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F1: Como o carro da Mercedes ficou 'de 8 a 10 meses' atrás da Red Bull

Max Verstappen, seguido por Lewis Hamilton, durante o GP do México - Chris Graythen/Getty Images
Max Verstappen, seguido por Lewis Hamilton, durante o GP do México Imagem: Chris Graythen/Getty Images

Colunista do UOL

04/11/2022 04h00

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A Mercedes foi o carro mais próximo da Red Bull nas duas últimas corridas, deixando a Ferrari para trás em Austin e no México. Mas se engana quem pensa que o time já comemora a volta ao topo. O chefe Toto Wolff considera que a equipe está "meses" atrás da Red Bull em termos de desenvolvimento, e não vê um caminho fácil ou rápido para voltar a lutar por vitórias de maneira consistente.

Primeiro, é preciso colocar os últimos resultados em perspectiva. Em Austin, a melhor Mercedes se classificou a 0s4 da pole Ferrari, que muito provavelmente terminaria na frente se Carlos Sainz não tivesse sido atingido justamente por George Russell na primeira curva e se Charles Leclerc não estivesse largando fora de posição devido a uma punição pela troca do motor.

E a altitude do México ocultou justamente um dos grandes pontos fracos da Mercedes neste ano, mascarando a falta de velocidade de reta, que vem de um excesso de arrasto gerado pelo carro. Além disso, Mattia Binotto salientou que a Ferrari parou o desenvolvimento do carro deste ano antes da Mercedes (a última novidade foi um assoalho introduzido no GP do Japão), focando totalmente em 2023, enquanto a Mercedes ainda traz peças para este ano justamente para ajudar na compreensão do que está errado.

A próxima corrida, no Brasil, pode ser um indicativo mais realista da montanha que ainda tem de ser percorrida. Wolff explicou que o time perdeu muito tempo tentando entender porque a suspensão traseira fazia com que seu carro pulasse violentamente quando era configurado para andar mais próximo ao solo, principalmente andando em ondulações e em zebras mais altas. Enquanto isso, a Red Bull focava em melhorar o equilíbrio aerodinâmico do carro e diminuir seu peso.

"Acreditamos que entendemos de onde vem a diferença e perdemos de oito a dez meses em termos de desenvolvimento porque não conseguíamos entender o que estava errado. Então é definitivamente um desafio e estamos pensando a longo prazo, todos nós."

Chegando no final do primeiro ano do novo regulamento da F1, a Mercedes não colocou tanta performance quanto gostaria em um carro que continua sendo pesado, e ainda ensaia uma mudança de conceito para o ano que vem. Internamente, até se fala em mais um ano de experimentos para o time ter certeza do caminho, focando em 2024.

Não por acaso, Lewis Hamilton já fala em renovar o contrato que termina no final do ano que vem, sabendo que não se trata de uma diferença possível de ser tirada do dia para a noite.

Pelo menos o desempenho ruim de 2022 traz uma vantagem para a Mercedes. A F1 tem uma regra em vigor desde o início do ano passado que limita a quantidade de desenvolvimento aerodinâmico dependendo da posição do time no campeonato, o que é resetado duas vezes por ano. Assim, a Mercedes foi, desde o início do projeto do carro de 2022 até o meio deste ano, a equipe com menos tempo de túnel de vento e desenvolvimento em computador. Desde julho, é a Red Bull quem tem menos tempo, seguida pela Ferrari. E os atuais campeões do mundo ainda estarão limitados nos próximos 12 meses pela punição que receberam por terem quebrado o teto orçamentário.

Então, 2023 abre uma boa oportunidade para a Mercedes se recuperar e termos três times lutando pela vitória no futuro. Resta ao time usar bem a vantagem que tem no desenvolvimento aerodinâmico para compensar o tempo perdido em 2022.