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F1: Por que pilotos seguem criticando a aplicação de regras na era pós-Masi
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A Federação Internacional de Automobilismo confirmou nesta terça-feira que o ex-diretor de provas da F1, Michael Masi, não faz mais parte da entidade. O australiano se envolveu em várias polêmicas em seus três anos no cargo e caiu após a maior delas, na decisão do título em Abu Dhabi no ano passado. Porém, como era de se imaginar dada a natureza do cargo, as reclamações dos pilotos não acabaram com sua saída. Inclusive, o GP da Áustria, disputado no último fim de semana, contou com uma reunião quente entre os pilotos e um dos novos diretores de prova, Niels Wittich. O outro é Eduardo Freitas, que faz menos provas.
Esta, inclusive, foi uma das mudanças na era pós-Masi: agora são dois os diretores de prova, que se intercalam ao longo da temporada. Isso porque uma das conclusões do relatório sobre a decisão de Abu Dhabi foi que os papéis acumulados de diretor de prova de todos os GPs e delegado de segurança, responsável pelas vistorias de atuais e possíveis novos circuitos, além de modificações, eram tarefas demais para apenas uma pessoa.
Mas demorou pouco menos de metade de uma temporada para um dos líderes da associação dos pilotos, George Russell, pedir uma nova revisão, inclusive voltando a um ponto pedido pelos pilotos há anos: comissários e diretor de provas mais fixos. "Precisamos ter apenas um diretor de prova. Precisamos ter mais consistência nas decisões dos comissários. Chegamos no evento seguinte e é comum que os comissários do GP anterior não estejam aqui. Não há responsabilidade, eles não explicam as decisões. Fazemos perguntas e não temos respostas porque é quase como se a culpa fosse colocada em alguém que não está aqui".
Para entender a crítica de Russell, é preciso compreender como funciona o processo de punições na F1. O diretor de prova vê algo que não parece estar nas regras (e, a partir deste ano, tem ajuda para fazer isso) e decide entregar o caso aos comissários de pista para que eles olhem detalhadamente e decidam se há ou não punição. São quatro comissários por prova e existe uma rotação constante entre eles.
A reclamação de Russell não era isolada e tem a ver com a permissividade dos comissários na corrida anterior, em Silverstone, nas disputas que envolveram vários pilotos nas voltas finais. Quando eles questionaram o porquê de tais decisões, ouviram que aqueles que estavam na sala de reunião na Áustria não podiam responder.
Essa é uma discussão de longa data na Fórmula 1. Os comissários não são fixos para evitar a suspeita de que um deles só toma decisões a favor de um piloto ou uma equipe. Por outro lado, as queixas de falta de consistência se repetem. Foi esse círculo vicioso, inclusive, que fez com que Sebastian Vettel deixasse a reunião, irritado.
Na reunião, Fernando Alonso reclamava por ter visto Charles Leclerc fazer, em Silverstone, o mesmo movimento de defesa que ele fez no Canadá, mas não ser punido, ao contrário do que aconteceu com ele. "Falaram para nós que as regras seriam aplicadas sem dar margem para interpretação e isso não está acontecendo", disse o bicampeão.
Lewis Hamilton era outro que queria explicações. "Eu sei que um piloto cortou uma zebra e ganhou vantagem, e não entendo aquela parte exatamente, porque é uma regra clara. Silverstone foi uma disputa muito legal, mas ainda assim acho que eles têm de aplicar as regras. Assim, ninguém leva vantagem".
Então por que a situação de Masi se tornou tão insustentável?
Se há uma grande diferença em relação aos tempos de Masi é a menor visibilidade de Wittich e Freitas, o que faz parte da estratégia da FIA para tentar evitar um repeteco do que deu errado no passado. Masi concedia entrevistas aos jornalistas presentes nas provas aos domingos, da mesma maneira que seu antecessor, Charlie Whiting. Porém, foi o único que viu suas mensagens trocadas com os membros das equipes sendo veiculadas durante a transmissão.
Isso ocorreu apenas durante a temporada de 2021, a pedido da Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da F1, e foi sendo usado ao longo do ano pelas equipes como instrumento de pressão, sendo as duas últimas corridas do ano exemplos claros disso.
Sua maneira de se comunicar não era tão clara com a de Whiting, que ainda tinha a vantagem de uma enorme bagagem de quase 40 anos dentro do esporte em diferentes cargos e muito respeito tanto das equipes, quanto dos pilotos.
Tudo isso culminou em Abu Dhabi: um diretor de prova confuso e pressionado, que modificou o procedimento de relargada duas vezes e acabou com uma solução que não era prevista nas regras (liberar apenas parte dos pilotos para ficarem na volta do líder) a fim de ter tempo para cumprir um acordo (de que as corridas tinham que terminar com bandeira verde). E o resto é história.
A chance de um cenário tão extremo se repetir é pequena, mas é fato que a F1 ainda não encontrou uma solução para essa questão da direção de prova e das decisões dos comissários, e prova disso foi a chuva de avisos e punições por limites de pista na última corrida. Que certamente resultará em outra reunião tensa na sexta-feira do GP da França, daqui a pouco mais de uma semana.
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