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Bastidores no México têm críticas sobre pena da Red Bull e caos no paddock

GP da Cidade do México teve novo recorde de público, com quase 400 mil pessoas em três dias - Mark Thompson/Getty Images
GP da Cidade do México teve novo recorde de público, com quase 400 mil pessoas em três dias Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

31/10/2022 04h00

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A punição dada à Red Bull pela quebra do teto orçamentário não pegou muito bem no paddock da Fórmula 1 neste fim de semana de GP da Cidade do México, vencido por Max Verstappen, que bateu o recorde de número de vitórias em um ano, com 14. O time levou US$ 7 milhões de multa e terá 10% a menos de desenvolvimento aerodinâmico. Isso, por ter passado do teto por US$ 2,2 milhões.

É claro que os rivais iriam reclamar, mas a sensação geral era de que a FIA perdeu uma oportunidade de fazer da Red Bull um exemplo para evitar que outras equipes se sintam tentadas a também passar do teto por uma quantia relativamente pequena, e ter a chance, como os campeões mundiais tiveram, de fazer um acordo que não pode ser protestado por ninguém.

Do lado da Red Bull, Christian Horner insistiu que a pena que diminui a porcentagem de desenvolvimento aerodinâmico é pesada. A equipe já era aquela que tem menos tempo de túnel de vento e limites de estudos computadorizados de CFD, que acaba sendo até mais importante atualmente, por ser a primeira no mundial.

Os cálculos de CFD são bastante complexos, mas conseguimos ter uma ideia melhor da perda da Red Bull calculando a perda de tempo de túnel de vento. A cada período de oito a dez semanas, eles terão direito a 252h, enquanto a segunda colocada (atualmente a Ferrari) pode usar 300h e a terceira (Mercedes no momento) 320h.

Ou seja, não é algo insignificante, mas não duro o suficiente para fazer com que Ferrari e Mercedes nem cogitem passar por pouco do teto. Até porque mesmo essa quantia de US$ 2,2 milhões pode ser pequena, mas é perto de todo o orçamento de peças novas da Mercedes para esta temporada.

Até porque os cálculos de Horner de que isso pode custar até 0s5 por volta de desempenho foram rechaçados pelo chefe de engenharia da Mercedes, Andrew Shovlin. A equipe sabe bem das dificuldades de ter menos tempo de desenvolvimento aerodinâmico que os demais, pois era quem tinha a menor alocação durante todo o ano passado e na primeira metade de 2022. "Se 10% a menos de tempo fosse meio segundo, então a equipe do fundo do pelotão teria 3s de vantagem e não é o que acontece", argumentou. "Custa um ou dois décimos".

A Ferrari foi mais incisiva e falou publicamente que não acredita que a punição tenha sido forte o suficiente. O diretor de corridas, Laurent Mekies, lembrou que, ao ter menos tempo de túnel de vento, a Red Bull acaba economizando e pode usar esse dinheiro em outras áreas. É por isso que a Ferrari defendia que qualquer punição à Red Bull tivesse algum corte do teto do ano que vem, lembrando que a multa não entra na conta.

Os detalhes divulgados pela FIA também geraram a desconfiança de que a Red Bull entregou um relatório bem abaixo do teto já sabendo que não tinha incluído tudo o que deveria. A equipe nega e inclusive instruiu Max Verstappen a não dar entrevistas à TV britânica devido às críticas feitas por um dos repórteres da emissora Sky Sports. Os italianos e os alemães que trabalham para a mesma empresa, também estão impedidos de falar com Max por conta disso. A Sky é, de longe, a emissora que mais desembolsa pelos direitos de transmissão na F1. E o mais curioso é que, enquanto os italianos dividem o microfone com os ingleses na zona de entrevista, os alemães o fazem com os austríacos da Servus TV, que é a emissora da própria Red Bull.

E essa briga vai continuar ano que vem. O próprio Horner disse que não pode garantir 100% que a Red Bull estará dentro do teto ano que vem e aposta que os rivais vão sofrer, principalmente com os aumentos nas contas de luz e gasolina na Europa.

Paddock beirava o caos

paddock - Julianne Cerasoli/UOL Esporte - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Paddock do GP da Cidade do México estava bem mais lotado que o normal
Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

O GP no México vem sendo eleito anualmente como o melhor evento do campeonato e a empolgação dos mexicanos com a Fórmula 1 chega até a assustar os pilotos e membros das equipes. Até os mecânicos que levavam os pneus de volta para a Pirelli tinham dificuldade de passar pelo paddock porque as pessoas os paravam para tocar nos pneus.

Todos os pilotos eram muito assediados, e de um jeito que não estão acostumados. Os fãs queriam abraçar, pegar, no estilo bem latino. Os seguranças tinham que fazer cordões para conseguir levá-los até os boxes, enquanto normalmente só Lewis Hamilton tem segurança particular na maioria das corridas.

Também houve problemas sérios de segurança. Uma câmera da própria equipe da Fórmula 1 foi furtada em pleno paddock na quinta-feira. Na sexta-feira, que costuma ser um dia mais tranquilo, 20 pessoas foram retiradas do paddock. E havia um mercado paralelo fora da pista de passes para conseguir entrar onde ficam pilotos e equipes.