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Red Bull independente e Ferrari sob pressão vivem momentos diferentes na F1

Max Verstappen comemora a vitória no GP da Itália de Fórmula 1 ao lado de Charles Leclerc - ANP/ANP via Getty Images
Max Verstappen comemora a vitória no GP da Itália de Fórmula 1 ao lado de Charles Leclerc Imagem: ANP/ANP via Getty Images

Colunista do UOL

15/09/2022 04h00

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Enquanto a Red Bull vive um clima de otimismo pela maneira como começou essa nova era de regulamento técnico e por como a divisão de motores está caminhando, azedando inclusive a parceria com a Porsche, que desistiu de entrar na F1 em 2026 com os austríacos, a Ferrari correu em casa no último final de semana pressionada pela série de resultados ruins. Sob o olhar do presidente John Elkann, o time de Mattia Binotto não cometeu erros em casa. Mas qual será o futuro do suíço?

Parte dos tifosi já perdeu a paciência com Binotto e começou uma petição para tentar tirá-lo do cargo. Adesivos foram espalhados por Monza pedindo a cabeça do suíço usando a tecnologia: por meio de um QR code, era possível entrar em um site com os motivos para substituir o chefe e assinar uma petição. A ideia não parece ter dado muito certo, já que apenas 210 pessoas assinaram o documento até quarta à noite.

Mas o que importa é o que acontece internamente na Ferrari. Elkann diz publicamente que apoia o chefe, mas sabe-se que ele está longe de ser um aliado de Binotto. Ao mesmo tempo, como reconhece que não vem do automobilismo, o americano não tem interferido nesta parte da empresa. E, dentro da Scuderia Ferrari, Binotto tem moral. Afinal, ele é remanescente da época de ouro da equipe com Michael Schumacher, e fez um grande trabalho de reestruturação da parte técnica e da divisão de motores. De certa forma, é por conta do trabalho dele que a Ferrari se colocou em posição de lutar por vitórias neste ano.

O estilo de reestruturação adotado por ele é trabalhar com as peças que já estavam dentro da Ferrari. O time não fez grandes contratações. E o mesmo está acontecendo com o terceiro passo do plano de Binotto, de fazer o time de corrida operar de maneira mais eficiente. São aí que moram as críticas. Estaria Binotto exagerando na aposta por Iñaki Rueda como chefe de estratégia? Binotto está tentando mudar a cultura de tomada de decisões de maneira emocional, que marcou tantas vezes a história da Ferrari. E a permanência dele ao final da temporada seria um atestado de seu sucesso.

Para que mudar time que está ganhando?

Outra equipe que tem seu futuro indefinido é a Red Bull, agora que a Porsche confirmou que as negociações para se tornar parceira da equipe naufragaram. Tudo estava sendo acelerado a mando do dono da Red Bull, Dietrich Mateschitz. A saúde do austríaco de 78 anos está se deteriorando, e ele quer deixar a empresa bem encaminhada em todos os setores. Mateschitz estava usando seu relacionamento com o comando da Porsche para conseguir fazer o negócio andar.

O problema é que a chefia da equipe de F1 tinha outros planos. O crescimento da divisão de motores, a Red Bull Powertrains, está em ritmo acelerado. E Christian Horner e companhia usam isso para repelir qualquer negócio que divida o poder do time. Afinal, a Red Bull está se colocando em uma posição de autossuficiência, sem precisar de uma parceira.

Mas eles ainda não estão lá. A Red Bull Powertrains tem 300 funcionários e já ligou seu primeiro motor V6, mas ainda engatinha na parte elétrica da unidade de potência. Bem ela que será ainda mais importante a partir de 2026, quando a RBPT colocará seu primeiro motor totalmente feito em casa na pista.

Até lá, eles darão nome ao motor que a Honda fez para este ano, aproveitando que o desenvolvimento está congelado e que os japoneses já se comprometeram em ajudar na operação até o final de 2025. É essa parceria que pode ser estendida justamente para suprir essa deficiência na parte elétrica. Até porque a Honda deixou oficialmente a F1 no final do ano passado justamente porque não queria trabalhar mais em motores a combustão.

Mas a sensação geral no paddock é que essa história ainda pode ter vários capítulos. A Honda não está totalmente decidida a voltar (na verdade, haveria diferenças entre o que a divisão esportiva quer e o que os comandantes da marca almejam). Também não há garantias de que eles voltariam para participar do projeto da Red Bull e não para fazer a própria unidade de potência. E há quem aposte que, sem Mateschitz, o império Red Bull pode desmoronar rapidamente.