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Com 3 GPs, piloto, Netflix e investimento bilionário, F1 mira fisgar os EUA
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Três GPs, sendo um deles pago com dinheiro do próprio bolso, um piloto, a possibilidade de ter uma segunda equipe e uma casa. A Fórmula 1 nunca apostou tão alto em conquistar os Estados Unidos. E, falando em aposta, o centro de toda essa ofensiva é em Las Vegas, que vai voltar ao calendário em grande estilo na temporada que começa neste final de semana no Bahrein.
É até estranho falar em volta a Las Vegas, tamanha a diferença da prova disputada no estacionamento do hotel Caesars Palace nos idos de 1982, quando a F1 também teve três corridas nos EUA e também tinha piloto americano no grid. Desta vez, a categoria comprou um terreno com área equivalente a 39 campos de futebol em plena Vegas para construir os boxes e criar no futuro uma área de entretenimento para fãs.
A busca é aproveitar o momento construído principalmente pelas decisões tomadas no início da gestão da Liberty Media no esporte. O conglomerado norte-americano comprou a F1 em 2016 e, na época, tinha uma gestão com vários americanos que não eram do esporte no comando. Foi ali que surgiram duas ideias centrais: levar a categoria para a ESPN, mesmo que fosse de graça. E conseguir um contrato com a Netflix para mostrar os bastidores do esporte.
A Liberty então ofereceu um contrato bastante vantajoso para a ESPN, que usa a transmissão britânica, ou seja, não tem custos de produção, e leva o produto de graça. Em troca, passa as corridas sem comerciais, algo raro nos EUA.
No mesmo ano, em 2018, a F1 fechou um contrato de um ano com a Netflix. A série Dirigir para Viver fez tanto sucesso que a sexta temporada será filmada ao longo desta temporada.
Audiência da F1 nos EUA quase triplicou em quatro anos
Esses dois fatores levaram a audiência da F1 nos EUA a patamares difíceis de se imaginar há poucos anos. A audiência média por corrida aumentou de 547 mil em 2018 para 1,4 milhão em 2022.
É bem verdade que os números ainda são tímidos em comparação até com outras categorias do automobilismo. A NASCAR vem perdendo popularidade nos EUA, mas ainda assim passa fácil dos 3,5 milhões de espectadores em média. Por outro lado, o horário matutino da maioria dos eventos da F1 não ajuda em termos de audiência.
Esse é um dos motivos para a categoria agora ter três corridas em solo norte-americano. Austin já estava no calendário desde 2012 e ganhou ano passado a companhia de Miami, quase uma obsessão da Liberty Media desde que eles assumiram a categoria. E agora Las Vegas, que estreia em novembro.
A prova é uma grande aposta e um grande risco para a F1, que assumiu a promoção da corrida. Em todos os outros eventos, a categoria cobra uma taxa (sempre acima de US$ 25 milhões por ano para GPs fora da Europa) e o risco de prejuízo fica com o promotor. Em Vegas, a F1 não só está "colocando a mão na massa", como também desembolsou R$ 1,248 bilhão (US$ 240 milhões) pelo terreno que vai receber os boxes.
Claro que era preciso encontrar um piloto para personalizar o sonho americano, e Logan Sergeant vai estrear na Williams neste ano. Curiosamente, ele só teve essa chance por ter feito praticamente toda a carreira na Europa, saindo de Miami aos 12 anos justamente para focar na F1 ao invés das categorias americanas.
Desde 2016, a F1 tem a equipe Haas no grid, mas apenas uma parcela da parte administrativa do time é nos EUA. O restante é dividido entre a Inglaterra e a Itália. Michael Andretti está tentando mudar isso, e avalia todas as possibilidades para entrar no grid ou como um time novo, ou comprando uma equipe (e a AlphaTauri está potencialmente à venda). As tentativas de Andretti, no entanto, não encontraram tanto apoio quanto era de se esperar. Pelo menos por enquanto.
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