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Por que podemos esperar chuva de punições na volta da F1 no GP da Bélgica

Lewis Hamilton, da Mercedes, passa pela curva Eau Rouge em treino livre no GP da Bélgica - Daimler AG
Lewis Hamilton, da Mercedes, passa pela curva Eau Rouge em treino livre no GP da Bélgica Imagem: Daimler AG

Colunista do UOL

23/08/2022 04h00

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Já virou tradição para a Fórmula 1 voltar da pausa de agosto com o GP da Bélgica, disputado em uma pista na qual o motor fala alto, com longos trechos de aceleração. Depois, vem o traçado mais travado da Holanda mas, logo em seguida, a categoria vai ao seu templo da velocidade, Monza. É por isso que se tornou comum vermos muitos pilotos apostando em colocar motores novos nessa parte do campeonato para garantir que o nível de potência seja o maior possível.

Neste ano, isso quer dizer que podemos ter ao mesmo tempo muito motor novo e muita punição, uma vez que a grande maioria dos pilotos está pendurada e já encerrou sua cota de unidades de potência para o ano.

E há ainda outro detalhe nesta temporada. É em 2022 que as unidades de potência estão sendo homologadas, ficando com o desenvolvimento suspenso (a não ser para a melhora da confiabilidade) até o final de 2025, quando a F1 passará a ter um novo motor. Uma parte da homologação ocorreu antes da temporada começar e o prazo para a parte final chega agora dia 1º de setembro, logo depois do GP da Bélgica. Agora, a homologação mais importante será do MGU-K, que gera energia elétrica para a unidade de potência. Além disso, as baterias e a central eletrônica também serão congelados.

Então os pilotos que trocarem de motor neste final de semana terão uma unidade de potência zerada (e, com isso, mais potente) e também a versão atualizada, o que também pode garantir alguns cavalos a mais. Como essa última atualização é na parte de energia elétrica, isso significa que os pilotos poderão ter potência a mais do motor elétrico por mais tempo.

Há outro fator que explica a troca de motor nesta fase do campeonato é a relativa facilidade de recuperar posições na Bélgica e na Itália em comparação com outras pistas que vêm na sequência (a própria Holanda, entre as duas, e depois Singapura e Japão). Então se o motor já está perto de ter de ser trocado de qualquer maneira, é uma boa fazê-lo nestas etapas. Sempre lembrando que os pilotos podem usar unidades de potência antigas.

Lista dos pendurados é grande

sainz - Divulgação/Red Bull Ring - Divulgação/Red Bull Ring
Carlos Sainz desolado: quase dobradinha da Ferrari na Áustria
Imagem: Divulgação/Red Bull Ring

O problema é que, para 13 dos 20 pilotos, trocar a unidade de potência significaria largar mais atrás no grid. Alguns deles, como o líder disparado do campeonato, Max Verstappen, e seu companheiro de Red Bull, Sergio Perez, fizeram a segunda e última troca de motor permitida sem punições na última corrida, na Hungria, e não devem repetir a dose tão cedo. Pierre Gasly, que também usa o motor da Red Bull Technologies, foi outro que trocou o equipamento na Hungria, indicando que essa unidade já estava com a última atualização antes da homologação.

Na Ferrari, é esperado ver ambos os pilotos levando punições. E também é possível que outros clientes da Ferrari, todos com pilotos ou já pendurados, ou que levaram as primeiras punições, também troquem as unidades de potência. Os italianos equipam Haas e Alfa Romeo.

A dupla da Alpine é outra candidata a levar punições, enquanto os pilotos que usam motores Mercedes (Hamilton e Russell, Ricciardo, Vettel e Stroll, Albon e Latifi) ainda podem fazer uma última troca antes de começarem a ser punidos. A única exceção é Norris, que teve uma falha em uma unidade de potência praticamente zerada na Áustria.

Como funcionam as punições

Cada piloto tem direito a usar três itens dos elementos mais importantes da unidade de potência (o motor a combustão, turbo, e os sistemas de recuperação de energia) ao longo do ano. Quando eles usam o quarto de qualquer um deles, perdem dez posições no grid. E essas posições vão se somando se o piloto troca, por exemplo, dois itens de uma mesma vez.

Para evitar punições de 40, 50 posições em um grid de 20 carros, se um piloto tem 15 ou mais posições para pagar, ele automaticamente vai para o fim do grid. Se mais de um piloto estiver nesta situação, quem se classificar na frente no sábado larga na frente. Nestes casos, é como se houvesse um 'grid paralelo' para definir a posição dos punidos.

No caso dos pilotos da Ferrari, por exemplo, que já foram punidos, o número de posições perdidas é menor: são cinco para cada item da unidade de potência. Mas a regra das 15 posições perdidas levar o piloto ao fim do grid continua valendo.