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Verstappen venceu a primeira prova que Hamilton achou que seria sua em 2022

Max Verstappen comemora a vitória no GP da Holanda, a 10ª em 15 etapas nesta temporada -  Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen comemora a vitória no GP da Holanda, a 10ª em 15 etapas nesta temporada Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

04/09/2022 15h35

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Max Verstappen largou para o GP da Holanda sabendo que teria uma tarde bem mais complicada do que na semana passada. Isso, mesmo largando na pole position e não em 14º. Pode parecer estranho, mas a vantagem que ele teve em Spa-Francorchamps era algo bastante específico da pista. Em Zandvoort, a Red Bull muito provavelmente não teve o carro mais rápido da corrida.

No entanto, como vimos tantas vezes nesta temporada, a equipe que lidera com folga o campeonato de construtores e que tem Verstappen com grandes chances de conquistar o segundo título antes mesmo de a F1 retornar às Américas no final de outubro executou a prova melhor do que ninguém. Mesmo em um circuito no qual não é fácil ultrapassar, decidiu desistir da liderança da prova quando um Safety Car foi acionado na parte final da prova. Verstappen passou Lewis Hamilton na relargada e venceu pela décima vez na temporada.

Antes deste Safety Car e de outro período de Safety Car Virtual, que tinha sido acionado na volta 47 e feito Verstappen economizar cerca de 8 segundos por ter parado com a corrida neutralizada, a corrida não parecia tão fácil para Verstappen.

O holandês defendeu bem a primeira posição na largada e usou o jogo novo que tinha de pneus macios para abrir 4s em relação a Charles Leclerc, que era o segundo, na parte inicial da prova. Mas logo o cenário começou a mudar: as Mercedes tinham optado por largar com o pneu médio, e vinham mantendo um ritmo competitivo.

Hamilton chegou a sonhar com a vitória

Quando Lewis Hamilton e George Russell conseguiram levar seus pneus até as voltas 29 e 31, trocando-os pelos duros, ficou que eles fariam só uma parada. Essa informação de que os pneus duros funcionariam bem não era dividida por todas as equipes. Dependendo do carro, ele poderia funcionar ou não, como destacou Verstappen após a prova. "Foi difícil escolher a estratégia porque coisas diferentes funcionaram para carros diferentes, fazia tempo que a gente não via isso e acho legal. Depende do nível de pressão aerodinâmica que cada um colocou no carro porque isso gera uma carga diversa no pneu."

As Mercedes começaram a voar na pista e Hamilton, que sabia que seria alçado à liderança quando Verstappen fizesse sua segunda parada, pela primeira vez na temporada acreditou que poderia vencer uma corrida neste ano. "Eu estava confiante de que poderia bater Max. Acreditava que a tática de uma parada era a acertada. Sem aquele SC nós teríamos brigado. Mas não aconteceu. Não tinha muito o que eu pudesse fazer", disse Hamilton.

O Safety Car Virtual fez com que Verstappen calçasse os pneus duros, que funcionaram muito bem para as Mercedes, mas não para as Red Bull. Então, mesmo que Verstappen ainda estivesse na frente após sua segunda parada por ter feito a troca de pneus com a corrida neutralizada, Hamilton ainda acreditava que poderia passá-lo na pista. Afinal, ele tinha trocado os duros pelos médios no VSC e tinha vantagem de ter pneus com mais aderência no final.

Estratégia da Mercedes funcionava, até o último Safety Car...

Até que um Safety Car mudou novamente a história da corrida, com 17 voltas para o final. Querendo se livrar dos pneus duros, que seriam muito ruins para a relargada, Verstappen parou para colocar o composto macio, mesmo sabendo que perderia a liderança para Hamilton e o segundo lugar para Russell.

Foi uma decisão corajosa da Red Bull, principalmente em uma pista em que as ultrapassagens não são fáceis. Porém, ao fazer isso, eles deixaram a Mercedes em dúvida: se eles parassem ambos os carros, todos estariam em condições iguais e a vitória seria difícil, com um carro mais lento nas retas que o Red Bull. Se mantivessem a liderança na relargada, poderiam tentar segurar Verstappen.

Porém, Russell pediu para colocar pneus macios. Hamilton se surpreendeu. "Quando eu passei no pitlane, vi que eles tinham os pneus macios, perguntei e era pro George. Aí soube que Max também tinha trocado e que era o fim da minha corrida".

De fato, Verstappen passou Hamilton com facilidade na relargada e venceu, enquanto o inglês ainda perderia posições para Russell, segundo, e Leclerc, terceiro.

No final das contas, Verstappen não teve a mesma vantagem da Bélgica, mas venceu novamente, abrindo impressionantes 109 pontos para Leclerc, que voltou à vice-liderança do campeonato. E a Mercedes saiu da Holanda acreditando que teve o melhor carro do domingo e que ainda pode vencer neste ano.

Isso dificilmente vai acontecer, no entanto, no próximo final de semana na Itália, quando é esperada outra corrida boa para a Red Bull devido às características da pista.