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De mercado de pilotos à 'venda' da Red Bull, haja assunto para férias da F1
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Era difícil saber por onde começar a caçar informações nos bastidores do GP da Hungria, o último antes de uma pausa de quase quatro semanas no campeonato. O mercado de pilotos, que andava em compasso de espera, de repente entrou em ebulição com o anúncio da aposentadoria de Sebastian Vettel, que acabou sendo substituído por Fernando Alonso, em uma manobra rápida e surpreendente. Detalhes da parceria entre Red Bull e Porsche emergiram por conta de documentos oficiais do Marrocos. E, na parte técnica, a Aston Martin apareceu com uma asa traseira que pode levar a um caminho perigoso para as disputas da categoria.
Na pista, Max Verstappen venceu mesmo saindo da décima colocação em uma prova marcada pelas mudanças drásticas de condição de pista e pela alta competitividade da Mercedes, juntando-se a Red Bull e Ferrari na disputa pela vitória. No entanto, enquanto o time prateado colocou ambos os pilotos no pódio, o fim de semana terminou novamente com clima tenso na Ferrari, com Charles Leclerc dizendo que a equipe decidiu não ouvi-lo sobre a estratégia e Mattia Binotto tendo que explicar por que o monegasco usou um tipo de pneu que não estava funcionando. Para se ter uma ideia de como a tática não era a ideal, ao assistir o resumo da corrida antes do pódio, Lewis Hamilton perguntou com tom de incredulidade se Leclerc estava com o pneu duro. Ao seu lado, George Russell e Verstappen riram ao dizer que sim, como se dissessem "você acredita?"
Aston Martin surpreendeu com contratação relâmpago
Voltando aos bastidores, nem mesmo os jornalistas mais chegados de Sebastian Vettel sabiam que ele já tinha tomado a decisão de sair da F1 ao final deste ano. A própria equipe foi avisada apenas na quarta-feira, então foram infrutíferas as tentativas de descobrir qual é a preferência do time para um substituto, até porque as conversas para uma renovação com Vettel já tinham começado.
O próprio alemão deu apenas um nome para pegar seu lugar, seu protegido Mick Schumacher. Ele em teoria fazia sentido pela vontade de Lawrence Stroll, dono da equipe, de ter um nome de peso (neste caso, um sobrenome), da mesma forma que não faria com que seu filho, Lance, parecesse sem lugar na F1. Mas Mick teria que sair das asas da Ferrari e também tem demorado para engrenar na categoria (como, aliás, aconteceu outras vezes em sua carreira).
Porém, se Stroll procurava um nome, não demorou para Fernando Alonso ser cotado. O espanhol pleiteava por um contrato de dois anos com a Alpine, que não queria emprestar sua jovem promessa Oscar Piastri por tanto tempo a algum rival (lembrando que eles não têm nenhum cliente na F1). Ainda mais se esse rival for a Aston Martin, uma potencial competidora direta.
Mas Alonso viu essa porta aberta para ele, sabia que a situação na Alpine estava se complicando. É por isso que ele tinha um sorriso irônico no rosto na quinta-feira ao comentar sobre seu futuro dizendo que, da parte dele, "não deveria demorar mais de 10 minutos" para o contrato ser fechado. Na hora, todo mundo achou que ele se referia à Alpine. Mas era sobre o contrato com a Aston Martin mesmo! "Multianual", como ele queria.
A vaga, é claro, também interessava aos brasileiros. O staff do líder do campeonato da F2, Felipe Drugovich, já estava monitorando a situação, mas a maior chance do brasileiro é se tornar piloto de desenvolvimento e testes do time ano que vem, buscando uma promoção em 2024.
E, ao contrário do que se pode imaginar, a confirmação da saída de Alonso não quer dizer que Piastri fica automaticamente com a vaga. O australiano estava conversando com a McLaren, tentando fechar um acordo que cortaria seus laços com os franceses. Por sua vez, o time inglês confirmou Daniel Ricciardo para o ano que vem para a imprensa, mas internamente não descarta pagar sua rescisão e contratar outro piloto.
Finalmente temos mais detalhes do negócio entre Red Bull e Porsche
Outro assunto no paddock é o projeto de compra de parte da Red Bull pela Porsche, que entraria na categoria em 2026, ano em que a F1 estreia uma nova unidade de potência. Sabia-se que uma aquisição era uma das possibilidades de parceria, mas foram documentos publicados no Marrocos que deixaram a situação mais às claras. No momento, a parceria Porsche-Red Bull, que na verdade não é uma aquisição, e sim uma sociedade. A Porsche teria 50% do controle da Red Bull Racing, que é o braço administrativo da equipe, mas o voto de minerva segue nas mãos dos atuais donos. E a Red Bull Technologies, que compreende toda a parte técnica, com mais de 900 funcionários, segue nas mãos da empresa austríaca, fornecendo material para a Red Bull Racing.
Para o negócio sair do papel, é preciso ainda passar pelas regulações antitruste na União Europeia e em outros 20 países, e essa é apenas uma das barreiras para o negócio se concretizar.
Agora é a Red Bull que vai copiar a Aston Martin?
A aposentadoria de Vettel não foi o único assunto que deixou a Aston Martin em destaque neste fim de semana na Hungria. A nova asa traseira deu o que falar por trazer de volta as laterais mais retas, lembrando um pouco as asas do ano passado. Se a FIA permitiu que a novidade esteja na pista, é porque o texto da regra permite.
Porém, se lembrarmos o motivo pelo qual as asas mudaram, a coisa muda um pouco de figura. Elas se tornaram mais curvadas para evitar o vórtice gerado por essa lateral mais "quadrada", que deixava um rastro de turbulência que prejudicava um carro seguir o outro. E o objetivo de todas as mudanças pelas quais a F1 passou neste ano é justamente evitar isso.
Então é mais uma daquelas de o que as regras dizem x o que as regras querem dizer. Mas o rendimento dos carros verdes chamou a atenção a ponto de Christian Horner, ironicamente ou não, uma vez que a Aston já se inspirou no carro dele e inclusive atraiu vários profissionais da Red Bull na área de aerodinâmica, disse que talvez seja a hora de inverter essa lógica.
Sempre lembrando que a asa traseira da Aston Martin não é a única questão sobre as regras técnicas da F1, uma vez que a FIA está sob pressão para desistir das mudanças propostas para acabar com os saltos dos carros. E essa é uma decisão que não pode demorar, pois o desenvolvimento dos carros de 2023 já começou. Inclusive, acredita-se que pelo menos as regras de motor para 2026 (uma pendência de longa data e fundamental para o negócio Red Bull-Porsche) saiam no último dia de trabalho da FIA antes da pausa de agosto, no final desta semana.
Agora, todas as equipes da F1 ficam, obrigatoriamente, paradas por duas semanas. Porém, mesmo com as fábricas fechadas, muita coisa vai rolar nesse mês de agosto até o GP da Bélgica, dia 28.
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