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Mercedes foca no ataque duplo e Max em pneu novo: o que esperar do GP de SP

Mecânicos da Mercedes comemoram a vitória de George Russell na corrida sprint de Interlagos - Mercedes
Mecânicos da Mercedes comemoram a vitória de George Russell na corrida sprint de Interlagos Imagem: Mercedes

Colunista do UOL

13/11/2022 04h00

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Após cruzar a linha de chegada em primeiro na sprint, George Russell vai liderar uma primeira fila toda da Mercedes no GP de São Paulo, com largada às 15h. Não que ele e Lewis Hamilton estejam com um carro tão competitivo quanto tiveram há duas semanas no México. Mas eles se aproveitaram de um raro erro da Red Bull na estratégia da sprint e agora vão tentar aprender com os erros da última etapa para buscar a primeira vitória da temporada.

Sabendo que os pneus macios eram mais velozes, mas acreditando que eles poderiam sofrer no final da sprint, a Red Bull colocou os médios no carro de Verstappen. O holandês até conseguiu sobreviver na ponta até a volta 15, tendo ultrapassado o pole surpresa Kevin Magnussen na terceira volta, mas foi superado por Russell, e depois por Carlos Sainz e Hamilton. O espanhol da Ferrari só não larga mais à frente porque paga punição pela troca de motor. "Meu carro estava devorando os pneus", disse Verstappen, que larga em terceiro neste domingo. "Não tinha aderência nenhuma".

Para a corrida, no entanto, essa tática pode ajudar Verstappen, como alertou George Russell. "Mesmo que Max e a Red Bull não tenham tido uma sprint forte, eles provavelmente estão numa posição melhor do que nós três [referindo-se a ele, Hamilton e Sergio Perez, quarto no grid] porque eles têm um jogo extra de pneus macios novos."

Por que Verstappen sofreu tanto com os médios?

Mas será que os pneus médios são tão ruins assim ou há outros fatores que explicam o ritmo ruim de Verstappen na situação específica da sprint? A ideia da Red Bull era sobreviver na primeira metade da corrida, quando o macio seria melhor, e depois aproveitar quando o médio se tornasse mais forte. E é possível que isso não tenha acontecido por dois motivos que podem ser controlados na corrida deste domingo.

Primeiramente, a largada da sprint foi às 16h30, horário em que o GP de São Paulo já deve estar terminando e em que a pista está mais fria, o que dificulta o aquecimento de pneus mais duros. Essas variações de temperatura parecem afetar mais a Red Bull, que fica bem mais dianteira, do que a Mercedes, lembrando que os carros foram acertados sob temperaturas bem mais altas, com sessões começando às 12h30. A diferença da temperatura de pista entre o segundo treino livre e a sprint foi de quase 30ºC e não deverá ser tão acentuada com a largada às 15h,

Além disso, por ser o único carro com médios entre os primeiros, Verstappen forçou muito o ritmo desde o começo, o que costuma ser ruim para a vida útil do pneu.

De qualquer forma, se o já campeão de 2022 tem a vantagem do jogo de pneus macio que guardou no sábado, as Mercedes podem mostrar que aprenderam a lição com o conservadorismo da estratégia do México e adotar táticas diferentes para os dois carros, como sugeriu Russell. "Acho que temos de trabalhar juntos para fazer algo diferente e a fim de que um de nós possa trazer a vitória para a equipe."

Opções não faltam. A fornecedora de pneus Pirelli considera quatro opções de estratégia, largando com os macios (macio-macio-médio, macio-médio-médio) ou até macio-duro para uma parada, e também médio-duro. Porém, as táticas de duas paradas costumam ser mais comuns em Interlagos porque, como vimos até mesmo na sprint, que costuma ser mais morna porque os pilotos não arriscam tanto, é possível ultrapassar em Interlagos. Além disso, não se perde tanto tempo na parada. Então vale mais a pena andar mais forte e parar mais vezes do que o inverso.

"Emoção" garantida por Alonso e Ocon

A sprint também deixou claro que não devemos ter disputas só na parte da frente do grid. Os companheiros Fernando Alonso e Esteban Ocon se tocaram, com Sebastian Vettel e Lance Stroll chegando bem perto disso. O resultado foi desastroso para a Alpine, que viu os dois perderem posições, tiveram Alonso punido justamente pela manobra com Ocon e ainda viram o motor do francês pegar fogo no parque fechado, depois do fim da prova.

No grid provisório, os dois aparecem lado a lado na penúltima fila, mas Ocon ainda pode ser punido se precisar usar um motor novo. De qualquer forma, estarão próximos mais uma vez no grid. "Sempre que isso acontece, há um pouco de emoção. Na Arábia Saudita eu estive perto de ir para o muro. Na Hungria aconteceu o mesmo."

Mais adiante, depois de ser "o piloto mais feliz depois de perder sete posições que vocês já viram", Magnussen terá outra missão difícil para pontuar no domingo. Ele tem logo atrás carros com ritmo teoricamente melhor, como Sebastian Vettel, que cuidou muito bem dos pneus na sprint, e as Alfa Romeo, que largaram foram de posição, além das próprias Alpine. Por outro lado, a Haas também está andando bem: prova disso foi a 12ª colocação de Mick Schumacher, mesmo com um problema de motor, vindo da última posição do grid.