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Singapura era chance de título de Max, mas virou corrida para jogar no lixo
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A possibilidade de título era pequena, mas Max Verstappen e a Red Bull não poderiam imaginar o caminhão de erros e problemas que teriam neste fim de semana de GP de Singapura. Tanto, que o holandês saiu da 17ª etapa do campeonato igualando seu pior resultado do ano, com um sétimo lugar. E as más notícias ainda podem se acumular ao longo da semana antes do GP do Japão.
"Acho que tem que jogar tudo o que fizemos neste fim de semana no lixo e vamos recomeçar novamente no próximo", disse Verstappen após o que classificou de corrida "muito frustrante". Não foi um fim de semana fácil para a Red Bull em nenhum campo. Os mecânicos trabalharam pesado, fazendo mudanças significativas no carro sob intenso calor na garagem, como duas trocas de suspensões na sexta-feira, tentando encontrar a melhor configuração. E o pitwall cometeu um erro incomum, pedindo que Verstappen abortasse duas voltas que poderiam ter lhe dado a pole. O holandês ficou tão irritado que nem quis ficar na pista na reunião pós-classificação. E disse que gostaria que a postura da equipe com ele quando o erro for do piloto seja a mesma.
No domingo, algo não deu certo no procedimento de largada e o sistema que impede que o motor morra entrou em ação, fazendo com que Verstappen perdesse quatro posições. Ele foi escalando o pelotão mesmo com condições muito difíceis devido à chuva que atrasou a largada em uma hora, chegou a estar em quinto, mas cometeu um erro ao tentar ultrapassar Lando Norris que pareceu mais uma manobra motivada pela frustração. Teve que fazer uma parada a mais, caiu para efetivamente último em um GP com muitos abandonos, e terminou em sétimo, igualando o resultado de Silverstone. E passou a corrida toda reclamando do comportamento do motor.
Red Bull está na mira de todos
Não que Verstappen tenha sido o maior problema para a Red Bull em Singapura. Os bastidores pegaram fogo depois que Mattia Binotto e Toto Wolff resolveram falar abertamente sobre um assunto que vinha aparecendo de tempos em tempos no paddock. E acusaram a Red Bull de ter ultrapassado o teto orçamentário do ano passado por uma margem considerável. Isso é particularmente importante porque, se for comprovado, significa que eles tiveram grande vantagem para se adaptar às novas regras que estrearam neste ano, e podem carregá-la pelas próximas temporadas.
O chefe da Red Bull, Christian Horner, estava irritadíssimo com as acusações, falando em difamação publicamente e, mais internamente, em entrar na justiça contra os rivais. Disse ele que o balanço financeiro apresentado à Federação Internacional de Automobilismo em março estava abaixo do limite de 148,6 milhões de dólares, que começou a valer no ano passado, mas reconheceu que a discussão pode ser o que conta, e o que não. As regras financeiras da F1 têm 53 páginas e a parte que dita tudo o que é excluído da conta vai da letra A à letra X.
Essa discussão é importante porque várias equipes estão correndo com carros longe da configuração ideal justamente por terem de respeitar o teto de gastos. Não é raro ver principalmente assoalhos, peças bastante importantes para o rendimento do carro, remendados, uma vez que os times não têm dinheiro disponível para trocá-los a todo momento. E é por isso que, toda vez que a Red Bull apareceu com novidades no carro, os rivais ficaram de olho, pois sabiam da dificuldade de se fazer isso respeitando o limite orçamentário.
Esse caso pode fazer com que a regra, que começou a valer ano passado depois de mais de uma década de negociações, já nasça sem muitas chances de vingar, ou precise de esclarecimentos. Como sempre na F1, as equipes buscam as brechas que não estão efetivamente escritas nas regras.
A FIA vai enviar às equipes o resultado de sua auditoria na quarta-feira. Além da Red Bull, a Aston Martin também teria estourado o teto, mas por uma margem pequena. As duas equipes estão fazendo grandes alterações em suas fábricas (a Red Bull está construindo sua divisão de motores e a Aston está fazendo uma fábrica totalmente nova) e também têm sido muito ativos no mercado, contratando profissionais com ofertas financeiras bastante atrativas, enquanto a Mercedes, segundo Wolff, teve de demitir 40 funcionários. Eventuais punições, que podem ir desde uma simples repreensão até a exclusão do campeonato de 2021 ou exclusão de provas futuras só sairia mais para frente. De qualquer maneira, não é a melhor forma de chegar para a corrida que pode decidir o campeonato, em Suzuka. É bem verdade que Verstappen vai conquistar o título de qualquer maneira em uma das cinco corridas que restam, mas ele certamente quer fazer isso tendo um fim de semana melhor do que o desse de Singapura.
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