista recomendada pela assessoria de imprensa da equipe, o CEO da Renault, Luca de Meo, disse à TV espanhola que a prioridade do time é manter dois pilotos sob contrato ano que vem. E eles são Esteban Ocon e Oscar Piastri. À medida que fica claro o temor dos franceses de perder o talentoso australiano, o futuro de Alonso na Fórmula 1 vai ficando mais ameaçado. Então é de se esperar mais atritos dentro da Alpine enquanto Alonso tenta provar que ele é a melhor opção para a equipe.
Também em Baku, Pierre Gasly e Helmut Marko tiveram uma conversa bastante pública, do lado de fora do escritório da AlphaTauri, e que parecia bastante séria também. O francês agora já sabe que não está nos planos da Red Bull para o ano que vem, e tenta sair. Mas tem contrato até o final de 2023, sem muitas escapatórias de sua parte. A não ser que convença o austríaco que a melhor saída para ambos é o divórcio.
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