Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Nove anos sem notícias já dizem o que precisamos saber sobre Schumacher
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Max Verstappen tinha 13 anos e ainda estava no kart, o hoje heptacampeão Lewis Hamilton só tinha um título, o hoje aposentado Sebastian Vettel tinha acabado de conquistar o tetra. Lá se vão nove anos desde que eu nem estava de plantão entre Natal e Ano-Novo e comecei a manhã escrevendo sobre relatos desencontrados de que Michael Schumacher tinha sofrido um acidente de esqui grave, que talvez não fosse tão grave assim, e que algumas horas depois se tornou uma luta pela vida. Em poucos meses ficou claro que o caminho mais provável para a trágica história seria uma longa espera, muito provavelmente com um final triste.
A espera continua. Nestes nove anos, a família Schumacher protegeu a sete chaves as informações sobre o real estado de saúde do piloto, driblando alguns oportunistas de plantão que diziam ter acesso ao ex-piloto, numa história que teve até suicídio no meio do caminho. O próprio tempo e a falta de qualquer imagem que seja de Michael já dão as informações aos fãs, que podem ficar com as lembranças de um dos maiores pilotos da Fórmula 1, um cara pautado e movido pelo perfeccionismo e que continua tendo grande influência sobre os pilotos e ideias de liderança dentro da categoria.
Outra fonte de informações é Jean Todt, que de fato segue em contato direto com a família Schumacher e tem a confiança deles, como declarou a esposa Corinna ao documentário "La Méthode", da TV francesa Canal+, sobre o trabalho do ex-chefe de Schumacher na Ferrari. "Era divertido ser amigo de Michael no começo. Mas se a maré vira e de repente alguém não consegue mais fazer as mesmas coisas, você vê quem são seus amigos. E Jean é um dos poucos."
Todt é um dos pouquíssimos que visita Schumacher. Seu ex-companheiro de Ferrari Eddie Irvine disse ter tentado marcar uma visita e ouviu que apenas a família ou pessoas muito próximas podem vê-lo. E Todt dá alguns retratos vagos, dizendo que assiste às corridas com Michael eventualmente e que ele está "sendo cuidado pelas melhores mãos".
Como pergunta sobre esqui acabou com primeira entrevista de Mick Schumacher
Com o tempo, fomos percebendo que não precisamos saber muito mais do que isso. E esse foi um sentimento que já tinha se espalhado entre os jornalistas quando o filho de Michael, Mick Schumacher, começou a frequentar o paddock da F1 em 2019, ano em que estreou na F2.
Para quem não tinha entendido muito bem o que isso significava, lembro como se fosse hoje da primeira coletiva de Mick quando ele chegou na F2, no Bahrein. Um colega holandês queria saber da relação dele com Max Verstappen, uma vez que as famílias eram próximas quando ambos nasceram. Mas ele perguntou se lembra de ir esquiar com Max, menção que fez a assessora acabar com a entrevista e o bolinho de jornalistas se dispersar quase em descrença pelo que tinham ouvido.
Nos dois anos em que foi titular na F1, Mick driblou com respostas evasivas qualquer tentativa de tirar alguma declaração sobre o pai ou mesmo sobre a família. E sempre foi muito cuidadoso até a falar sobre seus sentimentos.
Corinna apareceu algumas vezes no paddock, acompanhando o filho e os cachorros da família com um motorhome nas provas mais próximas de onde moram, na Suíça, assim como Gina Maria. Ela inclusive estava lá, jogando champanhe no irmão, quando Mick fez uma ótima corrida no GP da Grã-Bretanha e pontuou pela segunda vez na carreira. Ambos fizeram questão de manter-se fora dos holofotes.
O piloto foi mais acompanhado pela empresária Sabine Kehm, que começou como assessora de imprensa de Michael e depois também se tornou empresária do pai de Mick, com quem manteve relação muito próxima.
Sem lugar entre os titulares no grid da F1 em 2023, Mick acabou repetindo o caminho do pai e passou de protegido da Ferrari a piloto Mercedes, assinando para ser reserva e piloto de teste em 2023. Nove anos depois de ser aquele que viu o acidente do pai de perto, quando ainda era adolescente.
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