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Pilotos avisam: Espere várias punições por limites de pista no GP da França

Max Verstappen ataca as zebras em Paul Ricard durante o GP da França do ano passado, que ele venceu  - Rudy Carezzevoli/Getty Images
Max Verstappen ataca as zebras em Paul Ricard durante o GP da França do ano passado, que ele venceu Imagem: Rudy Carezzevoli/Getty Images

Colunista do UOL

20/07/2022 04h00

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As punições por limites de pista marcaram o último GP da Fórmula 1 na Áustria, e os pilotos acreditam que o problema será ainda maior na etapa deste final de semana, na França. Isso tem a ver com uma mistura entre a natureza da pista de Paul Ricard e o rigor maior na aplicação das regras nesta temporada.

O que aconteceu foi uma mudança importante em relação ao ano passado e que, inclusive, era pedida pelos pilotos: mais clareza. O diretor de prova pode decidir como as regras são interpretadas a cada final de semana. Sob o comando de Michael Masi, quando os limites de pista começaram a ser policiados com mais rigor para evitar que pilotos obtenham vantagem cortando caminho na pista, havia margem para que as zebras também fossem consideradas como parte da pista, dependendo do traçado.

Isso acabou com a nova direção de prova, agora dividida entre Niels Wittich e Eduardo Freitas. Se um piloto sai com os quatro pneus da linha branca que delimita a pista, ele está fora dos limites.

O sistema de punição é o mesmo que no final da era Masi: a volta é deletada na classificação e, na corrida, o piloto vai recebendo avisos até levar uma bandeira branca e preta na terceira infração e uma punição de 5s na quarta.

Na Áustria, foram registrados 43 infrações por limites de pista. Sergio Perez teve a volta da segunda parte da classificação deletada horas após o grid ter sido definido. E quatro pilotos foram punidos com 5s.

Esse não foi um assunto tão presente em outras etapas devido à natureza das pistas, e os pilotos acreditam que a corrida deste fim de semana será ainda pior nesse sentido. São três fatores: o traçado de Paul Ricard, com sequências fluidas de curvas (ou seja, se o piloto entra muito forte na primeira, é difícil segurar o carro na segunda), áreas de escape grandes e asfaltadas, e as temperaturas bastante altas, que vão castigar os pneus (e, consequentemente, farão com que seja mais difícil se manter totalmente na pista).

"Acho que em Paul Ricard isso será uma preocupação maior porque realmente dá para ganhar tempo [saindo da pista]. E é claro que tem metros e mais metros de área de escape lá, é como se a pista te convidasse para você sair", disse o chefe da Red Bull, Christian Horner.

"Não acho que deveríamos ter isso de punir quem saiu um milímetro da pista", defendeu o líder do campeonato, Max Verstappen. "É só colocar um muro ou colocar área de escape com brita. Não é bom para o esporte."

Mick Schumacher concorda com o holandês. Para ele, os pilotos só deveriam ser punidos se ganharem vantagem ao sair da pista. "É meio bobo levar uma punição de 5s por ter saído um centímetro da pista e, na maioria das vezes, você nem ganha tempo fazendo isso, o que é ainda pior."

Os pilotos até têm razão quando apontam que, quando há muros e áreas de escape com brita, ou seja, quando há limites de pista físicos, o problema automaticamente é solucionado. A questão é que receber corridas de Fórmula 1 não é o único propósito da maioria dos circuitos ao longo da temporada, e eles têm de atender às demandas de segurança de outras categorias e modalidades, assim como outras funções. Paul Ricard, por exemplo, é um autódromo que faz muito dinheiro como banco de testes e, por isso, tem as áreas de escape asfaltadas e amplas, a fim de não causar danos nos carros.

Por outro lado, esse pode ser um problema que a F1 pode resolver de outra maneira no caso específico do palco do GP da França: Paul Ricard ainda não renovou o contrato para permanecer no calendário da categoria a partir do ano que vem, e as chances de renovação não são grandes no momento. Afinal, a F1 precisa acomodar as etapas do Catar e de Las Vegas em um calendário que já está inchado, e ainda pode ir à África do Sul já a partir do ano que vem.