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Ferrari anuncia saída de Binotto, e isso não é uma boa notícia para o time
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Sabendo que seu emprego estava sendo ofertado no mercado e tendo perdido a confiança do comando da Ferrari, Mattia Binotto está de saída da Ferrari depois de 28 anos na equipe e após quatro temporadas como chefe da equipe.
Binotto era um dos remanescentes da época de domínio da Ferrari com Michael Schumacher, tendo sido um dos engenheiros que se juntaram à equipe em 1995. Não coincidentemente, ele acreditava em um trabalho de reestruturação de longo prazo, como o que foi feito em meados dos anos 1990 na equipe italiana, para colocá-la de volta ao topo.
Naquela época, Jean Todt começou a fazer essa reestruturação em 1994, identificando as áreas deficientes do time e melhorando-as, uma a uma, e demorou cinco anos para conseguir o primeiro título, o de construtores de 1999, encerrando um jejum de 16 anos.
Binotto se via na mesma missão de Todt, de arrumar a casa. O último título da Ferrari foi o de construtores de 2008 e, de lá para cá, o time só lutou pelo campeonato de pilotos de 2010 e 2012 mais em função da consistência de Fernando Alonso do que pela performance do time em si.
Calmo e implacável, Binotto incomodava os rivais
Trabalhando em cargos técnicos por todo esse período e tendo subido até a chefia do departamento de motores, que colocou nos eixos depois de um começo ruim da Ferrari na era híbrida da F1, em 2014, Binotto foi o escolhido para liderar a equipe antes da temporada de 2019. Ele tinha um perfil bastante diferente dos chefes ferraristas que passaram pela cadeira nos anos anteriores: era um engenheiro e não um homem de negócios, conhecia o time a fundo e sempre se manteve extremamente calmo.
A calma aparente nunca era inércia. Os chefes das demais equipes muitas vezes se incomodavam com a maneira implacável como conseguia proteger os interesses ferraristas nas discussões com a FIA, o que inclusive colaborou para o acordo costurado com a entidade que impediu que a Ferrari fosse punida quando foi descoberto que eles exploravam uma área cinzenta do regulamento de motores ao final de 2019.
Esse episódio fez com que performance do time despencasse e a Ferrari amargou um sexto lugar em 2020. Mas a reestruturação capitaneada por Binotto, iniciada nas divisões de motores e chassi, logo começou a dar resultado e, aproveitando a mudança de regulamento de 2022, a Scuderia voltou a vencer.
Mas o projeto do suíço de origem italiana não previa lutar pelo título em 2022. Ainda havia áreas a serem atualizadas na fábrica e processos a serem revistos na operação de pista, o que ficou evidente em diversos erros de estratégia e pit stops ao longo desta temporada. Da mesma maneira como fez em outros departamentos, Binotto buscava resolver esses problemas sem fazer grandes mudanças no quadro de funcionários.
O CEO da Ferrari, John Elkann, nunca foi exatamente fã de Binotto, mas vinha mantendo certa distância das decisões da equipe de F1 por não ser da área automobilística, o que parece ter mudado nos últimos meses. A não ser que Binotto estivesse resistindo a mudanças ordenadas pelo comando da empresa - o chefe de estratégia, Iñaki Rueda, seria o alvo principal - é difícil encontrar justificativas para uma troca de comando em um momento no qual a Scuderia vem em ascensão.
Em que pese as falhas que custaram vitórias neste ano, o time vem de um sexto, terceiro e segundo lugares no campeonato nos últimos três anos, lutando contra equipes como a Red Bull e a Mercedes, que têm feito o mínimo possível de mudanças em sua estrutura de comando nos últimos anos. Christian Horner está à frente da Red Bull desde 2005 e o projetista-chefe Adrian Newey chegou logo depois. Na Mercedes, Toto Wolff é chefe desde 2013 e as eventuais mudanças no corpo técnico foram feitas internamente, com peças que já estavam na equipe tomando o posto de profissionais que buscam recolocação, como na troca de James Allison por Mike Elliot.
Os rumores apontam que isso não será feito na Ferrari e que a busca é por alguém de fora.
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