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Após aumento de 30% nas ultrapassagens, F1 quer o fim das manobras fáceis

Max Verstappen ultrapassa Charles Leclerc na abertura da nona volta do GP de Miami - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen ultrapassa Charles Leclerc na abertura da nona volta do GP de Miami Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

Colunista do UOL

02/03/2023 04h00

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Pegar o vácuo, escolher o lado, e ver quem freia mais dentro da curva e emerge na frente. Quem sabe até não dá para decidir na primeira curva, e o piloto muda a trajetória para tentar na seguinte, e na próxima. É desse tipo de ultrapassagem que a Fórmula 1 está atrás e é por isso que a categoria fará ajustes neste ano, começando já pela etapa de abertura, no Bahrein, neste fim de semana.

Os ajustes são nas zonas de DRS, visando se livrar das ultrapassagens fáceis que vimos no ano passado, o primeiro após uma revisão extensa dos carros justamente para permitir mais disputas entre os pilotos. Essa necessidade era esperada: primeiro era preciso fazer com que os carros gerassem menos turbulência. Se as mudanças dessem certo, isso ia significar que as zonas de DRS teriam que ser encurtadas.

Em 2022, a F1 teve 30% mais ultrapassagens que no ano anterior: 785 contra 599 nas mesmas 22 corridas de 2021. E os pilotos aprovaram o novo carro. "Com os carros velhos não dava para seguir o rival de perto, e a degradação do pneu era muito alta, então nada acontecia", lembra Sergio Perez. Além dos carros, os pneus também mudaram para sofrerem menos superaquecimento.

Mas é bem verdade que nem todas essas ultrapassagens foram das mais emocionantes. Algumas delas pareciam gols sem goleiro. E é isso que a F1 vai buscar corrigir em 2023.

Mudanças começam já na primeira corrida do ano

O palco da primeira corrida segue tendo três zonas de ativação da asa móvel. No entanto, a zona da reta dos boxes vai começar 80 metros mais para frente em relação ao ano passado. Isso significa que o piloto que está com o DRS ativado terá menos tempo para tentar chegar no rival antes da freada da curva 1.

A FIA não divulgou ainda os números, mas também haverá mudanças na zona de DRS da segunda etapa do campeonato, na Arábia Saudita. Em Jedá, há duas zonas seguidas, então os pilotos até evitam fazer a ultrapassagem na primeira para ter a vantagem da asa móvel duas vezes. E aí fica quase impossível defender.

Isso já era uma questão na estreia da pista saudita, em 2021. O primeiro GP por lá teve 27 ultrapassagens e o segundo, em 2022, teve 27. Já no Bahrein, o efeito do novo carro foi bastante significativo: a prova pulou de 55 ultrapassagens em 2021 para 78 no passado.

Para esta temporada, a F1 aceita que, às vezes, menos é mais. "Não queremos ultrapassagens inevitáveis ou fáceis demais", reconheceu o chefe de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis. "Tem que ter uma disputa. Precisamos encontrar um equilíbrio.

Outras provas com alterações no DRS neste ano são Miami e Baku. Mas nem em todos os casos a zona de asa móvel vai diminuir. No GP da Austrália, terceira corrida do campeonato, a quarta zona de DRS estará de volta. Ela tinha deixado de ser usada ano passado depois de mudanças no traçado, que visavam justamente promover mais ultrapassagens.

Estas mudanças funcionaram. Em 2019, a corrida teve apenas 12 manobras. Em 2022, quando voltou a ser realizada após a pandemia, foram 34. Mesmo assim, a avaliação é de que a zona adicional não afetaria tão negativamente as disputas.

O DRS é um dispositivo que começou a ser usado em 2011 como uma espécie de remédio para ajudar nas ultrapassagens depois que um regulamento focado nisso tinha falhado na tarefa de gerar mais disputas, dois anos antes. Quando um piloto passa pela zona de detecção a menos de um segundo do rival, ele pode apertar um botão no volante que muda o ângulo da sua asa traseira, gerando menos resistência ao ar e mais velocidade, de 10 a 12km/h, dependendo da pista. A asa se fecha quando o piloto pisa no freio.

Os treinos livres para o GP do Bahrein começam nesta sexta-feira, com sessões às 8h30 da manhã e às 12h pelo horário de Brasília.