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Audi entrará na F1 comprando a Sauber, mas qual será o caminho da Porsche?

Imagem divulgada pela Audi de um carro de F1 com as suas cores - Audi
Imagem divulgada pela Audi de um carro de F1 com as suas cores Imagem: Audi

Colunista do UOL

27/10/2022 04h00

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A Audi anunciou os detalhes de como será sua entrada na Fórmula 1, com a confirmação de que os alemães vão tomar o controle acionário da Sauber, que hoje corre como Alfa Romeo. A montadora vai dar nome ao time e fornecer motores a partir de 2026, quando entram na categoria também aproveitando uma mudança de regulamento. Enquanto isso, a outra empresa do grupo Volkswagen, que também estuda entrar na categoria, a Porsche, tem um caminho menos certo.

Foram anos de preparação e meses de negociação com várias equipes para a Audi confirmar a entrada em 2026. Primeiro bateram na porta da McLaren, chegaram a sondar a Red Bull, depois conversaram com Williams e Aston Martin. Até chegarem à Sauber.

Mesmo que os suíços não sejam a primeira opção, não se trata de um negócio ruim para a Audi, que comprará as ações do time lentamente até chegar a 75%, com os atuais donos, o grupo de investimentos Longbow, mantendo os demais 25%.

A equipe de Hinwil é conhecida por ter uma fábrica com estrutura de alto padrão, que o CEO da Audi, Markus Duesmann, conhece bem. Afinal, ele foi o chefe de desenvolvimento da equipe entre 2007 e 2009, quando a Sauber tinha uma parceria com outra gigante alemã, a BMW.

Outro fator é a proximidade das duas fábricas, já que a Audi vai fazer seu motor em Neuburg, a 360 km de Hinwil, na Suíça. Ou seja, a Sauber era, de longe, a equipe mais próxima da sede dos alemães. No momento, eles têm os bancos de teste de motores e também das baterias e motores elétricos, e a expectativa é que tudo esteja funcionando a todo vapor no final deste ano, dando três anos para o desenvolvimento da unidade de potência.

Olhando todo o caminho da Audi para chegar a este anúncio dá para entender a montanha que a Porsche tem pela frente. Eles ficaram por meses negociando uma parceria com a Red Bull, usando o fato que os atuais campeões mundiais já iriam fazer seu motor de qualquer maneira, tendo começado o projeto da Red Bull Powertrains ano passado. Em termos técnicos, o máximo que a Porsche traria seria alguma expertise no campo da energia elétrica, mais importante na nova unidade de potência da F1.

O co-fundador da Red Bull, Dietrich Mateschitz, que morreu no último fim de semana, chegou a tentar, no primeiro semestre, usar sua boa relação com os alemães para acelerar um negócio. Mas Christian Horner, temendo perder espaço, recorreu aos donos tailandeses da Red Bull para frear as negociações, e conseguiu.

Com esta porta fechada, a tendência é que a Porsche converse com as mesmas equipes com que a Audi negociou, mas com a diferença que eles têm um projeto menos maduro para a unidade de potência à esta altura e podem ser menos atrativos.

A McLaren é um destino pouco provável dentro do projeto de construção de marca de Zak Brown. A Williams poderia ser uma boa opção, pois é uma equipe comandada por um fundo de investimento, ao qual interessa obter lucro na venda. E a Aston Martin seria uma ótima porta de entrada para a Porsche. O dono Lawrence Stroll vem perdendo bastante dinheiro com seu investimento na marca. Porém, não se sabe o que ele vai fazer com a equipe, até porque está colocando muito dinheiro na atualização da fábrica, mostrando que visa um projeto para o futuro.

De qualquer maneira, como o prazo para a inscrição para fornecer motores em 2026 se encerra segunda-feira, então é mais provável que a Porsche tenha que esperar pelo menos até 2027.