Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Vettel tinha se tornado sensato demais para a Fórmula 1
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Era difícil imaginar que Sebastian Vettel seguiria na Fórmula 1 por muito mais tempo e não pelos motivos que geralmente afastam os multicampeões. Não é porque ele se afastou das vitórias, de seus melhores dias como piloto. É porque o tetracampeão se afastou da própria categoria.
Prova disso é que a porta da Aston Martin estava aberta para uma renovação, como confirmou o CEO Lawrence Stroll tão logo o alemão (finalmente) abriu uma conta no Instagram para anunciar a aposentadoria da F1.
Recentemente, no GP da Áustria, a equipe pela qual Vettel ganhou seus quatro campeonatos, a Red Bull, fez uma homenagem que diz muito sobre esse Vettel que se desencantou com a F1.
Em uma história em quadrinhos, ele era retratado como o super-herói Sebman, "um homem sensato". A ideia deve ter vindo de um dos grandes momentos de Vettel no ano, quando ele usou sua cueca por cima do macacão antes dos treinos livres do GP do Azerbaijão, protestando contra uma resolução da FIA que controlava a roupa íntima dos pilotos. Ele resolvia situações simples do dia-a-dia, usando o bom senso. Mesmo que o vilão, retratado como Stefano Domenicali, CEO da F1, tivesse um plano para colocar cada vez mais corridas no calendário.
Esse vinha sendo um problema central para Vettel. Com mais corridas, é preciso voar mais vezes e ele, muito preocupado com o aquecimento global, era contra. Ainda mais com essa expansão levando a F1 para a Arábia Saudita e o Qatar, por exemplo, países nos quais as liberdades individuais são prejudicadas. E essa é outra bandeira que ele defende.
Mas havia também outra questão, muito explícita no vídeo do anúncio da aposentadoria: a família. Vettel sempre foi um cara muito voltado à família. Entre um GP e outro, era difícil saber o que ele estava fazendo. Seu contrato para este ano na Aston Martin já reduzia muito seus compromissos fora dos finais de semana de corrida e, o que ele fazia, tinha que ter algum propósito maior do que promover a marca A ou B.
E isso se tornou muito difícil de sustentar depois que a gigante do petróleo saudita Aramco passou a ser a patrocinadora oficial de sua equipe, assunto que ele tem evitado ao longo deste ano.
A impressão é que Vettel foi ficando sem saída. As mudanças que ele pleiteava, por menores que fossem, não ganhavam a tração que ele gostaria na F1, então, era a hora de adotar sua política de "pouco a pouco as coisas mudam" em outros palcos. Quer um exemplo simples? Vettel reclamava do lixo deixado pelas equipes de TV na zona de entrevistas. Por vezes, ele mesmo pegava um saco de lixo e recolhia as garrafas e latas. Até que convenceu a F1 a colocar sacos de lixo na área de entrevistas. Simples, não? Coisas do "homem sensato". Mas isso não durou mais de 4 GPs.
Então qual o próximo passo? Vettel se diz uma pessoa curiosa. Vai experimentar várias coisas diferentes, ver do que gosta. E não afasta a possibilidade de voltar à F1 em um papel diferente. E trazer um pouco da sua sensatez.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.