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Hamilton relembra racismo sofrido na escola: 'Atiravam bananas em mim'

Lewis Hamilton, da Mercedes, anda no paddock do Autódromo de Interlagos na sexta-feira do GP de São Paulo de Fórmula 1, Brasil. 11/11/2022 - Mark Thompson/Getty Images
Lewis Hamilton, da Mercedes, anda no paddock do Autódromo de Interlagos na sexta-feira do GP de São Paulo de Fórmula 1, Brasil. 11/11/2022 Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

24/01/2023 05h47

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Lewis Hamilton deu detalhes dos ataques racistas que classificou de "traumatizantes" sofridos na época em que estava na escola. O heptacampeão mundial de Fórmula 1 disse que seus colegas atiravam bananas e se referiam a ele com termos racistas.

As declarações foram dadas ao podcast "On Purpose", do britânico ex-monge Jay Shetty.

"A escola foi a época mais traumatizante e difícil da minha vida. Eu já sofria bullying aos seis anos de idade. Naquela escola em particular, eu era uma das três crianças pretas e os garotos maiores, mais fortes e agressivos me provocavam o tempo todo".

O piloto lembrou que sempre era o último a ser escolhido em atividades escolares, "mesmo se eu fosse melhor que os outros".

Hamilton tem 38 anos e foi nascido e criado em Stevenage, ao norte de Londres. Ele é filho de mãe inglesa e pai de origem caribenha, da ilha de Granada. "Os golpes constantes, as coisas que são jogadas em você, como bananas, ou pessoas que usariam palavras racistas de maneira relaxada. Pessoas chamando você de mestiço e você sem saber onde se encaixa. Quando eu estudava história, não havia pessoas pretas na história que eles estavam nos ensinando. E eu pensava 'onde estão as pessoas como a gente?'."

Na adolescência, Hamilton disse que começou a sentir que não era tratado da mesma maneira até pela escola. "Na minha escola secundária (que recebe, na Inglaterra, alunos de 11 a 16 anos) havia seis ou sete crianças pretas entre 1.200 alunos, e três de nós estávamos sempre sendo mandados para a sala do diretor. Ele pegava no nosso pé, principalmente no meu", contou.

"Senti que o sistema estava contra mim e eu estava nadando contra a maré. Havia muitas coisas que guardei comigo. Eu não achava que poderia ir para casa e dizer aos meus pais que as crianças continuaram se referindo a mim com palavrões ou que tinha sido intimidado ou espancado na escola, não queria que meu pai pensasse que não era forte."

Hamilton inclusive passou a praticar caratê e se tornou faixa preta nessa época justamente para conseguir se defender dos ataques que recebia na escola.

Aos 16 anos, o piloto finalmente descobriu que era disléxico, o que afetava sua capacidade de aprendizado na escola. "Felizmente eu cruzei com um professor que se importava e que me ajudou a descobrir um pouco mais sobre mim mesmo, como posso ser melhor por meio da educação."

Nesta época, contudo, Hamilton já colecionava títulos no kart e, aos 22 anos, chegou à Fórmula 1, pela McLaren. No ano seguinte, foi campeão do mundo pela primeira vez. E, agora, se prepara para a temporada de 2023. Sua equipe, a Mercedes, vai lançar o carro deste campeonato dia 15 de fevereiro. O campeonato começa com o GP do Bahrein dia 5 de março.

Fora das pistas, ele criou a Mission 44 - que visa melhorar a vida de pessoas de grupos minoritários - e a Ignite que, em conjunto com a Mercedes, procura promover a diversidade e a inclusão no automobilismo.